Delivery cresce, mas e-commerce enfrenta desconfiança do consumidor

852
Entregador (Foto: Marcello Casal Jr./ABr)
Entregador (Foto: Marcello Casal Jr./ABr)

Depois de reduzido o foco nas compras de abastecimento durante o início do confinamento, em março, um dos primeiros impactos da pandemia no comportamento de compras no Brasil foi o aumento da entrega de refeições. O delivery hoje tem mais de 80% de penetração nas zonas urbanas entre os consumidores de até 50 anos e demonstra ainda mais oportunidade de crescimento. É o que aponta o levantamento Consumer Insights da Kantar.

A combinação de novas ocasiões de compra e novos usuários é o que faz o serviço continuar expandindo, especialmente durante os dias da semana. O segundo trimestre de 2020 registrou aumento de 27% nos pedidos de entregas em domicílio de segunda a sexta-feira em relação ao primeiro trimestre. Já no terceiro, a alta foi de mais 15% em relação ao anterior. Ainda no curto prazo, os pedidos de fim de semana tiveram incremento de 20% entre abril e junho contra janeiro a março, e outros 6% de resultado positivo entre o terceiro e o segundo trimestres.

De acordo com o estudo, o grupo que mais usa o serviço é composto de pessoas que já eram compradoras frequentes de refeições fora do lar antes da pandemia. Outra característica é que são homens em sua maioria, com idades entre 25 e 34 anos, que vivem em zonas urbanas e de classes altas.

Além disso, na América Latina, o prazer de aproveitar uma refeição em família ou de experimentar algo novo e o sentimento de merecer este “presente” são as principais motivações. Este ‘enjoyment’ foi o motivo para 86% dos mexicanos e 75% dos brasileiros. Globalmente, esse número cai para 59% e os outros 41% elegem a conveniência como razão. Olhando apenas para o Brasil, vontade de algo diferente e prazer são os principais motivadores em São Paulo e nos estados do Nordeste, enquanto o hábito é o que impulsiona os moradores da Região Sul e do Rio de Janeiro a acionarem o serviço de entrega.

Espaço Publicitáriocnseg

Um pouco na contramão dessa imensa popularização do delivery, o e-commerce para compras de FMCG (bens de consumo massivo) ainda enfrenta restrições entre brasileiros, mesmo tendo melhoria lenta. Por aqui, apesar de 350 mil novos lares terem escolhido o canal no terceiro trimestre do ano em relação ao segundo, 51% dos consumidores disseram preferir fazer compras em lojas físicas mesmo durante a pandemia. Entre setembro de 2019 e o mesmo mês de 2020, o canal ganhou apenas 9,4% em penetração e é o WhatsApp a plataforma com maior nível de aceitação, enquanto mídias sociais e sites têm o pior desempenho.

Os principais desafios para o crescimento do canal estão relacionados com segurança e a figura do vendedor. Para 44% dos brasileiros, não ter um funcionário para tirar dúvidas é uma barreira, 33% dizem não confiar em fornecer dados para compras online, 19% não encontram o sortimento esperado e 16% se preocupam com o atraso nas entregas e não têm esperanças de que esse aspecto irá melhorar rapidamente.

Em 2020, 50% dos consumidores fizeram compras virtuais pela primeira vez. É o que aponta pesquisa realizada pela Social Miner em parceria com a Opinion Box. Segundo o estudo, para 73%, comprar pela internet se mostrou muito mais prático para algumas coisas.

Agora em 2021, a força do consumo no ambiente digital – contando principalmente com a omnicanalidade, que une todos os canais de comunicação, online ou offline, com o intuito de personalizar e otimizar a experiência do cliente em uma jornada só – segue com tudo. 52% devem utilizar mais os comércio eletrônico; 52% vão comprar online para retirar em lojas físicas; 49% afirmaram que pretendem mesclar suas compras entre o online e o offline.

Intitulada “O futuro do consumo pós-Covid-19”, a pesquisa mostrou que as pessoas também estão mais sensíveis a questões sociais. Em 2020, 9,7% dos consumidores disseram ter encontrado lojas virtuais através de ações de incentivo a pequenos negócios, e 6,5% por ações sociais. E na hora de comprar, 32,9% afirmaram ter escolhido pequenos lojistas ou produtores locais. E de acordo com a pesquisa Jornada omnichannel e o futuro do varejo, feito também pela Social Miner com a Opinion Box, agora em 2021, 54% das pessoas pretendem dar preferência para pequenos produtores e marcas locais, e 73% querem consumir de forma mais consciente.

Leia mais:

E-commerce e delivery puxam alta de 15,4% no consumo de embalagens

Crescimento de delivery na quarentena faz venda de motos dar arrancada

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui