Desigualdade prejudica acesso à internet no país

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A presença de, pelo menos, um telefone celular em 92,3% dos domicílios brasileiros e também o acesso à internet em 63,6% dos lares do país devem ser vistos com um modesto otimismo. Essa é a avaliação que Luca Belli, pesquisador do Centro de Tecnologia e Sociedade da Escola de Direito do Rio de Janeiro da Fundação Getulio Vargas (FGV Direito Rio), faz dos recentes dados divulgados pelo IBGE, nesta sexta, dia 24, no âmbito da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Continua de 2016.

Apesar de confirmarem uma tendência ao aumento da conectividade no Brasil, argumenta o especialista, os números evidenciam a existência de desigualdades de acesso entre as diferentes áreas do país. O pesquisador do CTS da FGV Direito Rio considera particularmente relevante a diferença de 20% entre diferentes regiões do país.

– Temos um Sudeste com o maior percentual de domicílios conectados, com quase 72% de acesso, e um Nordeste no qual 50% da população ainda está largamente desconectada.

Na análise de Luca Belli, essas diferenças, evidentemente, se refletem na qualidade e custo da banda larga e por consequência, nas oportunidades de desenvolvimento. E também interferem na possibilidade de cada indivíduo exercer a cidadania.

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– Como podem, por exemplo, aqueles 50% de nordestinos declarar os impostos deles virtualmente?

Outro dado particularmente relevante na avaliação do pesquisador é o diferencial entre acesso móvel e fixo que chega aos 32 pontos percentuais na Região Norte.

– Essas discrepâncias evidenciam a falta de infraestrutura de banda larga que obriga os habitantes dessas regiões ao uso do celular para acessar Internet. Cabe destacar que a existência de franquias limitadas na internet móvel, junto com o baixo nível de qualidade de serviço da Internet móvel, geram, de fato, novas clivagens digitais. Assim, aquela porção da população que está desconectada ou que tem somente acesso móvel franquiado e de baixa qualidade nunca terá as mesmas oportunidades dos conectados em termos de acesso a serviços públicos, acesso à informação e instrução via internet ou possibilidade de tornar-se um empreendedor online desenvolvendo, oferecendo e acessando inovação – pondera Luca Belli.

 

Brasileiros estão otimistas sobre o futuro da tecnologia

Um em cada três brasileiros está pessimista em relação ao futuro do planeta. É o que revela levantamento inédito sobre Cenários para o Século XXI realizado pelo portal Vagas.co. De acordo com o estudo, 34% dos respondentes acreditam que no futuro o mundo será pior ou muito pior que hoje. Para 48%, será melhor ou muito melhor. Em 6% das respostas foi constatado que o futuro será igual e 12% informaram que não sabem.

O levantamento foi realizado de 27 a 30 de setembro com 2.999 respondentes, sendo 57% homens e 43% mulheres, com idade média de 33 anos, 74% pertencentes à Região Sudeste, 51% ocupando cargos operacionais e 59% com nível superior completo ou incompleto.

A pesquisa procurou saber em qual mundo os filhos viverão no futuro. Para entender melhor esse cenário, as respostas foram agrupadas em 12 temas: social, educação, tecnologia, mercado de trabalho, saúde, meio ambiente, família, política, segurança, economia, meios de comunicação e alimentação. Os assuntos que mais receberam respostas foram: social (44%), educação (44%) e tecnologia (43%). Num segundo patamar, mercado de trabalho (39%), saúde (38%), meio ambiente (35%) e família (35%). Já as referências de política (21%), segurança (12%), economia (6%), meios de comunicação (6%) e alimentação (3%) tiveram poucas citações. Em cada tema, houve também a divisão entre referências negativas e positivas. Dos 12 temas avaliados, em sete prevaleceram as menções negativas enquanto nos outros cinco dominaram as positivas.

– As referências que mais se destacaram foram em relação ao crescimento tecnológicos e às novas tecnologias que estarão a serviço de todos. Se por um lado o avanço tecnológico trará progresso em vários setores, por outro os respondentes mostraram-se bastante preocupados com os efeitos colaterais deste avanço, como dependência tecnológica e maior distanciamento entre as pessoas. Outras preocupações com o futuro vão desde a uma maior exigência de conhecimentos específicos no mercado de trabalho até máquinas substituindo os homens e dominando o mercado, o que poderá causar desemprego. Apesar dos avanços da medicina, com novas descobertas e pesquisas, foi mencionado também o surgimento de novas doenças e uma preocupação com o sistema de saúde decadente e caro beneficiando poucos. Também há outras preocupações, principalmente com relação à destruição ambiental, escassez de recursos naturais e sistema de educação precário – explica Sylvia Fernandez, coordenadora da pesquisa.

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