Ontem os mercados sentiram um pouco a realização de lucros de curto prazo em commodities e ações líderes. A Bovespa terminou o dia com queda de 0,82% e índice em 120.065 pontos, chegando a perder o patamar de 120 mil, com dólar em queda de 0,47% e cotado no encerramento em R$ 5,33. Os mercados americanos reagiram no final da tarde e o Dow Jones fechou com +0,71% e Nasdaq com +0,22%.
Hoje, os mercados da Ásia terminaram o dia no campo negativo, Europa começando no campo positivo com resultados do trimestre e dados de conjuntura, e futuros do mercado americano com comportamento de queda no início da manhã. Aqui seria importante manter o patamar de 120 mil pontos, adquirir maior consistência e tentar ultrapassar a faixa de 121.500.
Existe grande preocupação com os recordes crescentes da Índia na contaminação pelo vírus da Covid-19, e vários países buscando ajudar. Isso é fundamental para limitar o surgimento de variantes. Aqui, ontem batemos o trágico recorde de mais de 400 mil óbitos e temos que redobrar os cuidados para evitar uma terceira onda do vírus que já assola alguns países.
O dia está sendo marcado pela divulgação de indicadores PMIs em países para o mês de abril e o anúncio de PIBs do primeiro trimestre em diferentes países. No Japão, o PMI industrial de abril subiu para 53,6 pontos, no maior patamar em três anos. Já na China, houve queda para 51,1 pontos, vindo de anterior em 51,9.
Na França, o PIB do primeiro trimestre cresceu 1,5% na comparação anual, de previsão de +1,3%. Na Alemanha, houve queda de 1,7%, de previsão de -1,5%. Na Itália, queda de 0,4%, mas entrando em recessão técnica. Na Zona do Euro, PIB encolhendo 0,6%, mas com a segunda recessão em apenas um ano. Ainda na Eurozona, a inflação medida pelo CPI de abril subiu para 1,6% na comparação anual e núcleo em +0,8%. A taxa de desemprego caiu para 8,1%.
No mercado internacional, dia de petróleo novamente em queda com preocupação com a Covid-19, perdendo 1,49% e barril cotado a US$ 64,04. O euro era transacionado em queda para US$ 1,21 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,64%. O ouro em alta e a prata em queda na Comex e commodities agrícolas com comportamento misto.
Aqui, o Senado aprovou a quebra de patente das vacinas da Covid-19 por placar de 55X19. O Conselho Monetário flexibilizou regras e prorrogou prazos no crédito rural e o STF deixou para a próxima semana o julgamento do processo bilionário de excluir PIS e o Cofins do cálculo do ICMS.
A agenda do dia ainda possui poder para mexer com os mercados, mas o dia enfraquecido pode comprometer o desempenho de recuperação da Bovespa, provocar realizações de lucro no câmbio e juros mais altos.
Ontem, o dia começou bem nos principais mercados acionários do mundo, perdendo força ainda durante a manhã e recuperando um pouco mais para a tarde. Observamos realizações de lucros recentes em algumas ações que tinham subido forte, larga expectativa com resultados de empresas de tecnologia, que divulgam os números do trimestre, e ajustes por conta de indicadores anunciados. No exterior, a Turquia falou em aperto monetário antes do previsto. Na Alemanha, a inflação preliminar pelo CPI (consumidor) de abril, mostrou alta de 0,7%, maior que a prevista, e taxa anual de 2%, quando o previsto era de 1,8%. Também ontem, em reunião do Parlamento Europeu, as críticas ao presidente Bolsonaro sobre pandemia permearam os debates.
Segundo o FMI, os emergentes gastaram apenas 6% do PIB com a pandemia, enquanto os países desenvolvidos chegaram a 27%. Também identificaram que os emergentes sofrem com risco de aperto monetário, principalmente por parte dos EUA. Já o Banco Mundial enxerga a crise na América Latina pior do que está sendo vista.
Nos EUA, tivemos a divulgação dos pedidos de auxílio-desemprego, o número ficou em 553 mil, quando o previsto era que ficasse em 529 mil. O PIB do primeiro trimestre em sua primeira leitura ficou levemente menor que o previsto, em taxa anualizada de 6,4%. No quarto trimestre tinha subido 4,3%. Já o PCE de gastos com consumo evoluiu anualizado em 3,5%, com o núcleo em +2,3%. Essa medida é a preferida pelo Fed.
No mercado internacional, o petróleo WTI, negociado em Nova Iorque, mostrava alta de 1,74%, com o barril cotado a US$ 64,97. O euro era transacionado em alta para US$ 1,213 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros em 1,675%. O ouro e a prata viraram para quedas na Comex e commodities agrícolas com comportamento misto na Bolsa de Chicago. O minério de ferro negociado em Qingdao, na China, anotou queda de 0,48%, com a tonelada em US$ 191,60.
No segmento doméstico, a inflação medida pelo IGP-M em abril foi de 1,51%, desacelerando de 2,94% no mês anterior. No acumulado de 2021 está em 9,89% e em 12 meses com 32,02%. O Bacen anunciou volume de crédito ao final de março de R$ 4,10 trilhões, com expansão de 1,5%. A inadimplência seguiu comportada em 2,9% e o spread caiu para 22,5%, de 22,9%. O endividamento das famílias em 57% é baixo para o padrão local e o comprometimento da renda em 30,9%. Já a concessão de crédito livre cresceu 28,2% em março e juros do rotativo no cartão de crédito subiu para 334,9% aa.
O Tesouro Nacional anunciou que o Governo Central teve superávit em março de R$ 2,10 bilhões, e no trimestre com superávit de R$ 24,44 bilhões. Mas o déficit primário em 12 meses está em 9,5% do PIB. O déficit do INSS em março foi de R$ 20,05 bilhões. O governo projeta dívida bruta de 87,2% do PIB em 2021. O crescimento menor do PIB torna a consolidação fiscal mais custosa, situação já identificada pelo FMI. As receitas cresceram 20,4% sobre igual período de 2020 e despesas menores em 3,1%. Não enxergamos consistência nesse resultado de março, até por conta de despesas contidas pela antivigência do Orçamento de 2021.
O BNDES suspendeu a cobrança de empréstimos de pequenas empresas no montante de R$ 2,9 bilhões. Do lado político, a farmacêutica do Sputnik diz que abrirá processo contra a Anvisa por informações falsas sobre a vacina e o Brasil superou a marca de 400 mil óbitos pela Covid-19.
No mercado, a quinta foi dia de dólar em queda de 0,47% no fechamento e cotado a R$ 5,33. Na Bovespa, na sessão do dia 27, os investidores estrangeiros voltaram a sacar recursos no montante de R$ 149,3 milhões, mas em abril o saldo é positivo em R$ 6,8 bilhões e no ano com ingressos líquidos de R$ 19 bilhões. No mercado acionário, dia de queda da Bolsa de Londres de 0,03%, Paris com -0,11% e Frankfurt com -0,90%. Madri com alta de 0,25% e Milão com -0,74%. O Dow Jones encerrou com +0,68% e Nasdaq com +0,22%. Na Bovespa, dia de -0,82% e índice em 120.065 pontos, com Vale se destacando perto da estabilidade.
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Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do Banco Digital Modalmais