osé Cechin, superintendente executivo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), comentou os resultados do estudo “Análise Especial do Mapa Assistencial da Saúde Suplementar no Brasil entre 2014 e 2019”, que mostram que, em cinco anos, as despesas do setor de planos de saúde médico-hospitalares registraram crescimento de 70,8%.
O levantamento foi feito com base nos números do Mapa Assistencial da Saúde Suplementar, publicação anual da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). O relatório ainda traz números de exames, consultas, terapias e internações no período assinalado, além de comparar com dados de outros países para avançar nas discussões sobre ações de prevenção de doenças e promoção da saúde, políticas e práticas do setor.
Nesse período, o número de procedimentos de todos os grandes grupos aumentou, em especial os exames complementares, com crescimento de 28,7%; terapias, com avanço de 27,7%; e internação, que registrou aumento de 13,9%. Em 2019, foram realizados 916,5 milhões de exames complementares, 277,5 milhões de consultas médicas ambulatoriais, 158,8 milhões de outros atendimentos ambulatoriais (sessões/consultas com fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, terapeuta ocupacional, psicólogos e outros), 72,0 milhões de terapias e 8,6 milhões de internações.
“Claro que os dados podem indicar a maior consciência dos brasileiros quanto à importância de se ter um acompanhamento médico ao longo da vida, até mesmo mais importante do que realizar visitas pontuais aos prontos-socorros. No entanto, precisamos estar atentos para a superutilização de exames e procedimentos, especialmente em vista dos possíveis riscos que eles trazem. O exame é recomendado sempre que seus benefícios superam seus riscos. A publicação reforça a necessidade de repensar o setor, aprimorar sua gestão e enfrentar os crescentes desafios com o acelerado envelhecimento da população”, conclui Cechin.
De acordo com ele, a análise mostra que, na saúde suplementar brasileira, o número de exames de ressonância magnética por mil beneficiários passou de 115,4 em 2014 para 179,0 em 2019. Essa taxa é superior à média dos Estados Unidos (128,0), da Islândia (109,3) e do Canadá (54,5), por exemplo, países com os valores mais altos entre os membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O estudo alerta que mesmo representando menos de 1% do total de procedimentos na saúde suplementar, as internações detêm a maior parcela das despesas do segmento. Entre 2014 e 2019, esse tipo de procedimento teve elevação de 70,1% no gasto por parte das operadoras, saltando de 47,3 bilhões para 80,4 bilhões.
Em 2019, as internações responderam por 44,8% do total das despesas do setor, seguidas por R$ 36 bilhões com exames complementares, o que representa 20,1%, e R$ 25,8 bilhões com consultas médicas, 14,1% dos gastos. Além dos gastos com terapias e demais despesas médico-hospitalares.