Uma voz moderada entre os extremos, o filósofo político italiano Norberto Bobbio foi mestre em estabelecer diálogos. Em um momento de grande polarização no Brasil, o jornalista, advogado e mestre em Filosofia Nilson Mello lança Política e Direito na Filosofia Convergente de Norberto Bobbio (Publ!t). O embaixador aposentado Mario Augusto Santos destaca, no prefácio do livro, três temas que dialogam com a situação brasileira: a dicotomia público/privado, a sociedade civil e o liberalismo social.
A presença do Estado sempre foi alvo de crítica de parte do setor privado. “Toda vez que se apresenta uma redefinição entre o público e o privado na área econômica, gera-se controvérsia”, lembra Mario Santos. Uma visão complementar, capaz de utilizar ambas as esferas para reduzir a desigualdade social e garantir o desenvolvimento, seria típica do pensamento de Bobbio.
Difícil imaginar uma convergência no Brasil, ainda mais com os erros cometidos por aquela que se convencionou tachar de esquerda e ante uma direita que despreza a soberania nacional. No jogo geopolítico, força-se o país a um alinhamento incondicional – melhor definido como submissão – aos interesses dos Estados Unidos. Romper essa corrente e recuperar a soberania são pontos que podem forjar uma união.
Norberto Bobbio mediou diálogos, mas não se furtou a participar ativamente da resistência ao fascismo de Mussolini.
Negócio fechado
Amigo da coluna que voltou há pouco de Washington e no início do ano passeou pela Europa ressalta algo que o deixa chocado: os Estados Unidos, a Inglaterra e a França tinham as melhores livrarias do mundo. “Isto está se transformando aceleradamente em coisa do passado. A cada vez que passo pelos Estados Unidos e procuro pelas minhas redes de livrarias favoritas, fico pasmo ao ver que inúmeras filiais estão sendo fechadas”.
Não responsabilizem o Trump por isto, destaca: o grande culpado chama-se Jeff Bezzos, hoje a maior fortuna pessoal nos Estados Unidos, dono da Amazon, proprietário do jornal Washington Post e inimigo número 1 do Donald (o presidente).
Desvendando o ‘embromês’
Cessão onerosa no pré-sal – São 5 bilhões de barris de petróleo, entregues pela União à Petrobras, para obter maior participação acionária e como ressarcimento pelos investimentos feitos naquelas áreas de petróleo, descobertas no pré-sal. Para tanto mudou o tipo de contrato de exploração/produção de petróleo existente, o de concessão, passando a adotar os modelos de partilha e de cessão, exclusivamente nas áreas do polígono do pré-sal: as bacias de Campos, Santos e Espírito Santo.
No modelo da cessão, a União cedeu à Petrobras, por preço médio predeterminado, o volume de 5 bilhões de barris. Na cessão, a estatal será a única operadora, e os preços pagos têm uma cláusula de revisão, que devem representar a flutuação do preço de petróleo no mercado internacional em determinado período, de modo que o valor pago seja justo e que represente um valor médio do petróleo. As áreas da cessão onerosa compreendem os Campos de Búzios e as acumulações Iara.
Leiloar o que excedeu essa cessão – volume de petróleo acima do que estava previsto – é entregar reservas no valor de US$ 800 bilhões para serem explorados por estrangeiros, sem muito esforço.
Explique a omissão
O Ministério Público tem obrigação de demonstrar porque as suspeitas levantadas pelo Coaf contra o assessor, motorista e segurança do deputado Flávio Bolsonaro foram descartadas pela Operação Furna da Onça, que levou à prisão dez deputados estaduais do Rio. Ainda mais que a filha do assessor estava, até mês passado, lotada no gabinete do Bolsonaro pai, em Brasília, e recebeu robustas transferências em dinheiro em sua conta.
As explicações, ao menos, serviriam para que não prosseguissem as dúvidas – até o momento robustas – do envolvimento da família Bolsonaro com movimentação financeira atípica.
Moro responde
Será que confissão de caixa 2 é uma prova “robusta”?
Rápidas
O Ibre/FGV lançou nesta sexta-feira o Portal da Inflação, com informações sobre a dinâmica de preços na economia. Uma das ferramentas permitirá ao usuário construir seu “índice de inflação pessoal”: https://portal-da-inflacao.fgv.br/ *** O Sindicato da Construção de São Paulo (Sinduscon-SP) lançou o Guia de Eficiência Energética (https://guiaenergiaedificacoes.com.br/).