Depois do frango, a soja

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A Rússia anunciou nesta semana que suspenderá a importação de soja do Brasil caso não sejam respeitados os limites de agrotóxicos determinados pela legislação daquele país. A nação comandada por Vladimir Putin é a sétima maior importadora da soja brasileira, ficando atrás da China, Espanha, Holanda, Turquia, Irã e Tailândia. Em 2018 as importações russas somaram US$ 450 milhões.
É o segundo revés do agronegócio brasileiro desde a posse do novo governo. Em 21 de janeiro, a Arábia Saudita barrou a importação de carne de frango de cinco dos 30 frigoríficos que exportavam para o país. A alegação foi de “critérios técnicos” não especificados, mas não se descartou que a proibição foi uma retaliação ao anúncio feito pelo Governo Bolsonaro de transferir a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém.
O professor Marcos Pedlowski, da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), afirmou, em entrevista à RBA, que medidas semelhantes à dos russos deverão ser tomadas por outros países. “Se a Rússia, que é mais permissiva com agrotóxicos, sinaliza assim, a União Europeia será quase que forçada a seguir.”
Autoridades russas comunicaram a detecção de traços de glifosato em carregamento de soja proveniente do Brasil. Segundo o Ministério da Agricultura brasileiro, “os níveis detectados são mais de cem vezes inferiores (sic) aos limites acordados no Codex Alimentarius e não constituem, portanto, risco à saúde”.
No Brasil, o limite máximo permitido é de 10 ppm (partes por milhão), inferior ao definido no Codex Alimentarius (20 ppm), mas superior ao estabelecido pelas autoridades russas, que é de 0,15 ppm. “As autoridades brasileiras iniciaram processo de averiguação e investigação interna e estão em contato permanente com suas contrapartes russas, de modo a evitar solução de continuidade”, garante o Ministério.
O lobby do veneno ganhou muito espaço no novo governo. Em janeiro foram liberados 28 agrotóxicos e princípios ativos, entre eles, o Sulfoxaflor, “que já foi banido nos Estados Unidos e agora só pode ser usado por lá em condições altamente controladas”, disse o professor Pedlowski, que também é colaborador do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais da Universidade de Lisboa.
 

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