No trimestre móvel encerrado em abril de 2024, a taxa de desocupação ficou em 7,5%, sem variação estatisticamente significativa frente ao trimestre encerrado em janeiro de 2024, quando esse percentual estava em 7,6%, e abaixo dos 8,5% registrados no mesmo trimestre móvel de 2023. É o que mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgada hoje pelo IBGE. Essa foi a menor taxa de desocupação para um trimestre encerrado em abril desde 2014, quando o indicador estava em 7,2%.
Para Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas Domiciliares do IBGE, “a análise anual é favorável em relação ao patamar da taxa de desocupação que, no trimestre encerrado em abril de 2024, segue como a menor para esse trimestre móvel, desde abril de 2014. Isso revela a manutenção da tendência de redução desse indicador, que vem sendo observada desde 2023”.
A população desocupada, isto é, aqueles que não trabalhavam e estavam em busca de uma ocupação, ficou em 8,2 milhões, sem variação significativa na comparação trimestral, mas com redução de 9,7% (menos 882 mil desocupados) ante o mesmo trimestre móvel de 2023.
Segundo Adriana, “a estabilização da desocupação, se deve, principalmente, à redução das perdas do comércio, que observamos no primeiro trimestre, e ao retorno da ocupação no segmento da educação básica pública no ensino fundamental”.
A Pnad Contínua também mostra que a população ocupada chegou a 100,8 milhões. Mesmo sem variação significativa no trimestre, esse contingente cresceu 2,8% na comparação anual, o que equivale a mais 2,8 milhões de postos de trabalho frente ao mesmo trimestre móvel de 2023. Com isso, o número de trabalhadores com carteira assinada chegou a 38,188 milhões, um recorde da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012. Da mesma forma, o contingente de trabalhadores sem carteira também foi recorde, chegando a 13,5 milhões.
Para a coordenadora de pesquisas domiciliares, “a expansão da ocupação, nos últimos trimestres, vem ocorrendo por meio dos empregados, que superaram outras formas de inserção, como a dos trabalhadores por conta própria e os empregadores. O conjunto dos empregados no setor privado, com ou sem a carteira assinada é o que mais tem contribuído para o crescimento da população ocupada no país”.
O rendimento médio real das pessoas ocupadas no trimestre encerrado em abril foi de R$ 3.151, sem variação significativa no trimestre e com alta de 4,7% na comparação anual. Com isso, a massa de rendimentos, que é a soma das remunerações de todos os trabalhadores do país, chegou a R$ 313,1 bilhões, novo recorde da série histórica, mostrando estabilidade no trimestre e subindo 7,9% ante o mesmo período de 2023.
Segundo a analista do IBGE, no trimestre encerrado em abril “a massa de rendimento se manteve em patamar elevado, seja porque houve variação positiva da população ocupada em alguns segmentos, ou pela manutenção do valor do rendimento médio. Com destaque, nesse trimestre específico, para o aumento do rendimento dos empregados no setor privado com carteira de trabalho assinada”.
Na comparação trimestral, o rendimento ficou estável em todos os dez grupamentos de atividade investigados pela Pnad Contínua. Frente ao mesmo trimestre móvel de 2023, houve altas nos rendimentos dos trabalhadores de quatro grupamentos: indústria geral (8,5%), comércio e reparação de veículos (4,6%), transporte, armazenagem e correio (5,7%) e administração pública (4,0%).
Segundo o economista Volnei Eyng, CEO da Multiplike, “o número de desligamentos a pedido do trabalhador vem crescendo no Brasil e isso indica que o mercado está aquecido. Esse fenômeno traz implicações tanto positivas quanto negativas ao país. Essa elevação é atribuída a um baixo desemprego e à falta de perspectivas de crescimento no emprego atual”.
Para ele, essa relação empregabilidade-perspectiva acaba impulsionando o trabalhador a buscar melhores oportunidades.
“Os trabalhadores estão mais confiantes em deixar seus empregos atuais na expectativa de encontrar melhores condições de trabalho, salários mais altos ou mais benefícios”, diz.
Eyng lembra que em 2023 o número de trabalhadores que pediram demissão atingiu um recorde de 7,3 milhões. “Trata-se do maior número desde 2004, representando um aumento significativo em comparação aos anos anteriores, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego”, destaca.
Já André Colares, CEO da Smart House Investments, reforça que esse aumento na confiança dos trabalhadores pode ser benéfico para a economia, pois indica que as pessoas estão otimistas sobre suas perspectivas de emprego. “Isso pode levar a maior mobilidade no mercado de trabalho, impulsionando a produtividade e a inovação nas empresas. Além disso, pode resultar em melhores condições salariais e de trabalho, estimulando o crescimento econômico”, aponta.
Entretanto, elenca que essa alta rotatividade também pode ser negativa, pois as empresas podem enfrentar dificuldades para reter talentos e manter a continuidade de seus projetos. “Aumentos frequentes nos custos de contratação e treinamento podem afetar a produtividade e os resultados financeiros das empresas. Além disso, a incerteza pode levar a uma menor estabilidade no emprego para alguns trabalhadores”, frisa.
E para o sócio do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, é inegável que a economia brasileira está aquecida. “O desemprego estável está mais uma vez demonstrando o mercado de trabalho aquecido. Esse indicador é reforçado pelo fato de ter aumentado o número de pedidos de demissão, o que revela que os trabalhadores estão recebendo outras propostas de trabalho mais atrativas e deixando seus antigos empregos”.
Com informações da Agência de Notícias IBGE
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