A quarta-feira voltou a ser de realizações de lucros nos mercados de risco, porém de forma mais comedida, com os investidores aguardando a decisão do Fed sobre política monetária, seguida de coletiva do presidente Jerome Powell. Por aqui não foi diferente, com os investidores tendo ainda que se protegerem por conta do feriado de amanhã no país, com outros mercados em funcionamento.
Nos EUA, em algumas regiões do país como Flórida, Texas e Califórnia, a abertura das economias fez crescer o número de casos de contaminação pela Covid-19, ao mesmo tempo, em que são anunciadas antecipações de testes com medicamentos para combate.
Por lá, a inflação medida pelo CPI de maio mostrou contração (deflação) de 0,1% e o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, voltou a declarar que o país está bem posicionado para forte reabertura de sua economia. Mnuchin também disse ser preciso nova legislação para destinar mais recursos para a economia. Já o secretário Larry Kudlow identificou que a demanda por empréstimos de pequenas empresas já chegou a US$ 500 bilhões.
O grande item da agenda de quarta-feira era mesmo a decisão do Fed sobre política monetária, e veio bem dentro do esperado, com os membros aprovando por unanimidade a manutenção da taxa de juros no intervalo entre zero e 0,25%.
Essa postura deve perdurar até a superação da crise e vão monitorar implicações das novidades nas perspectivas, inclusive sobre saúde e quadro global. Oe membros do Fomc do Fed ainda projetam contração do PIB em 2020 de 6,5%, seguida por expansão de 5% em 2021. A previsão é de desemprego em 9,3% em 2020 e de 6,5% em 2021.
Jerome Powell, presidente do Fed, em coletiva pós-reunião alertou que a pandemia causa problemas tremendos e incertezas sobre o futuro e projeta inflação do PCE (deflator de consumo) de 0,8% e em 2021 de 1,6%. A fala de Powell fez os mercados retornarem para a tendência fraca do dia deixando claro que a economia só começa a recuperar a partir do segundo semestre.
O Banco Central Europeu (BCE) identificou que o aumento dos spreads em bônus soberanos é problemático e que a economia da região só deve voltar ao estágio pré-crise em dois anos. A União Europeia reclamou do Reino Unido dizendo que querem os benefícios de membro do grupo, mas sem restrições.
No mercado internacional, assim que saiu a decisão do Fed sobre juros, o petróleo reverteu novamente queda operando em alta de 0,72% e com o barril WTI negociado em Nova Iorque em US$ 39,22. O euro era transacionado em alta para US$ 1,14, com a maior fraqueza da moeda americana. O ouro e a prata mantinham altas na Comex e commodities agrícolas com viés mais para positivo na Bolsa de Chicago. O minério de ferro negociado na China registrou queda de 0,64% com a tonelada cotada a US$ 103,93.
No segmento local, dia de divulgação da inflação oficial, que no caso foi deflação de 0,38%, acelerando em relação ao mês anterior de -0,31%. Em 12 meses a inflação está em 1,88% e se mostra benigna para o futuro a taxa de difusão caiu para 42,86%, vindo de anterior em 52,92%. Na B3 a movimentação diária de maio cresceu 73,6% contra igual período do ano anterior e investidores ativos subindo para 2,5 milhões.
O dia foi de DIs em alta para os principais vencimentos e o dólar oscilando bastante entre positivo e negativo para fechar com +1,43% e cotado a R$ 4,96. Na Bovespa, na sessão de segunda-feira, os investidores voltaram a alocar recurso no montante de R$ 35,1 milhões, deixando o mês positivo em R$ 3,17 bilhões e o ano ainda negativo em R$ 73,7 bilhões.
No mercado acionário, dia de queda da Bolsa de Londres de 0,10%, Paris com -0,82% e Frankfurt com -0,70%. Madri e Milão com quedas de respectivamente 1,14% e 0,86%. No mercado americano, o Dow Jones com -1,04% e Nasdaq com+0,67.%. Na Bovespa, dia de queda de 2,13% e índice em 94.685 pontos.
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Alvaro Bandeira
Economista-chefe do Banco Digital Modalmais
