Home Opinião do Analista De olho nos debates nos EUA, mercados internacionais operam mistos

De olho nos debates nos EUA, mercados internacionais operam mistos

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O que pode impactar o mercado hoje – O Ibovespa fechou em leve queda de 0,28% nesta quinta-feira aos 99.054 pontos acompanhando as bolsas internacionais. As altas de siderúrgicas e de frigoríficos ajudaram a reter a queda do início do pregão de ontem. O dólar comercial terminou o dia em alta de 0,39% a R$ 5,61. As taxas futuras de juros encerraram ontem em alta, após dias em queda. Contribuíram para o movimento a aversão ao risco externa e o leilão do Tesouro Nacional, com grande oferta de títulos prefixados longos e de títulos pós-fixados. DI janeiro de 2021 fechou em 1,97%; DI janeiro de 2023 encerrou em 4,65%; DI janeiro de 2025 foi para 6,54%; DI janeiro de 2027 fechou em 7,48%.

Nos mercados internacionais, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que apoiaria pacote de estímulo econômico com impacto maior que USD 1,8 trilhões, valor do último projeto proposto à democrata Nancy Pelosi. No entanto, o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, rejeitou a ideia por falta de apoio na Câmara Alta.

Na seara eleitoral, Trump e Joe Biden participaram de "town halls" (eventos em que candidatos recebem perguntas dos eleitores) após o cancelamento de segundo debate presidencial. O republicano adotou um tom mais moderado e teve melhor desempenho que no debate presidencial, apesar de mostrar dificuldade em responder questões sobre saúde, suas dívidas e seu imposto de renda ou se havia feito teste para Covid-19 no dia do último debate.

Biden, que não se destaca na oratória, teve alguns tropeços, mas soube responder a maioria das perguntas dos eleitores de forma adequada, detalhando planos para a pandemia, saúde, justiça racial e meio ambiente – inclusive salientando a importância da Amazônia para conter o avanço de mudanças climáticas, mais uma vez. No todo, acreditamos que os eventos não devem afetar a dinâmica eleitoral – o que tende a ser positivo para quem já está na liderança. Ou seja, uma oportunidade perdida pelo presidente dos EUA para mudar a direção da disputa.

No Brasil, a semana esvaziada de recesso informal no Congresso termina e, como esperado, sem grandes definições sobre os temas que consumiam a atenção no início de outubro. Ainda assim, o noticiário registra movimentos do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para dar tração à PEC que trata da regulamentação do teto de gastos e da criação do programa de transferência de renda, que deve voltar à discussão de forma mais efetiva apenas após o período eleitoral.

Na economia, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) contraiu 3,9% a/a em agosto, influenciado negativamente pela performance do setor de serviços e positivamente pela indústria e pelo varejo. O resultado frustrou as nossas expectativas (-3,0%), mas é compatível com a nossa revisão de crescimento de +7,8% do PIB no 3T20.

No noticiário, seguem as preocupações sobre o financiamento do Tesouro Nacional. Um detalhamento dos vencimentos dos primeiros quatro meses de 2021, com base nas emissões dos últimos meses, indica que o total de dívida a vencer entre janeiro e abril atinge R$ 643 bilhões – o equivalente a 15,4% do total da dívida mobiliária interna. A situação reflete a estratégia do Tesouro de emissões mais curtas, o que gera incerteza no caso da necessidade de maior rolagem de volumes no curto prazo diante de alta volatilidade no mercado de juros.

Ainda em economia, jornais destacam a possível desistência por parte de Paulo Guedes da implementação de um novo imposto digital de base ampla.

Do lado de empresas, a Tenda (TEND3) e EZTec (EZTC3) publicaram suas prévias operacionais referente ao 3T20. A Construtora Tenda (TEND3) apresentou forte desempenho operacional com os números de lançamentos, vendas e unidades transferidas quebrando recordes históricos da companhia, o que reforça nossa visão de resiliência da demanda por unidades habitacionais do Minha Casa, Minha Vida e do segmento de baixa renda. Ainda, a EZTec (EZTC3) reportou melhores resultados operacionais com o número de vendas apresentando os primeiros sinais de recuperação após resultados mais fracos no trimestre anterior (2T20).

Pelo lado das commodities, os preços de celulose de fibra curta na China tiveram alta na semana (+US$ 1,53/t), para US$ 451,48/t. No longo prazo, acreditamos que os níveis de preço atuais não sejam sustentáveis, na medida em que se encontram há muito tempo abaixo do custo marginal (~US$ 500/t, em nossa opinião). Adicionalmente, esperamos que uma recuperação da demanda na China seja gatilho para um movimento de recomposição de estoques.

Além disso, publicamos ontem um relatório sobre os efeitos das eleições americanas na agenda ESG dos EUA e do Brasil. Em nossa visão, uma vitória democrata impulsionaria essa agenda ainda mais nos dois países, ao mesmo tempo em que é de se esperar que o Brasil enfrente pressões em relação ao posicionamento ambiental do país caso esse cenário se concretize. Já na hipótese de uma vitória de Trump, não esperamos mudanças na direção das políticas ambientais do governo americano, nem no posicionamento frente às políticas brasileiras. Contudo, destacamos que temos visto uma evolução importante da agenda ESG nos dois países, ainda que ambos os governos atuais não a coloquem como pauta prioritária.

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