Destruição de empregos na indústria é 3 vezes maior no Brasil

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O Brasil ingressou na pandemia do coronavírus com o mundo do trabalho profundamente debilitado, diferentemente de outras nações. Nos EUA, por exemplo, quase 84% dos empregos destruídos ocorreram no setor de serviços. No Brasil, esse mesmo setor econômico respondeu por menos de 67%.

A diferença encontra-se no fato de que a destruição dos empregos dos brasileiros ter sido quase três vezes mais elevada no setor produtivo, sobretudo na indústria”, destaca o economista Marcio Pochmann, em artigo publicado na RBA.

Em abril, a destruição de empregos na indústria dos EUA correspondeu a menos de 7% do total de demissões. Ao passo que o Brasil representou quase 23%, ou seja, 3,4 vezes maior no Brasil que nos EUA.

O professor da Unicamp mostra que entre o último trimestre de 2014 e o trimestre móvel de novembro de 2019 a janeiro de 2020, que antecedeu a chegada da Covid-19 no país, o total da ocupação aumentou em 1,2 milhão de pessoas, de 92,9 milhões para 94,1 milhões de trabalhadores. Por outro lado, o desemprego, que era de 6,4 milhões de pessoas, aumentou para 11,9 milhões no mesmo período.

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Pochmann ressalta ainda a queda na taxa de assalariamento formal, que passou de 51,3% do total dos ocupados no último trimestre de 2014 (47,7 milhões de empregados) para 47,4% no trimestre móvel anterior à Covid-19 (44,6 milhões de empregados). “Com 3,1 milhões de empregos assalariados formais a menos, nota-se que a ocupação, que aumentou em 4,3 milhões de trabalhadores, foi justamente aquela desprotegida de direitos sociais e trabalhistas.”

O economista apresenta mais dois aspectos: no Brasil, o comércio respondeu por quase 27% do total da destruição dos empregos, e o de lazer e entretenimento, por 18,5%; nos EUA, os percentuais foram de 15% e 37,3%, respectivamente. Finalmente, a administração pública norte-americana responde por quase 5% do total do emprego destruído em abril de 2020. No Brasil, menos 3%.

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