Desigualdade na América Latina: 105 multibilionários detêm 9% do PIB

Criação de empregos foi a mais baixa desde a década de 1950

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Complexo de favelas do Alemão (Foto: Tomaz Silva/ABr)
Complexo de favelas do Alemão (Foto: Tomaz Silva/ABr)

Embora a desigualdade na América Latina tenha diminuído em 2022 para níveis inferiores aos de 2019, ela continua sendo muito alta, indica o relatório “Panorama Social da América Latina e do Caribe 2023: A inclusão laboral como eixo central para o desenvolvimento social inclusivo”, elaborado pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).

Na América Latina, o decil de renda mais alta (decil 10) recebe uma renda que é 21 vezes a do décimo de renda mais baixa (decil 1). Em 2021, a riqueza de apenas 105 pessoas representou quase 9% do PIB regional, destaca a Cepal.

“A região continua presa em uma dupla armadilha estrutural de baixo crescimento e altos níveis de pobreza e desigualdade. Os países devem transitar da inserção laboral para a inclusão laboral, eixo do desenvolvimento social inclusivo”, defende o secretário-executivo da Cepal, José Manuel Salazar-Xirinachs.

“Mas a inclusão laboral requer um crescimento econômico alto e sustentado. Não é possível criar um futuro melhor para o trabalho sem criar um futuro melhor para a produção e vice-versa”, enfatizou Salazar-Xirinachs durante a apresentação do documento, destacando a estreita ligação entre as políticas de desenvolvimento produtivo, laboral e de proteção social dos países.

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De acordo com o relatório, a criação de empregos entre 2014 e 2023 foi a mais baixa desde a década de 1950. Em 2020, durante a pandemia, a criação de empregos caiu 8,2%, sendo a única queda registrada nos últimos 70 anos.

Do universo de 292 milhões de pessoas ocupadas na região, 1 em cada 2 está em empregos informais, cerca de um quinto vive em situação de pobreza, 4 em cada 10 têm renda inferior ao salário mínimo e metade não contribui para os sistemas de pensões, indica o Panorama Social da América Latina e do Caribe 2023.

Embora haja uma melhoria em certas dimensões dos mercados de trabalho entre 2020 e 2022, a região enfrenta uma crise de inclusão laboral em câmera lenta, entendida não apenas como inserção no mercado de trabalho, mas também como as condições em que se acessa o emprego no mercado laboral, explica o organismo regional das Nações Unidas.

Isso significa que a inserção no trabalho remunerado é fundamental, mas não suficiente para alcançar a inclusão laboral. É necessário ter acesso a empregos produtivos, bem remunerados e com acesso à proteção social, especialmente para mulheres e jovens, destaca a Cepal.

Em 2022, 54,2 milhões de lares na região (39% do total) dependiam exclusivamente do emprego informal. Além disso, a maioria das crianças (menores de 15 anos) e pessoas com 65 anos ou mais vivem em lares completamente informais ou mistos (61,2%).

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Diferença entre homens e mulheres persiste

Enquanto a taxa de participação no mercado de trabalho dos homens foi de 74,5% em 2022, a das mulheres atingiu apenas 51,9% (uma diferença de 22,6 pontos percentuais). As mulheres também têm taxas mais altas de desemprego (8,6% em comparação com 5,8% dos homens em 2022).

A principal barreira para a inclusão laboral das mulheres é a carga de trabalho de cuidados, diz a Cepal: a taxa de participação das mulheres em lares com crianças (61,6%) é inferior à dos lares sem crianças (73,5%).

O trabalho doméstico, aponta o organismo da ONU, é uma das principais fontes de trabalho para as mulheres na América Latina, mas a renda média que as trabalhadoras domésticas recebem é a metade daquela recebida em média pelas mulheres ocupadas.

Da mesma forma, o estudo indica que a presença de pessoas migrantes aumentou nos mercados de trabalho da região, contribuindo assim para a economia e sociedade dos países de destino. No entanto, tendem a enfrentar maiores dificuldades para a inclusão laboral, devido às suas condições de trabalho mais precárias e instáveis, agravadas pelas condições de irregularidade.

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