Entre os meses de abril de 2023 e fevereiro de 2024, as camadas antifraude de análise de documentos da Serasa Experian identificaram que, numa amostra 104,3 milhões de transações, 3% eram tentativas de golpes utilizando Registros Gerais (RGs) e Carteira Nacional de Habilitação (CNH) falsos (3.284.176). Os crimes envolvem duas modalidades: adulteração de documentos verdadeiros, com sobreposição de foto de forma manual ou usando Inteligência Artificial (IA), para se aproximar da imagem real, e montagem de documentos falsos, já com a foto do golpista, mas com informações verídicas de alguma vítima (nome, CPF, data de nascimento, filiação etc.).
As tentativas de fraude de documentos foram identificadas, majoritariamente, na fase de abertura de conta. Os dados são de estudo da Serasa Experian.
Segundo dados do Instituto Locomotiva, cerca de 3% da população brasileira não possui conta em banco, por isso são denominadas “desbancarizadas”.
Ainda de acordo com o estudo, os documentos analisados que pertenciam a homens foram os que mais indicaram fraudes no período, com 44,7%, contra 36,6% de mulheres. A faixa etária mais comum das vítimas foi de 16 a 35 anos (45,5%). Já a visão por segmento das tentativas de fraude indica que meios de pagamento (49,0%) e bancos e cartões (27,32%) foram os mais visados.
O RG é o documento mais fraudável do país – como cada estado tem o seu, oferece desafios para o segmento antifraude. A implementação da nova Carteira de Identidade Nacional (CIN), poderá contribuir para mitigar as fraudes de documentos, pois espera-se que as tecnologias de análise de documentos se tornem capazes de identificar marcações fraudulentas com maior precisão. Isso se deve ao fato de que o CIN terá características comuns e padronizadas em nível nacional, facilitando a identificação e verificação de autenticidade.
A Serasa Experian analisou 104,3 milhões de transações envolvendo verificação de documentos, das quais 3% foram identificadas como tentativas de fraude com o uso de documentos falsos como Registros Gerais (RGs) e Carteira Nacional de Habilitação (CNH). A análise considerou o intervalo de 11 meses (entre abril de 2023 e fevereiro de 2024).
Com o avanço das tecnologias, o Brasil enfrenta um cenário alarmante em termos de cibersegurança. Em 2023, o país registrou cerca de 1,8 milhão de ocorrências de golpes e fraudes digitais, resultando em perdas financeiras estimadas em aproximadamente R$ 6 bilhões, segundo dados do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) e relatório da Kaspersky. Em meio ao crescimento do comércio eletrônico, que movimentou cerca de R$ 225 bilhões no último ano, os golpes representam um desafio crescente tanto para consumidores quanto para empresas.
Os especialistas da dataRain, Luiz Maluf (tecnologia bancária) e Leonardo Baiardi (cibersegurança), destacam as principais ameaças enfrentadas online e oferecem recomendações cruciais para garantir a segurança das transações.
Segundo Maluf, as ameaças mais comuns incluem phishing, onde criminosos tentam enganar os usuários para que forneçam suas informações de acesso; fraudes no processo de onboarding, usando documentos falsificados obtidos na dark web; e ataques de força bruta, em que hackers tentam adivinhar senhas por meio de repetidas tentativas. “É essencial que tanto empresas quanto consumidores adotem medidas rigorosas de segurança, como o uso de senhas fortes, autenticação multifatorial e a implementação de firewalls e outros mecanismos de proteção”, alerta.
Leonardo Baiardi complementa destacando a importância de uma abordagem em camadas para a cibersegurança, especialmente em operações críticas como serviços financeiros. “Empresas devem investir em tecnologias que dificultem a criação de contas fraudulentas, além de adotar práticas preventivas que identifiquem e neutralizem acessos suspeitos em tempo real”, afirma.
Com o volume crescente de transações e dados a serem analisados, as tecnologias emergentes como a inteligência artificial (IA) e o machine learning (ML) têm se tornado ferramentas indispensáveis na luta contra fraudes. “Sistemas baseados em IA podem identificar rapidamente padrões anômalos e alertar usuários para práticas de uso mais seguras”, explica Maluf. O especialista acrescenta que, sem essas tecnologias, as empresas, especialmente as de pequeno e médio porte, teriam grandes dificuldades para gerenciar as ameaças cibernéticas de hoje.
O impacto financeiro das fraudes digitais é significativo tanto para consumidores quanto para empresas. “As perdas podem ser enormes e, em muitos casos, os consumidores sofrem diretamente quando negligenciam as boas práticas de segurança”, observa Maluf. Ele ressalta que, quando uma falha é identificada como responsabilidade da empresa, isso pode resultar em deterioração da lucratividade e na perda de competitividade.
Além das perdas financeiras, estes crimes afetam gravemente a confiança do consumidor em plataformas de comércio eletrônico. “O churn, ou seja, a taxa de perda de clientes, é uma consequência direta, especialmente em casos de fraudes em grande escala”, diz Maluf. A reputação de uma empresa pode ser irremediavelmente comprometida, levando à desvalorização da marca.
As plataformas de arrecadação online, que movimentam grandes quantias, também são alvos frequentes de fraudes. Para garantir a segurança, Maluf recomenda a adoção das melhores práticas de segurança, como o uso de criptografia robusta e o armazenamento seguro de dados sensíveis. “Além disso, as empresas devem contar com profissionais certificados em cibersegurança para monitorar e melhorar continuamente seus sistemas”, reforça Maluf.
Baiardi salienta a importância de um ambiente seguro não apenas na plataforma, mas também nos dispositivos e estações de trabalho dos funcionários. “A criação de uma cultura interna de cibersegurança é essencial para proteger os dados dos clientes e garantir a integridade das transações”, aconselha.
O Brasil possui uma legislação robusta para combater crimes cibernéticos, como a Lei 12.737/2012 e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). No entanto, Baiardi aponta a necessidade de novas iniciativas legislativas que se adequem às ameaças emergentes, como o projeto de lei que visa criminalizar o uso de deepfakes.
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