“Nossa política externa está excepcional. Nunca fui tão bem recebido tão bem ao longo dos últimos dois anos em todas as viagens que fiz ao exterior”, disse Jair Bolsonaro (sem partido), ao se mostrar alheio ao que vem acontece no mundo diplomático.
Em live nesta quinta-feira elogiou a política externa brasileira, sob o comando do ministro Ernesto Araújo que, na realidade, está colocando o país mais isolado mundialmente, com seguidos ataques à China e o afastamento do país dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Era Biden
Mesmo assim, Bolsonaro orientou o chanceler a não comentar medidas tomadas pelo novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em seu primeiro dia no cargo. Durante transmissão ao vivo realizada nas redes sociais, após uma pergunta direcionada a Araújo sobre o retorno dos norte-americanos à Organização Mundial da Saúde (OMS) e sobre o rompimento dos EUA com a aliança mundial contra o aborto, Bolsonaro interveio e pediu a Araújo, em voz baixa. “Não é caso de entrar em política externa de outros países, né? Fala alguma coisa sem interferir”, alertou.
Araújo então respondeu à pergunta do jornalista da rádio Jovem Pan. “Acho que tem tudo para ser uma boa relação. Temos muita coisa em comum, temos interesse na segurança, em promover a democracia aqui na América do Sul, por exemplo, interesse econômico evidente, continuar vários acordos, interesses do empresariado brasileiro e americano, trabalhar juntos no meio ambiente, por que não?”, disse o chanceler.
Demissão
A postura diplomática errada levou o Força Sindical divulgar nota intitulada ‘O ministro Ernesto Araújo precisa ser imediatamente demitido’. Segundo a entidade, “de todas as anomalias e irresponsabilidades perpetradas pelo governo Bolsonaro, a indicação de Ernesto Araújo para o cargo de Ministro das Relações Exteriores está entre as piores. Araújo foi pinçado de funções secundárias no Itamaraty para o cargo de Ministro de Estado única e exclusivamente por filiação ideológica a preceitos da extrema-direita. Ele é afeito à teorias conspiratórias bizarras e trabalhou para subordinar a política brasileira ao governo do presidente americano Donald Trump, que perdeu as eleições e deixou o governo na última quarta-feira, 20.”
“Com o Brasil reduzido ao papel de pária e ridicularizado nos meios diplomáticos, enfrentamos hoje o que até pouco tempo atrás parecia inimaginável: a falta de interlocutores para tratar de questões fundamentais como a garantia de importação de suprimentos para a produção de vacinas no território nacional.” “Diante deste quadro concluímos que para o bem do Brasil o Ministro Ernesto Araújo precisa ser demitido imediatamente.”
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