Segunda-feira pode ser de recuperação

386
Bovespa (Foto: ABr/arquivo)
Bovespa (Foto: ABr/arquivo)

O mês de abril foi embora deixando valorização na Bovespa de 1,94%, com índice em uma zona de perigo em 118.893 pontos, no ano com queda de 0,10%. O dólar fechou o mês cotado em R$ 5,43, após ter transitado acima de R$ 5,80.

Hoje, feriado na China e Japão, os mercados da Ásia encerraram o dia fracos. Na Europa o dia começou forte, mas já desacelerando das máximas alcançadas. Nos EUA, os índices futuros também operam no campo positivo, mas também abaixo das máximas registradas. Aqui, seria bom retomarmos o patamar de 120 mil pontos e afastar um pouco o risco de precipitações, para buscar objetivo na casa de 121.500 pontos. Perder o patamar atual poderia deflagrar necessidade de buscar zonas de suporte inferiores.

No mundo, grande preocupação com os recordes de infecção pela Covid-19 na Índia. Nesse ambiente, Narendra Modi mostra possível perda nas eleições do final de semana. Os EUA vão fornecer vacinas para a Índia, ao mesmo tempo, em que discutem com a OMC (Organização Mundial do Comércio) a distribuição para outros países. O Brasil mudou o discurso e agora pede doações de vacinas ao exterior.

Na Alemanha, tivemos a divulgação das vendas no varejo de março, surpreendendo positivamente com alta de 7,7%, quando o esperado era +2,6%. Já o PMI industrial de abril mostrou queda para 66,2 pontos, quando o previsto era 66,4. Na Zona do Euro, o PMI industrial de abril subiu para 62,9 pontos, quando a previsão era de 63,3.

Espaço Publicitáriocnseg

A União Europeia está propondo, em comissão, que haja abertura do bloco para trânsito de pessoas já totalmente vacinadas. No mercado internacional, o petróleo WTI, negociado em Nova Iorque, mostrava queda de 0,42%, com o barril cotado a US$ 63,31. O euro era transacionado em alta para US$ 1,205 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,63%. O ouro e a prata tinham altas na Comex e commodities agrícolas com viés de alta na Bolsa de Chicago.

No segmento local, no dia do trabalho, aconteceram muitas manifestações pró e contra o governo e principalmente STF, com os prováveis candidatos, Lula e Ciro Gomes fazendo elaboradas campanhas nas mídias. Já o presidente da Câmara, Arthur Lira, indicou que a reforma tributária pode mesmo ser fatiada, começando pelas mais simples, sem resistências, e passando para as mais complicadas. Também disse que o imposto digital estudado não pode ser comparado com a CPMF de 20 anos passados.

O ministro Paulo Guedes, depois de promover “dança das cadeiras” em sua equipe, admitiu em entrevista no final de semana que Bolsonaro reduziu seu apoio para sua agenda liberal. Já a Fipe anunciou o IPC fechado de abril com inflação em desaceleração para 0,44%, vindo de anterior em 0,71%, acumulando alta no ano de 2,25% e em 12 meses de 7,79%.

Na agenda do dia, indicadores que podem mexer um pouco com os mercados e nos EUA os investimentos em construção do mês de março. Expectativa para o início do dia de Bovespa começando em alta, dólar fraco mesmo com realizações anteriores e juros em queda.

A semana que passou foi completamente intensa em termos de agenda, seja no que tange a dados de conjuntura, mas também com a continuidade da safra de balanços. Claramente isso acaba provocando ajustes de posições, algumas realizações de lucros e rotação de ativos. O mercado americano, mesmo com a divulgação de dados de conjuntura positivos e tranquilidade manifesta do Fed, e de seu presidente, acabou oscilando um pouco e travando a performance de outros mercados. Não bastasse isso, aqui, os investidores ainda estavam estressados com o quadro fiscal, crise política, contaminação elevada e mortes pela Covid-19. Esses fatores acabaram dando o tom.

Na sexta, logo cedo tivemos a divulgação de PIB em diferentes países para o primeiro trimestre de 2021, mostrando a Zona do Euro em segunda recessão em um ano, Itália na mesma direção e a Alemanha com forte contração de 1,7%. Pouco mais tarde saiu o PIB do México com expansão de 0,4% no primeiro trimestre e o da Espanha com -0,5%.

Nos EUA, a renda pessoal cresceu 21,1%, enquanto o gasto com consumo subiu 4,2% em março. A inflação medida pelo deflator de consumo PCE de março subiu 0,5% e núcleo +0,4%. Ainda lá, o ISM da atividade de Chicago expandiu até 72,1 pontos em abril, quando o previsto eram 65. O mesmo aconteceu com a confiança do consumidor de Michigan de abril em alta para 88,3 pontos, de previsão de ficar em 87,4.

Mas Robert S. Kaplan, do Fed de Dallas, começou voz discordante dizendo ser apropriado começar a discutir ajustes na compra de bônus. O Fed também disse estar monitorando o risco dos bancos, mas até aqui a posição de capital e liquidez se mostra robusta. Os EUA também noticiaram que a média móvel da semana, a Covid-19 mostrou queda nos casos de infecção de 16,2% e em óbitos de 8,2%. Na China, o Politburo identifica recuperação desigual e vai fortalecer a economia real.

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) registrou que o fluxo global de Investimento Externo Direto (IED) em 2020 encolheu 38%, para US$ 846 bilhões. No mercado internacional, o petróleo WTI, negociado em Nova Iorque, mostrava queda de 2,09% (esteve pior), com o barril cotado a 63,65. O euro tinha queda forte para US$ 1,20 e notes americanos de 10 anos também com boa queda dos juros para 1,625%. O ouro em alta e a prata com queda na Comex e commodities agrícolas com leve viés de alta. O minério de ferro teve mais um dia de queda em Qingdao, na China, de 1,44%, com a tonelada em US$ 188,85.

No segmento local, começa a vingar a orientação de fatiar a reforma fiscal, com essa ideia confirmada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, confirmando ao mesmo tempo, em que diz que receberá o relatório da reforma na próxima segunda-feira.

O IBGE divulgou dados da PNAD contínua do trimestre encerrado em fevereiro, com a taxa de desemprego em 14,4%. A população desocupada cresceu para 14,4 milhões, a população inativa em 76,4 milhões e a ocupada em 85,9 milhões. Os desalentados somavam 5,9 milhões de pessoas e o emprego com carteira assinada caiu para 29,7 milhões. A taxa de informalidade atingiu 39,6%.

Já o BC anunciou que a dívida pública bruta de março atingiu 89,1% do PIB e a líquida em 61,3%. O superávit de março foi de R$ 4,98 bilhões, e no ano atingiu R$ 51,6 bilhões. O déficit nominal no ano é de R$ 67,6 bilhões e em 12 meses chegou a R$ 973 bilhões, descendo da casa de trilhão de reais dos últimos três meses. Em abril devemos voltar a ter déficit e os números de março da dívida foram afetados pela devolução de recursos pelo BNDES e pelo câmbio. O leilão de blocos de concessão da Cedae foi bem-sucedido com R$ 22 bilhões arrecadados, mas sem ofertas para o bloco 3.

No mercado, a sexta-feira foi dia de dólar em fechamento de mês, com a PTAX terminando em R$ 5,404 e dólar à vista com encerramento de +1,79% e cotado a R$ 5,43. Na Bovespa, na sessão de 28/04, os investidores estrangeiros voltaram a alocar recursos no montante de R$ 575 milhões, deixando o saldo de abril positivo em 7,4 bilhões e o ano de 2021 com ingressos líquidos de R$ 16,56 bilhões. No mercado acionário, a Bolsa de Londres ainda fechou em alta de 0,12%, Paris com -0,53% e Frankfurt com -0,12%. Madri e Milão com quedas de respectivamente 0,09% e 0,56%. No mercado americano, dia de Dow Jones com -0,54% e Nasdaq com -0,85%. Na Bovespa, dia de mercado em queda de 0,98% e índice em 118.893 pontos, sendo possível observar rebalanceamento de carteiras pela mudança de ponderação dos índices.

.

Alvaro Bandeira

Sócio e economista-chefe do Banco Digital Modalmais

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui