Descompasso

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A rebelião produzida em Arequipa, Tacna e Cusco, no Peru, contra a privatização das companhias de energia elétrica Egasa e Egesur para a multinacional belga Tractebel revela contradição constrangedora para a imprensa do continente. Na América Latina, as privatizações somente são populares nas páginas dos jornais, no noticiário da TV e nos programas de rádio. Na vida real, na única vez em que foram a plebiscito popular, no Uruguai, foram fragorosamente derrotadas.

Para não esquecer
“Para ninguém constitui segredo que a razão de fundo pela qual o ajuste da dívida brasileira foi adiado por mais de seis meses, foi a reeleição de Fernando Henrique Cardoso. Era inconcebível uma desvalorização antes das eleições de outubro passado (1998), e mesmo antes da segunda volta (segundo turno) da votação para deputados, senadores e governadores.” Diferentemente do que possa pensar um observador mais apressado, esse texto não foi escrito por opositores do presidente FH, mas por um seu amigo, o mexicano Jorge Castañeda, então professor de Relações Internacionais da Universidade Autônoma do México e há cerca de dois anos ocupando o posto de chanceler do México.
O texto, embora escrito há cerca de três anos, está publicado no sítio da Prensa Latina. Sua atualidade cresce de importância num momento em que FH, aparentemente esquecido dos ensinamento de que a História somente se repete como farsa, insiste na tática de acionar pseudos riscos do mercado futuro para camuflar o caos do mercado à vista.

Aliás
Certamente, ao declarar que “comigo não tem calote”, José Serra se esqueceu da presença do deputado federal Antônio Kandir (PSDB-SP) na convenção nacional do PSDB que homologou a candidatura do tucano à presidência da República. Secretário de Política Econômica de Collor, Kandir foi um dos principais formuladores e executores do confisco na poupança, violência que, durante a campanha de 1989, atribuía a Lula.

Aliás II
O exemplo de Collor e Kandir foi seguido pelo presidente FH durante a campanha para sua reeleição, quando até pouco meses antes de provocar a megadesvalorização do real, em janeiro de 1999, atribuía essa intenção também a Lula.

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Ilusão
Não deve ser levada a sério recomendação de analistas financeiros quanto a evitar transferir aplicações de fundos para o dólar. Enquanto os primeiros continuam perdendo dinheiro, a moeda norte-americana acumula valorização em junho superior a 14%. Erro igual só de comentaristas de futebol, que previam semifinais entre França, Inglaterra, Argentina e Itália – todos já fora da Copa do Mundo. A recomendação dos especialistas brasileiros faz lembrar o que ocorreu na Argentina, na qual os grandes se mandaram e os pequenos ficaram com papéis “podres” que imaginavam serem “verdinhas”.

Colônia, não!
Nesta segunda-feira, um grupo de entidades e personalidades se reúne, às 18h, no Teatro João Caetano, no Rio, para lançar manifesto “contra a entrega da Base de Alcântara aos Estados Unidos”. O ato faz parte da Campanha Nacional contra a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e contará com a presença de intelectuais, artistas, lideranças políticas, além de representantes de comunidades remanescentes de quilombos em Alcântara e de movimentos sociais brasileiros.

MST em inglês
O MST terá sua história contada em Londres. No próximo dia 3, será lançado, na capital inglesa, o livro Cutting the wire: the story of Brazil”s Landless Workers Movement (Cortando a cerca: a história do movimento dos trabalhadores sem-terra do Brasil), pela editora Latin America Bureau (LAB). A obra é ilustrada com fotografias de Sebastião Salgado e João Zinclair.

Clones
Diferentemente do pretendido por seus autores, cada pronunciamento de Pedro Malan e Armínio Fraga garantindo que os fundamentos da economia brasileira estão sólidos como rocha, produz fenômeno sociogenético: deixa os dois cada vez mais parecidos com Domingo Cavallo nos últimos dias de Sodoma em que transformou a Argentina.

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