CVM abre outro processo contra a Petrobras

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Plataforma P-70. Agencia: Petrobras
Plataforma P-70 (foto Agência Petrobras)

Nesta terça-feira, depois da interferência política no comando da Petrobras, as ações da companhia tiveram as maiores altas da bolsa brasileira. Às 13h20, as ações ON da petroleira subiam 8,45% e as PN, 10,49%. Mas os impactos da declaração do presidente Jair Bolsonaro continuam afetando a estatal. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) voltou nesta terça-feira a abrir processo contra a Petrobras. Conforme registro no website do regulador do mercado de capitais, o processo foi aberto pela superintendência de relações com empresas, após a reclamação de um investidor.

A decisão da CVM encontra respaldo em lei. Pela lei societária, empresas listadas em bolsa como a Petrobras devem comunicar informações importantes por meio de um fato relevante, o que não aconteceu. Além disso, mudanças dos principais executivos das empresas devem ser aprovadas pelo conselho de administração, o que também ainda não houve. A informação foi divulgada pelo Money Times.

Na segunda-feira, a CVM abriu investigação envolvendo a estatal após notícias sobre a troca no comando da companhia. Em um post nas redes sociais na sexta-feira à noite, o presidente Jair Bolsonaro anunciou que o governo decidiu indicar o general Joaquim Silva e Luna para assumir como conselheiro e presidente da Petrobras após o encerramento do ciclo do atual presidente da companhia, Roberto Castello Branco. O fato fez a estatal perder bilhões em valor de mercado (quase R$ 80 bilhões) e mais de 20% no preço das ações na segunda-feira.

As ações ordinárias (PETR3) caíram 20,48%, a R$ 21,55, e as preferenciais (PETR4) tinham baixa de 21,51%, a R$ 21,45. De acordo com levantamento da Economiática, com a queda as ações, a Petrobras perdeu em poucas horas quase R$ 75 bilhões em valor de mercado. Na última sexta, a empresa já havia perdido R$ 28 bilhões.

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Opinião

Para João Beck, economista e sócio da BRA, a interferência do governo no comando da Petrobras teve um impacto muito forte no mercado, o que foi comprovado com a queda da Ibovespa e de ações ligadas ao governo.
“A forma como a indicação aconteceu foi muito superficial. Trocar já seria ruim, mas da forma como aconteceu, foi ainda pior. O mercado sentiu falta também logo na sexta-feira de uma declaração do ministro da economia, Paulo Guedes. Os investidores desde sempre acreditaram que o governo Bolsonaro não faria esse tipo de intervenção. Então, o impacto foi maior porque o mercado não esperava isso”, diz.
Para Rossano Oltramari, estrategista e sócio da 051 Capital, o clima traz uma insegurança ainda maior, pois pode passar a imagem de que o governo pode continuar fazendo intervenções. “O clima não é nada agradável. Esse viés de intervenção passa uma imagem muito negativa ao mercado. Hoje está intervindo na Petrobras, amanhã pode ser na Eletrobras ou Banco do Brasil”, afirma.

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