Despreocupados

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Políticos corruptos podem até achar natural, mas cidadãos comuns precisam, no mínimo, desconfiar de policiais que não estejam preocupados em aumentar seus vencimentos.

Gramática da greve
Como qualquer chefe de Governo, a presidente Dilma não pode transigir com policiais que, em greve ou não, recorram a atos criminosos para amplificar a repercussão do seu movimento. No entanto, até por seu passado, deve ser cautelosa para não aderir à retórica do conservadorismo mais reacionário, ao apresentar atos isolados como responsabilidade do conjunto da categoria. Afinal, algumas das palavras a que recorreu para descartar a possibilidade de anistia a integrantes do movimento dos PMs baianos, do tipo “Se anistiar, vira um país sem regra”, foram proferidas em termos muitos similares por seus algozes da ditadura, quando participou da resistência armada ao regime. O fato de hoje o país viver numa democracia representativa é razão suficiente para combatentes do passado não tratarem questões sociais, como caso de polícia, inclusive quando se trata de cidadãos fardados.

Caos lusitano
Um leitor da coluna em Portugal desde quarta-feira está impressionado com o impacto da crise sobre o cotidiano da população. Segundo ele, a quantidade de mendigos nas ruas de Lisboa lembra a legião de sem-teto em Buenos Aires pouco depois da quebra da Argentina no fim de 2001. Também impressiona a forte tensão social nas ruas, várias das quais pichadas com palavras de ordem racistas, expondo a xenofobia de setores lusitanos com o crescente aumento de migrantes africanos, asiáticos e árabes, cuja presença em alguns lugares parece superar a dos locais.: “Tem de tudo aqui. Não imaginava que a crise fosse tão grave e a TV fala 24 horas da questão econômica”, conta.

Mar de lama
Na Itália, a  política de corte de gastos públicos não financeiros afeta até o cotidiano mais comezinho da população. Em Roma, o prefeito Gianni Alemanno, do direitista Povo da Liberdade (PDL), sequer removeu a neve que caiu ha uma semana, transformando a capital do país num grande lamaçal: “Nem o “salzinho” nas ruas “rolou” e, este fim de semana, vem mais neve por aqui. Está todo mundo reclamando”, conta uma brasileira que vive na Itália.

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Adin
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) entrou com Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) questionando a lei que instituiu a Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas (CNDT). O relator da Adin é o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli. O texto da lei é resultado de anteprojeto de autoria da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), que defende a constitucionalidade da exigência da CNDT para empresas que desejam participar de licitações públicas.

Balão esvaziado
Dez porcento do faturamento da Petrobras saem de Minas Gerais, mas apenas 1% dos investimentos da estatal nos últimos anos foi realizado no estado; nos últimos anos, seis montadoras se instalaram no país e outras ampliaram suas instalações, mas nenhuma foi para Minas, que ainda perdeu para Pernambuco a segunda fábrica da Fiat; 16,4% da malha rodoviária federal estão em terras mineiras, mas apenas 8,4% do efetivo de policiais rodoviários estão baseados no estado; a dívida de Minas com a União passou de R$ 11 bilhões para R$ 64,5 bilhões (dado de 2010). Esses fatos são apresentados pelo senador o Clésio Andrade (sem partido-MG) para comprovar a perda de espaço do seu estado no cenário nacional. Noves fora a pretensão do senador em alçar vôo ao governo local, os dados embaçam a badalada capacidade administrativa e política do ex-governador tucano Aécio Neves.

Boca calada
Diante das evidências de que o assassinato de Mário Randolpho Marques Lopes foi motivado por atividade profissional do jornalista e blogueiro, a Associação Nacional de Jornais (ANJ) insiste junto às autoridades “para que apurem com presteza as circunstâncias do crime”. Randolpho, de 50 anos, conhecido como Boca Maldita, e sua namorada, Maria Aparecida Guimarães, foram mortos quinta-feira, no bairro Coimbra, em Barra do Piraí, no Sul Fluminense.

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