Nesta sexta-feira, o bitcoin, principal criptomoeda, caiu abaixo da barreira de US$ 40 mil. “O bitcoin permanece na zona de perigo e, se quebrar abaixo dos US$ 37 mil, não há muito suporte até o nível de US$ 30 mil”, analisa o analista de mercado financeiro da Oanda, Edward Moya.
As criptomoedas tiveram uma semana ruim, seguindo o que aconteceu no mercado de ações, que anda fraco com a perspectiva de alta nos juros norte-americanos.
A correlação de criptoativos com participações tradicionais, como ações, aumentou significativamente após a pandemia, o que limita seus benefícios percebidos de diversificação de risco e aumenta o risco de contágio nos mercados financeiros, de acordo com pesquisa do Fundo Monetário Internacional (FMI).
O valor de mercado desses novos ativos subiu para quase US$ 3 trilhões em novembro, de US$ 620 bilhões em 2017. Esta semana, a capitalização de mercado combinada recuou para menos de US$ 2 trilhões, ainda que represente um aumento de mais de 3 vezes desde 2017.
Antes da pandemia, bitcoin, ether e outros apresentavam pouca correlação com os principais índices de ações. Mas isso mudou. Os retornos do bitcoin não se moviam em uma direção específica com o S&P 500, o índice de ações de referência para os Estados Unidos, entre 2017 e 2019. O coeficiente de correlação de seus movimentos diários era de apenas 0,01, mas essa medida saltou para 0,36 em 2020-21, à medida que os ativos se moviam mais em sincronia, subindo ou caindo juntos.
A correlação com ações tornou-se maior do que entre ações e outros ativos, como ouro e principais moedas. Isso permite a transmissão de choques que podem desestabilizar os mercados financeiros, alerta o FMI. “Nossa análise sugere que os ativos criptográficos não estão mais à margem do sistema financeiro”, explicam economistas do Fundo, representando riscos para a estabilidade financeira, especialmente em países com ampla adoção de criptomoedas.
“Portanto, é hora de adotar uma estrutura regulatória global abrangente e coordenada para orientar a regulamentação e supervisão nacionais e mitigar os riscos de estabilidade financeira decorrentes do ecossistema de criptomoedas”, defendem os especialistas do FMI.