O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Ministério Público Eleitoral (MPE) vão analisar denúncia de uso de recursos da Caixa Econômica Federal para promoção política pessoal e propaganda eleitoral por parte do presidente do banco, Pedro Guimarães. A ação, movida pelo movimento sindical bancário e inicialmente apresentada ao Tribunal de Contas da União, foi encaminhada ao TSE e ao MPE por ministros do TCU, que entenderam haver evidências de possível campanha antecipada. A Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) apoia a medida e defende a ampla e rigorosamente investigação da denúncia.
“São graves indícios de tráfico de influência, uso indevido dos canais de comunicação da empresa para benefício próprio, autopromoção e obtenção de vantagens. Tudo isso precisa ser apurado e os responsáveis, devidamente penalizados”, defende o presidente da Fenae, Sergio Takemoto.
“A Caixa Econômica Federal é um banco público centenário e não pode ser transformada em balcão de negócios para beneficiar um grupo de políticos ou um governo. A Caixa é do Brasil”, ressalta Takemoto.
O processo chegou ao MPE nesta semana e ao TSE, dia 15. A ação foi apresentada pelo Sindicato dos Bancários de Brasília e a Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro Norte.
“Os ministros do TCU reconheceram que há evidências de uso pessoal da Caixa para campanha eleitoral antecipada. Agora cabe ao Ministério Público Eleitoral e ao Tribunal Superior Eleitoral darem prosseguimento à investigação”, pontua a coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa e secretária de Cultura da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), Fabiana Uehara Proscholdt.
“É preciso que haja punição dos culpados para que o banco não tenha sua imagem maculada. Isso atinge a instituição, os empregados e toda a sociedade”, acrescenta Uehara.
Na ação, as entidades sindicais demonstram a prática de atos lesivos ao patrimônio da Caixa praticados pela presidência da estatal “com vistas exclusivas a benefícios de ordem pessoal” Além de centenas de viagens realizadas por Pedro Guimarães com recursos e estrutura da Caixa – grande parte delas, acompanhando o presidente Bolsonaro – e a veiculação de fotos destas agendas em meios oficiais de divulgação da Caixa, as denúncias também abrangem contrato de uso de imagem firmado com Cuiabano Lima, personalidade próxima a Bolsonaro, cujos termos detalhados da parceria não são informados pela direção da estatal.
A Fenae lembra que notícias publicadas pela imprensa vêm mostrando o uso político do banco pela família Bolsonaro. Só no início deste mês, duas amplas reportagens revelaram que recursos da Caixa Econômica foram autorizados para patrocínios direcionados a pedido do filho do presidente, senador Flávio Bolsonaro, e também pela primeira-dama Michelle Bolsonaro. O noticiário também revelou que pessoas e empresários próximos à família presidencial foram beneficiados ao serem passados na frente da fila de empréstimos da Caixa pelo Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe). A concessão mais célere dos financiamentos ocorreu a pedido de Michelle junto ao presidente do banco, Pedro Guimarães.
“São atos que não condizem com o princípio da coisa pública, da democracia”, afirma Sergio Takemoto. “A Caixa é dos brasileiros e deve estar sempre a serviço do país”, reforça o presidente da Fenae.
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