Em boa hora chega às livrarias de todo o país a obra Democratizar conhecimento não custa caro, da lavra da professora Simone de Souza Guimarães. Nela, a autora aborda soluções para a universalização do ensino do Estado do Amazonas, maior estado da Federação e detentor de obstáculos geográficos peculiares à região amazônica. Com base na estrutura e no modelo de gestão do Sistema Comércio, a escritora apresenta o contexto da localidade e soluções plausíveis para expansão da educação no estado, por meio das chamadas “unidades fixas e removíveis”.
O livro é, na realidade, resultado do trabalho de pesquisa sobre o qual a autora se debruçou durante três anos, período em que fez o seu Doutorado em Administração, cuja tese foi defendida na Universidade Nacional de Rosário, na Argentina.
O leitor que enveredar pelos caminhos dessa obra, com 348 páginas, da Paco Editorial, estará diante de um vasto estudo documental e de extensa e densa pesquisa bibliográfica pertinentes ao tema democratização, de forma pragmática, da educação em uma das áreas mais singulares da Federação, muitas vezes não observada pelos estudiosos da matéria.
Trata-se muito sobre a educação no país, mas sempre de forma mais ampla, com discussões de políticas públicas nacionais, baseadas em dados colhidos, sobretudo, pelo INEP/MEC, mas raramente se tem a oportunidade de se tomar conhecimento sobre o que ocorre em regiões mais longínquas, ficando o leitor sem ter notícias das boas práticas levadas, por exemplo, a cabo no distante Amazonas.
Daí, a pertinência da edição e do lançamento do livro de Simone Guimarães, no qual ela de forma contundente prega, e com lucidez, que um dos grandes desafios do país é justamente disseminar a educação de qualidade, em todos os Estados brasileiros.
O professor Bruno Ariel Rezzoagli, diretor do Mestrado em Administração Pública da Faculdade de Economia da Universidade Nacional do Litoral, Argentina, escreve que a obra publicada por Simone Guimarães é produto árduo do seu trabalho de pesquisa realizado para obtenção do título de doutora, que dirigiu essa busca sobre as formas de gestão implementadas pelo Sistema Federativo nos municípios do Estado do Amazonas, apresentando critérios alternativos para um novo modelo de administração para que se faça possível afrontar os atuais desafios e universalizar suas atividades em todas as localidades desse estado localizado na Região Norte do Brasil, muitas delas de dificilíssimo acesso, dada a extensão territorial e peculiar geografia da região.
Simone Guimarães apresenta não somente a história, mas o conceito do Sistema Federativo Comercial, as áreas de ações das entidades Sesc, Sistema Social do Comércio, e Senac, Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, sua natureza organizacional e modelo de gestão.
Mais adiante, a escritora, que percorreu vários municípios do Amazonas fazendo pesquisas in loco, questiona os parâmetros para instalação de unidades fixas nos municípios do estado e se o atual modelo de gestão resulta adequado para conseguir a expansão dessas unidades fixas, “sustentando isso em um importante recorrido teórico-doutrinal em matéria de inovação e administração”, como frisa Rezzoagli, que ainda escreve que a autora refere-se à realidade Amazônica com o objetivo de confrontar a proposta de expansão de unidades fixas nas cidades amazonenses, considerando as características e peculiaridades próprias dessa região, cobiçada pelo mundo inteiro, por sua riqueza ambiental, fauna e flora.
Inquieta e buscando produzir um trabalho emblemático e que sirva como base para novas ações, Simone Guimarães recomenda, ao leitor, uma série de ações dirigidas para redesenhar o sistema Sesc e Senac, sempre com base na gestão da inovação. Dessa forma, “Democratizar conhecimento não custa caro” se constitui em um gerador de novas ideias sobre esse tema específico e verdadeiramente desafiador.
Presidente da Confederação Nacional do Comércio, Bens, Serviços e Turismo e do Sesc e do Senac, José Roberto Tadros, na contracapa do livro, escreve sobre a importância do lançamento de uma obra sobre tema inédito na literatura empresarial.Cuida a autora, segundo Tadros, de perseguir meios de compatibilizar os objetivos permanentes da missão do Sistema no Amazonas, cujo vasto território de quase um milhão e seiscentos mil quilômetros quadrados, entrecortado de rios que formam a maior bacia hidrográfica do planeta e com baixa densidade populacional de quatro milhões e duzentos mil habitantes rarefeitos e cuja capital concentra dois milhões e duzentos mil habitantes.
Nessa região, há deficiência de transporte aéreo e terrestre, porquanto o estado tem pouquíssimas rodovias, o que torna os rios o único meio de locomoção seguro e viável, embora lento, como acentua Tadros, para atender às necessidades de deslocamentos por esse vasto território, no transporte de pessoas e mercadorias, prejudicando, assim, a possibilidade de se levar educação a todos os cantos e regiões.
Para Tadros, o estudo de Simone Guimarães foi administrar cuidadosamente os recursos pouco abundantes, no afã de atender toda a população carente de instrução nos mais distantes e esquecidos rincões do Amazonas. Em sua tese, a autora advoga, com pertinência, que o somatório hercúleo do esforços do Sesc e do Senac reduziriam as despesas e iria universalizar a educação, não somente do Amazonas, mas também a abrangência em todo o Brasil, por meio de uma solução híbrida, que não seriam as unidades fixas, escolas no estilo tradicional, cuja manutenção é dispendiosa e nem tampouco nas unidades móveis, barcos e ou carretas, práticas usuais do sistema estudado, mas utilizaria unidades removíveis, de baixo custo para os padrões nacionais.
Cada página de Democratizar conhecimento não custa caro leva o leitor aos meandros não só das reflexões da autora, mas do seu cartesianismo, comprovando que, sim, é possível transformar o Brasil por meio da educação sem despender muito. Basta vontade e criatividade.
Simone Guimarães é graduada em Administração de Empresas; Especialista em Gestão pela Qualidade Total; Mestre em Engenharia de Produção; Doutora em Administração; e concluiu seu Pós-Doutorado em Educação, pela Universidade de Flores, Buenos Aires. Foi Diretora-Geral da Faculdade de Tecnologia do Amazonas e, atualmente, é Diretora-Geral Executiva da Confederação Nacional do Comércio, Bens, Serviços e Turismo.
Democratizar conhecimento não custa caro exibe uma linguagem clara e um profundo conhecimento da autora sobre a matéria, assim como são lúcidas e inteligentes as propostas por ela apresentadas ao longo dos seis capítulos, ilustrados com figuras, tabelas e gráficos.