Em nota, a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi) criticou o estudo, sobre a presença de alto teor de álcool nas formulações de algumas marcas de pães de forma, e suas conclusões. A associação reafirma seu compromisso com a qualidade e a segurança dos alimentos oferecidos à população brasileira.
Afirma que em nome da transparência e responsabilidade da entidade com as indústrias e com os seus consumidores, “a Abimapi ressalta que não concorda com as conclusões apresentadas no Relatório Técnico e Mercadológico divulgado pela Proteste – que publicou o estudo sem consultar o setor envolvido, causando forte temor popular – devido às inúmeras incoerências identificadas na análise em questão, tais como:
1. Metodologia analítica:
- Falta de metodologia: como não há uma metodologia oficial normatizada para ser utilizada como referência (matriz pão), gostaríamos de saber qual metodologia validada na base de pão de forma foi empregada nas análises – já que não há nenhum tipo de menção da metodologia empregada no documento. Foi mencionado apenas a técnica de análise e não uma metodologia acreditada por um órgão competente.
- Amostragem: não foi relatada se houve repetibilidade e reprodutibilidade nas análises. Foram realizadas duas séries de análises com lotes diferentes, mas a primeira série não foi considerada devido à falta de segurança nos resultados. Resultados em lotes diferentes não significa duplicata de análise. A indústria não teve oportunidade de avaliar contraprovas, pois os lotes já estavam vencidos no momento da publicação.
- Dados distorcidos: foram apresentados Limites de Detecção para análise de álcool em pães de forma pelo Proteste; no entanto, muitos valores para diferentes marcas estavam abaixo desse limite. Como foram quantificados os valores abaixo do limite de detecção?
- Resultados comprometidos: não há evidências de que as análises foram realizadas em duplicidade, um procedimento crucial para garantir a veracidade dos resultados, o que compromete a representatividade analítica.
2. Correlação crítica:
- Normas não esclarecidas: na conclusão, a Proteste comparou seus resultados com valores descritos em legislações de bebidas alcoólicas, sem estabelecer relação do possível álcool presente em alimentos e o álcool das bebidas alcoólicas.
- Conclusões incoerentes: os resultados do teor alcoólico nos pães de forma foram comparados com o teste de bafômetro, sem considerar a ingestão dos pães. A comparação foi feita apenas por uma regra de três, o que é inadequado.
3. Transparência:
- Dados sem referência temporal: não há menção da data da primeira análise, tampouco da data de validade dos produtos utilizados na amostra, dificultando a verificação da validade e atualidade dos resultados.
- Referências questionáveis: alguns dos textos citados como referências ao longo da pesquisa não podem ser considerados confiáveis, uma vez que não apresentam detalhes das fontes mencionadas.
- Assinatura do responsável: a pesquisa é assinada por um profissional que não apresenta o número de registro no CREA. A Abimapi entende que é vital que qualquer análise seja conduzida por um profissional ou entidade devidamente credenciado e autorizado pelos órgãos competentes.
Por fim, a Abimapi reafirma seu compromisso com o público e segue à disposição para colaborar com as autoridades e os órgãos competentes, garantindo a máxima transparência e precisão das informações de seus produtos e processos.”
Estudo da Proteste
A Proteste | Euroconsumers-Brasil, Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, realizou um estudo inédito no Brasil e identificou a presença de alto teor de álcool nas formulações de algumas marcas de pães de forma mais consumidas pelos brasileiros. A avaliação testou dez marcas líderes de vendas: Visconti, Bauducco, Wickbold 5 Zeros, Wickbold Sem Glúten, Wickbold Leve, Panco, Seven Boys, Wickbold, Plusvita e Pullman.
As análises constataram que 60% dos produtos de alta representatividade nas gôndolas do supermercado seriam considerados alcoólicos caso houvesse uma legislação similar para essa categoria. Apenas os produtos Pulmann e Plus Vita foram aprovados em todas as avaliações realizadas.
“Embora a legislação brasileira permita o uso de algumas substâncias nos alimentos, é necessário que algumas normas sejam revistas para assegurar que o etanol residual não cause problemas aos consumidores”, afirma o diretor executivo da associação, Henrique Lian.
Segundo o relatório da Proteste é possível supor que consumir apenas duas fatias das amostras analisadas das marcas Visconti, Bauducco e Wickbold 5 zeros, poderia resultar em uma leitura positiva no bafômetro. Uma vez que, de acordo com índices do Detran, a quantidade segura de álcool no organismo seria abaixo de 3,3g.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda um consumo anual de 60 kg de pão por pessoa, equivalente a seis fatias diárias, e, levando em conta a amostra analisada, isso pode ser considerado uma grande quantidade de álcool no sangue. Quando observados alguns grupos específicos, como grávidas e lactantes, é preciso que eles tenham consciência e conhecimento que alguns produtos contêm álcool. A ingestão contínua em doses altas pode causar problemas de memória e desenvolvimento, como a síndrome alcoólica fetal (SAF).
Lian explica ainda que a presença de etanol em alimentos não alcoólicos, sem identificação, é algo grave e que deve ser trazido em discussão.
“Temos a certeza de que esses produtos com elevado teor alcoólico (para a categoria pão de forma) seriam evitados por numerosos consumidores – seja por motivos de saúde, orientação religiosa e outros – se fosse de seu conhecimento o que pudemos constatar com rigoroso teste realizado em laboratório devidamente acreditado, envolvendo amostras das principais marcas vendidas no Brasil. Por isso, criamos a campanha ‘Se tem Álcool, todo mundo tem direito de saber’, porque é nossa obrigação sermos mais transparentes com os consumidores”, defende.
É de conhecimento público que a fabricação de pães envolve fermentação, onde os açúcares da massa são transformados em álcool etílico e gases. Grande parte desse álcool evapora no forno, porém algumas indústrias diluem conservantes na substância para evitar o mofo e garantir a integridade do pão. Tais aplicações, se exageradas, resultam em teores elevados de etanol no produto final.
Advertência alcoólica
A análise aponta ainda, que se os produtos Visconti, Bauducco, Wickbold 5 zeros, Wickbold Sem Glúten, Wickbold Leve, Panco, Seven Boys e Wickbold fossem medicamentos fitoterápicos, seriam considerados dignos de advertência alcoólica, caso houvesse uma legislação similar para esta categoria, uma vez que ultrapassam níveis de dose de álcool permitida para crianças.
A partir da descoberta, a Proteste enviou um ofício com os resultados do teste para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), sugerindo estabelecimento de percentual máximo de álcool (por exemplo, 0,5% pelos balizadores apresentados no relatório) e a programação de ações de fiscalização quanto aos teores de agentes conservantes anti-mofo e o teor de álcool, após a regulamentação.
Matéria editada para incluir a nota crítica da Abimapi sobre os resultados do estudo da Proteste.
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