Alô, ministro Tarso Genro: a lei que obriga as empresas que possuem call centers a respeitarem seus clientes completou um mês, nessa quarta-feira, com a maioria das empresas, principalmente, as de telefonia celular e de TV a cabo, ignorando seu cumprimento. Vai ter multa ou vamos ficar no ora veja?
Lá
A título de comparação, há 15 anos, um grupo de brasileiros que visitava a Áustria foi informado por um guia local que uma empresa fora autuada porque, entre 200 empregados, cinco eram imigrantes albaneses que trabalhavam sem registro. Do flagrante, resultou multa correspondente a 1% do faturamento anual da companhia e a proibição de participar de licitações públicas por dois anos. Diante do espanto dos brasileiros pela assimetria entre a multa e a ilegalidade, o guia foi didático: “É desproporcional mesmo, para desestimular qualquer tentativa de burlar a lei.”
Factóide básico
Os responsáveis pelo marketing dos cem primeiros dias do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSDB), poderiam incluir entre as ações midiáticas de segundo grau, uma bastante simples: a volta dos guardas municipais aos sinais de trânsito. Desde que o então prefeito Cesar Maia (DEM) assumiu mediante convênio com o estado a função – que, nas mãos da PM, funcionava a contento – trafegar em certas áreas do Rio, como o Centro, virou um teste de paciência diante de engarrafamentos evitáveis pela simples presença de uma autoridade capaz de impedir, por exemplo, a ação de motoristas que fecham cruzamentos.
Dois anos depois…
Já que jornalistas com alguma memória identificaram que as primeiras ações midiáticas de Eduardo Paes remetem às perpetradas pelo governador do Rio e seu padrinho político, Sérgio Cabral (PMDB), no início do governo, fica faltando a segunda parte. Que tal voltar aos mesmos lugares visitados por Cabral, no início de 2007, como o Hospital Getúlio Vargas, na Penha, no qual governador, indignado com a demora no atendimento a um paciente que aguardava num corredor da unidade de saúde, demitiu o então diretor, Sebastião Neves, que ficou apenas um dia no cargo. Não vale a pena contar ao leitor como andam as condições no Getúlio Vargas?
Maus samaritanos
Saiu a edição em português do livro Maus samaritanos. O mito do livre comércio e a história secreta do capitalismo (Editora Campus-Elsevier), do economista coreano Ha-Joon Chang, professor da Universidade de Cambridge. Chang afirma que países, junto com instituições internacionais como o FMI, a OMC e o Banco Mundial, criam empecilhos para que as nações em desenvolvimento atuem com mais competitividade no comércio internacional. “Os maus samaritanos impõem políticas macroeconômicas sobre os países em desenvolvimento que restringem seriamente sua habilidade de investir, crescer e criar empregos no longo prazo”, diz Chang, que menciona o Brasil algumas vezes no livro.
Marcos de Oliveira e Sérgio Souto