Desafio do Hub Tecnológico do Ceará: tornar-se agregador de conteúdo

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Ceará. Foto: divulgação
Ceará. Foto: divulgação

O incentivo do governo do Ceará nos últimos dez anos, capitaneado pela Etice, elevou o padrão digital da região a patamares hoje comparáveis aos de cidades digitais dos Emirados Árabes e do Japão. Entretanto, o momento ainda pede desafios à frente.

“A Angola Cables escolheu o Ceará para investir não apenas por conta da posição geoestratégica privilegiada que dispõe, mas principalmente pela infraestrutura já estabelecida. Foi um cálculo muito bem sucedido da multinacional. Estamos em um dos mais importantes cinturões digitais do mundo, o que vem contribuindo em larga medida para o nosso negócio”, afirma Victor Adonai Costa, diretor regional da Angola Cables no Brasil.

“Acabamos de fechar uma nova parceria com a Ciena e ampliamos a capacidade do cabo Monet em 2 terabytes, gerando mais disponibilidade e mais serviço agregado aos nossos clientes, lembrando que segundo a Anatel, das vinte maiores empresas de tecnologia do país, cinco estão no Ceará”, completou Cleyton do Carmo, líder comercial da empresa.

Até 2014 o governo do estado, do ponto de vista das telecomunicações, se posicionou como uma operadora voltada para atender clientes do setor público. A partir de 2015, levou à frente um processo de concessão a empresas de telecom privadas, para implementarem fibra óptica terrestre em todo o estado. Por conta dessa infraestrutura, cerca de 500 pequenas empresas de tecnologia surgiram, empregando mão de obra qualificada e gerando cerca de R$ 1 bilhão de reais por ano. Em 2017, a ETICE fomentou o desenvolvimento de toda uma indústria de serviços; lançou edital para buscar apoio entre as maiores empresas de tecnologia do mundo e hoje, gigantes como Google, Amazon e Microsoft são parceiras comerciais do governo no desenvolvimento de soluções para o setor público do Ceará e para os demais estados da federação.

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“Este conjunto de iniciativas tornou o Ceará um dos estados mais conectados do país e uma referência em tecnologia. Junto a grandes players do mercado mundial, criamos um marketplace integrador de soluções digitais para todo o país. Queremos estimular mais empresas a entrarem neste pool de inovação”, comenta Adalberto Pessoa, Presidente da Etice.

Pessoa acredita que o próximo passo a ser dado no Hub Tecnológico é o mercado de computação em nuvem. “Data Centers com serviços de cloud computing serão o futuro, e o Ceará possui toda a infraestrutura necessária para receber novos empreendimentos do setor privado dentro deste modelo de negócio”, explica.

Gilbert Minionis, CEO da Videomar/Multiplay, provedora de banda larga no estado do Ceará, vem se beneficiando fortemente da infraestrutura local para o crescimento da empresa. Atualmente, a companhia dispõe de 405 mil assinantes e conta com 1800 colaboradores. A Videomar/Multiplay está registrada na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e pretende lançar seu IPO, mas ainda sem data definida. Para Gilbert, o Ceará tem um potencial enorme para ser tornar um polo de geração de conteúdo digital.

“As finanças do estado estão sólidas e esta é uma das razões em estarmos em uma posição tão privilegiada em termos de conectividade. Dispomos de uma infraestrutura robusta como as disponibilizadas pela Angola Cables, incluindo seu Data Center, capaz de impulsionar e acelerar o ecossistema digital da região de uma forma fabulosa. Entretanto, é preciso considerar que o próximo passo a ser dado está na indústria de conteúdo e software. É preciso haver incentivos fiscais para desenvolver uma industrial local e trazer empresas internacionais para cá”, analista Gilbert.

Adriano Marques, da Wirelink, uma das principais operadoras de conectividade do estado, vê o Ceará como um dos Hubs tecnológicos mais importantes do mundo. Entretanto, a carga tributária do país em torno de 36% é um grande dificultador para as empresas que pretendem levar a conexão digital ao resto do estado e do país.

“O estado tem hoje 16 cabos submarinos conectados e uma facilidade imensa de comunicação com o resto do mundo. Temos infraestrutura para desenvolver mais Data Centers e, principalmente, tornar a região um exemplo de empresas no desenvolvimento de conteúdo. Mas a carga tributária elevada continua como um dos principais entraves do desenvolvimento. Levar backbone / backhaul mais longe nesse sentido é sempre um problema”, analisa Adriano.

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