O número crescente de afastamentos por doenças ocupacionais, como depressão, ansiedade e a Síndrome de Burnout, tem levado os representantes dos trabalhadores bancários a uma discussão sobre a possibilidade de redução de jornada e acompanhamento psicológico nas empresas. Somente entre 2000 e 2016, mais de 2 milhões de trabalhadores morreram em decorrência de doenças relacionadas ao trabalho. Isso é o que dizem as estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Hoje, o principal fator de risco ocupacional são as extensas cargas horárias, responsáveis por 750.000 mortes em 2016. Para quem trabalha no ramo, a ascensão financeira, o plano de cargos, comissões, salários altos, além de outros acréscimos, eram os principais atrativos do cargo, em uma profissão que há muitos anos é considerada sinônimo de status.
Ao ser promovido para bancário, o colaborador obtinha estabilidade financeira e ferramentas para a construção de um plano de carreira bem-sucedido, mas guardava um segredo obscuro: o desencadeamento de problemas de saúde.
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Uma pesquisa realizada por estudantes da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), que teve como proposta analisar os agentes estressores e o estresse no trabalho como causas da Síndrome de Burnout nos bancários, apontou que, entre os entrevistados, a predominância no tipo de estresse está relacionada principalmente a dois fatores: exaustão emocional e realização profissional.
Quando analisamos a situação, vemos que esses tipos de estresse estão relacionados principalmente à demanda ser superior à capacidade do indivíduo e à baixa realização profissional. Pressões com metas, acúmulo de funções e a sobrecarga caracterizam a realidade da categoria, que apela por mudanças efetivas.
Em 2022, a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), constatou que 53% dos empregados já sofreram assédio moral e 47% já tiveram conhecimento de algum episódio de suicídio entre colegas.
Falar sobre saúde mental nunca foi tão importante em um ramo altamente competitivo. E para que a mudança seja efetiva e os colaboradores resgatem aquele sonho que tinham ao ingressar nos bancos, é necessário que a conversa entre empregador e funcionário seja iniciada de forma democrática, com prós e contras, para soluções práticas. É importante identificar quais pontos podem ser melhorados. Um exemplo disso é a disponibilização de psicólogos no ambiente de trabalho, redução das jornadas de trabalho e áreas para descanso.
Alex Araujo é CEO da 4life Prime Saúde Ocupacional.