IGP-DI registrou alta menor que a esperada em fevereiro
O IGP-DI registrou alta de 0,79% em fevereiro, desacelerando em relação a leitura anterior, quando apresentou elevação de 1,53%, conforme divulgado nesta manhã pela FGV. O resultado ficou abaixo da mediana de expectativas do mercado, que projetava alta de 1,00%. A desaceleração do indicador foi generalizada entre seus componentes, com destaque para o menor avanço do IPA industrial, que passou de 1,24% para 0,36% entre janeiro e o mês passado. No mesmo sentido, o IPA agrícola oscilou de uma expansão de 2,58% para outra de 2,02%. O IPC também desacelerou no período, de 1,78% para 0,76%, refletindo o comportamento de altas inferiores às registradas no mês anterior de seis de seus oito componentes. Em contrapartida, o INCC acelerou em fevereiro, ao passar de 0,39% para 0,54%, pressionado pelo maior custo de mão de obra. Para os próximos meses, esperamos continuidade da desaceleração do IGP-DI, diante das menores elevações dos IPAs agrícola e, principalmente, industrial.
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SETOR EXTERNO
MDIC: balança manteve desempenho positivo na primeira semana de março
O saldo da balança comercial brasileira na primeira semana de março foi positivo em US$ 1,239 bilhão, de acordo com os dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). De um lado, as exportações somaram US$ 3,124 bilhões, valor 1,2% superior a março de 2015, quando usado o critério das médias diárias. Essa alta foi impulsionada pelo forte desempenho dos embarques de manufaturados, que cresceram 15,6%, e pela alta de 3,6% dos produtos semimanufaturados. Esse desempenho positivo dos produtos manufaturados e semimanufaturados acabou compensando a queda de 10,3% nas exportações de básicos. De outro lado, as importações somaram US$ 1,885 bilhão, o equivalente a uma queda de 37,3%, quando comparada a média diária de março deste ano com o mesmo mês de 2015. Destaque para o recuo dos gastos com combustíveis e lubrificantes (45,1%), equipamentos eletroeletrônicos (43,2%), equipamentos mecânicos (38,7%) e veículos automóveis e partes (53,4%). A despeito do forte resultado da balança na primeira semana, esperamos certa moderação ao logo do mês, fazendo com que o saldo encerre março próximo de US$ 3,0 bilhões, em linha com nosso cenário de continuidade do ajuste das contas externas em 2016, majoritariamente impulsionado pelo fraco desempenho das importações.
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INTERNACIONAL
Área do Euro: investimentos impulsionaram o crescimento do PIB no quarto trimestre
A segunda prévia do PIB da Área do Euro exibiu crescimento de 0,3% da economia do bloco no quarto trimestre. O resultado ficou em linha com a primeira prévia e sucedeu expansão de mesma intensidade nos três meses anteriores. A maior contribuição partiu da formação bruta de capital fixo, que avançou 1,3% no período. Na mesma direção, os gastos do governo e o consumo privado cresceram 0,6% e 0,2%, respectivamente. Por outro lado, as exportações líquidas retiraram 0,4 p.p. do PIB. Entre os países da Área do Euro, o melhor desempenho ficou com a Espanha, que teve expansão de 0,8%. Alemanha e França tiveram o mesmo crescimento da região. Com isso, em 2015 a economia europeia cresceu 1,6%. Para este ano, ainda que a atividade econômica venha dando sinais de acomodação, projetamos que o PIB deva repetir o desempenho do ano passado.
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China: exportações e importações fracas em fevereiro continuam impondo viés de baixa para as
expectativas de crescimento neste ano
As exportações chinesas recuaram 25,7% em fevereiro, após queda de 11,2% exibida em janeiro e expectativa de retração de 14,5%. Da mesma forma, as importações caíram 13,8%, frustrando o consenso que esperava variação negativa de 12%, ante recuo de 18,8% observado em janeiro. Sabemos que essas variações são influenciadas pelo feriado do ano novo lunar. Assim, comparando o resultado dos dois primeiros meses deste ano com o mesmo período do ano passado, as exportações e importações registraram quedas respectivas de 17,8% e 16,7% – o que é bastante fraco. Para tanto, houve retração dos embarques para os principais destinos e houve uma melhora na quantidade importada de commodities, tendo em vista que os preços em níveis reduzidos
têm motivado a antecipação das compras. De modo geral, portando, continuamos com sinais que apontam uma desaceleração mais intensa e permanente da economia chinesa. Entendemos que alguns estímulos fiscais poderão dar certo suporte e que alguma capacidade ociosa poderá ser fechada. Mas, diferentemente da reação dos mercados nos últimos dias, acreditamos que isso não será suficiente para reverter a tendência atual.
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TENDÊNCIAS DE MERCADO
As Bolsas asiáticas encerraram o pregão de hoje em queda, com exceção do mercado de Shanghai, que apresentou ganhos, a despeito do fraco resultado da balança comercial chinesa. No mesmo sentido, as Bolsas europeias e os índices futuros norte-americanos registram novas perdas nesta manhã.
Entre as commodities, o petróleo reverte a trajetória de alta observada nos últimos dias, acompanhado pelas principais agrícolas. Já as metálicas industriais apresentam movimentos distintos, com elevação dos preços de alumínio e baixa do cobre. O preço do minério de ferro na China, por sua vez, sustenta o avanço registrado na véspera. A menor cotação do petróleo enfraquece as principais moedas ante o dólar neste momento, com exceção do iene, cuja valorização reflete a maior cautela nos mercados internacionais. No Brasil, os principais ativos deverão reagir à expansão menor que a esperada do IGP-DI.
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Octavio de Barros – Diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos – Bradesco