A taxa de desemprego alcançou 14,1% no trimestre entre setembro e novembro de 2020. É o mais alto percentual para esse trimestre móvel desde o início da série histórica da pesquisa, em 2012. O total de desempregados no país foi estimado em 14 milhões. O número é da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada hoje pelo IBGE. Na comparação com o trimestre encerrado em agosto, quando registrou 14,4%, o cenário é de estabilidade. Já em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, o aumento é de 2,9 pontos percentuais.
O número de pessoas ocupadas aumentou 4,8% entre setembro e novembro e chegou a 85,6 milhões. Esse resultado representa 3,9 milhões de pessoas a mais no mercado de trabalho se comparado ao trimestre anterior. Com isso, o nível de ocupação subiu para 48,6%.
Adriana Beringuy, analista da pesquisa, disse que o crescimento da ocupação é explicado pelo retorno das pessoas ao mercado de trabalho após a flexibilização de medidas restritivas adotadas para o combate à Covid-19. A sazonalidade de fim de ano, especialmente no comércio, também contribuiu para o resultado.
Segundo a pesquisa, o aumento na ocupação atingiu nove dos 10 grupos de atividades. No entanto, foi mais intenso no comércio, em que mais 854 mil pessoas passaram a trabalhar no setor no trimestre encerrado em novembro.
“O comércio, nesse trimestre, assim como no mesmo período do ano anterior, foi o setor que mais absorveu as pessoas na ocupação, causando reflexos positivos para o trabalho com carteira no setor privado que, após vários meses de queda, mostra uma reação”, disse a coordenadora.
No aumento da população ocupada houve destaques também para a indústria geral, com alta de 4,4%, ou mais 465 mil pessoas; e administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais com avanço de 2,6%, ou mais 427 mil pessoas.
Para Adriana, os números mostram que a absorção de trabalhadores foi notada em vários setores:
“Além do comércio, outras oito atividades econômicas investigadas pela pesquisa cresceram significativamente na ocupação, mostrando que esse processo de absorção de trabalhadores também avançou em outros setores, como construção (8,4%, ou mais 457 mil pessoas), transporte, armazenagem e correio (5,9%, ou mais 238 mil pessoas) e alojamento e alimentação (10,8%, ou mais 400 mil pessoas)”, afirmou.
Segundo a pesquisa, a maior parte da alta na ocupação mais uma vez partiu do mercado informal. O número de empregados no setor privado sem carteira de trabalho assinada, que cresceu 11,2%, somando agora 9,7 milhões, pode explicar o movimento. A Pnad Contínua do trimestre encerrado em novembro indicou, ainda, que a taxa de informalidade chegou a 39,1% da população ocupada, o que representa 33,5 milhões de trabalhadores informais no país. No período anterior, a taxa ficou em 38%.
O número de empregados no setor privado com carteira de trabalho assinada subiu 3,1% ou 895 mil pessoas a mais. Com isso, tem-se 30 milhões de pessoas. Ainda no trimestre, a categoria dos trabalhadores domésticos subiu 5,1%, alcançando 4,8 milhões de pessoas. O contingente de trabalhadores por conta própria também cresceu 1,4 milhão e atingiu 22,9 milhões de pessoas. Apesar disso, na comparação com o mesmo período de 2019, a categoria perdeu 1,7 milhão de pessoas.
Na comparação com o trimestre encerrado em novembro de 2019, o total de pessoas ocupadas no país recuou 9,4%. Isso significa redução de 8,8 milhões de pessoas. Adriana destacou que o avanço da ocupação é significativo, tanto em aspectos quantitativos quanto qualitativos, comprovada pelo crescimento da população com carteira assinada e a disseminação por diversas atividades, mas ainda está bem distante de um cenário pré-pandemia.
Já levantamento do Sebrae Rio, com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), mostra que micro e pequenas empresas foram responsáveis pela criação de 78% dos empregos formais com carteira assinada. Ao todo foram 25.777 vagas preenchidas, um aumento de 60% quando comparado ao mês de outubro e de 76% em paralelo a novembro de 2019. Esse é o melhor resultado para novembro da série histórica iniciada em 2007.
Entre julho e novembro, as micro e pequenas empresas fluminenses conseguiram recuperar 71% das vagas perdidas, em comparação com os seis primeiros meses do ano passado. O número de empregos formais foi puxado pelo setor de comércio. Foram 2781 vagas ocupadas pelo comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios, seguido do comércio varejista de calçados com 1460 vagas. Restaurantes e similares contrataram 1417 pessoas e os supermercados preencheram 971 vagas.
Com esse resultado, o comércio varejista já recuperou as vagas fechadas entre os meses de março e julho. Durante esses meses foram perdidas mais de 22 mil vagas. Já no acumulado do segundo semestre (agosto a novembro) foram abertas mais de 23 mil novas vagas. Já restaurantes e similares recuperaram apenas 26% das vagas perdidas no mesmo período.
As micro e pequenas empresas de 83 municípios do estado apresentaram saldo líquido de empregos positivo, com destaque para o Rio de Janeiro (11.866 vagas), Duque de Caxias (1.797), Niterói (1.275), São Gonçalo (1.003), Nova Iguaçu (902) e Volta Redonda (823).
Com informações da Agência Brasil
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