Da série privatização rima com inflação. O gasto com energia elétrica já é a segunda maior despesa do setor hoteleiro, atingindo até 25% do faturamento. Esse percentual é superado apenas pela folha de pagamento dos funcionários. Como a grande maioria dos pequenos e médios hotéis não possui gerador próprio, a cobrança da sobretaxa de 200% sobre o consumo que exceder a cota baixada pelo governo se tornou uma ameaça ao setor mais grave que chuva em véspera de feriado prolongado. Para tentar sensibilizar o governo para as agruras dos hoteleiros, o presidente da a Associação Nacional de Hotéis (Abih-Nacional), Herculano Iglesias, tenta agendar reunião com o ministro da Energia, José Jorge. Como o foco do tucanato em matéria de turismo, assim como nos demais itens, está no exterior, Iglesias corre o risco de falar para as paredes.
Espelho
O estaleiro escocês BAE Systems, após ter recebido encomenda do Ministério de Defesa britânico para a construção de dois destróieres, anunciou o corte de 1.150 postos de trabalho nas cidades de Govan e Scotsoun. E o governo inglês é trabalhista. Imagina-se o que ocorreria se fosse conservador.
O que ocorreu lá não é novidade para os brasileiros. Aqui o BNDES concede generosos financiamentos para investimentos de ex-estatais que se especializaram em demitir trabalhadores.
Sem solicitar
Apesar de proibida após termo assinado entre governo e administradoras, a distribuição de cartões de crédito a consumidores que não pediram continua. O Unibanco está enviando a clientes do plano de milhagem Smiles, da Varig, cartão com a bandeira Visa. Quem ativar o cartão e pagar a anuidade recebe 3 mil milhas e acumula milhagem a cada compra feita; quem não aceitar a oferta, usa o cartão apenas como identificação do Smiles. Nestes tempos de violência e sequestro-relâmpago, um risco e tanto. Até o ladrão se convencer de que aquele pedaço de plástico se destina apenas a acumular milhas e não dá direito a saque em bancos 24 horas, a vítima já terá passado maus bocados.
À meia luz
Enquete da consultoria Boucinhas & Campos realizada, em junho, em seu site (www.boucinhas.com.br) apontou que 68,5% dos internautas ouvidos esperam reduzir o consumo de energia até a meta imposta pelo governo. Desse total, 51% substituíram equipamentos como lâmpadas e aquecedores, além de reduzir seu tempo de utilização. Já 14%, apesar de substituírem equipamentos, não esperam atingir as metas, enquanto 17,5% nem trocaram equipamentos nem esperam atingir as cotas de consumo.
Buzinadas
A advertência recebida em primeira página pelo governador Anthony Garotinho inverte famoso bordão popularizado por Chacrinha. Ao contrário do Velho Guerreiro, Garotinho está aprendendo na própria pele que “quem comunica demais se trumbica”.
Lobby
A decisão dos Estados Unidos de rebarbarem a assinatura do Tratado de Kyoto, que prevê a redução da emissão de gás carbono, continua sendo alvo de críticas. Durante a reunião da Câmara Técnica de Mudanças Climáticas do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, o presidente da Agência Espacial Brasileira, Luis Gylvan Meira Filho, previu que os EUA, responsáveis por 36% das emissões de carbono entre os países desenvolvidos, não voltarão atrás em sua decisão, devido ao risco de perda de competitividade de seus produtos. “O custo de mexer na matriz energética é muito grande. Após a Rio 92, aumentou a emissão de carbono, ao invés de diminuir, como previsto no acordo.”