A recessão norte-americana, a guerra da Rússia contra a Ucrânia, as dificuldades energéticas europeias e a baixa do mercado imobiliário chinês deverão impactar positivamente o Brasil em 2023, conforme aponta o boletim mais recente da WNN Consultoria Financeira, em Bauru. A expectativa, inclusive, é de que essa crise internacional segure a inflação e aumente o crescimento brasileiro em 1%, superando a meta de 0,47% para o ano que vem.
CEO da WNN, João R. Lanza explica que o país terá, em 2023, um déficit fiscal já empenhado pelo governo atual de R$ 63,7 bilhões. O Auxílio Brasil, mesmo caindo de R$ 600 para R$ 405, contribuirá para o rombo fiscal do ano que vem, já que há 21,6 milhões de famílias aptas a receber esse benefício.
Entretanto, o empresário ressalta a prorrogação dos impostos federais sobre os combustíveis para 2023, fazendo com que a inflação do próximo ano caia de 5,3% para 5,27%, segundo a Pesquisa Focus, realizada pelo Banco Central (BC) em parceria com economistas e instituições financeiras para entender o movimento do mercado. “Se o Estado mantiver os juros altos e reduzir os impostos federais sobre os combustíveis, talvez, durante 2023 inteiro, a inflação fique dentro da meta e nós teremos um impacto significativo no consumo brasileiro”.
O executivo explica melhor essa expectativa: “a Europa passa por dificuldades tamanhas, provocadas, principalmente pela guerra da Rússia contra a Ucrânia, que o Banco Central aumentou a taxa de juros após 11 anos sem qualquer intervenção nesse sentido”, acrescenta.
Segundo ele, a China, por sua vez, demonstra, no mercado imobiliário, uma baixa muito forte, colocando o país em um crescimento menor do que o esperado. “Logo, alguns preços de commodities, em especial o do aço, serão afetados em um patamar que poderá contribuir para uma insegurança inflacionária no setor da construção civil”, comenta.
Já os EUA, de acordo com Lanza, estão em estado de alerta, com 94% de chance de ter uma paralisação do mercado. “Todos esses fatores internacionais deverão beneficiar o Brasil, que poderá receber uma enxurrada de capital estrangeiro”, prevê.
Lanza constata, ainda, que haverá uma queda significativa do dólar em relação em real em 2023. “Nós dependemos muito do mercado internacional e esse fator poderá fazer com que os preços dos produtos importados caiam, atingindo a meta da inflação ainda mais rápido”, diz.
Portanto, o CEO da WNN enxerga um cenário positivo para o Brasil em 2023, independente do governo. “Qualquer presidente que assumir o poder será beneficiado por esse movimento de mercado”, conclui.
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