O ano começou com a posse de um novo governo no Brasil, cuja abordagem econômica se inclina para uma maior intervenção do Estado. A falta de clareza inicial em relação à nova política fiscal ampliou a volatilidade no mercado. Os investidores permanecem vigilantes em relação às propostas que podem afetar as companhias e aumentar os riscos fiscais.
Além disso, o começo de 2023 foi marcado pela desaceleração econômica global, causada pela alta inflação em vários países e pelo aumento das taxas de juros por parte das autoridades monetárias ao redor do mundo.
A inflação tende a aumentar a taxa de juros, comprimir as margens de lucros de várias empresas e reduzir o poder de consumo das famílias. Mudanças nas taxas de juros afetam sistematicamente os retornos das ações, uma vez que os papéis tendem a sofrer com a elevação dos juros.
Com o cenário recente um pouco mais favorável, o mercado acionário doméstico tem precificado a melhoria das expectativas dos investidores, especialmente pelo maior controle inflacionário e pela perspectiva do início da redução da taxa de juros Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom) na reunião de agosto. A redução da taxa de desconto tende a favorecer os ativos de risco.
No ano, o principal índice de ações do Brasil, o Ibovespa, acumula ganho de 8,22%.
Com relação às ações, as maiores altas do Ibovespa até aqui são:
Azul Linhas Aéreas – AZUL4 (+87,19%)
YDUQS Participações – YDUQ3 (+82,99%)
Gol Linhas Aéreas – GOLL4 (+54,50%)
MRV Engenharia – MRVE3 (+53,95%)
Cogna Educação – COGN3 (+51,89%)
Cyrela Brazil Realty – CYRE3 (+50,82%)
Banco do Brasil – BBAS3 (+49,30%)
IRB Brasil – IRBR3 (+49,22%)
Petrobras – PETR4 (+44,10%)
Natura – NTCO3 (+41,77%)
Maiores baixas do Ibovespa até meados de 2023.
Assaí Atacadista – ASAI3 (-30,33%)
Carrefour – CRFB3 (-26,13%)
Alpargatas – ALPA4 (-26,06%)
Meliuz – CASH3 (-25,00%)
Vale – VALE3 (-19,89%)
JBS – JBSS3 (-18,69%)
Marfrig – MRFG3 (-16,90%)
Bradespar – BRAP4 (-16,28%)
Hapvida – HAPV3 (-14,37%)
Cielo – CIEL3 (-12,79%)
*As rentabilidades dos ativos no ano foram computadas até o dia 16 de junho.
Se analisado desde o fundo cravado em julho de 2022, o Ibov avança cerca de 24%. O que é caracterizado pelos profissionais do mercado financeiro como “Bull Market”, dado que supera os 20% de alta.
Isso não é exclusividade do mercado brasileiro. Os principais índices dos Estados Unidos também apresentam movimentos semelhantes, com o S&P subindo mais de 25% e a Nasdaq se valorizando quase 45% desde o fundo marcado em outubro de 2022. Essa força compradora tem sido impulsionada pelas grandes empresas americanas do setor de tecnologia e comunicação, tais como: Apple, Amazon, Alphabet (Google), Meta (Facebook), Microsoft e Nvidia.
O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) decidiu na quarta-feira, dia 14 de junho, manter os juros dos EUA no atual patamar, no intervalo entre 5% e 5,25%. Com a decisão, o Fed interrompeu o ciclo de aperto monetário iniciado em março do ano passado. Até então, o Banco Central americano tinha elevado os juros por dez vezes consecutivas.
Por fim, os investidores estão mais dispostos a assumir riscos, o que está gerando um efeito positivo no mercado acionário. No entanto, é importante ressaltar que a inflação no Brasil precisa continuar convergindo para a meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 2023, que é de 3,25%. Ou, pelo menos, se manter abaixo da banda superior de tolerância de 4,75%. A estabilidade da inflação é fundamental para garantir o poder de compra da população e o crescimento econômico sustentável, bem como amparar a redução gradual de juros pelo Banco Central.
*Fabrício Gonçalvez é sócio fundador e CEO da Box Asset Management. e trader parceiro do BTG Pactual. Atua no mercado há mais de 15 anos, produz conteúdo e compartilha dicas de como manter consistência no Day Trade e Swing Trade.
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