Dificuldade de acesso a insumos afeta 22 entre 25 setores da indústria

248
Indústria de calçados (Foto: Miguel Ângelo/CNI)
Indústria de calçados (Foto: Miguel Ângelo/CNI)

A guerra na Ucrânia e os lockdowns (confinamentos) em regiões industriais da China estão prolongando um problema que começou com a pandemia em 2020: a escassez ou o encarecimento de insumos afeta 22 de 25 setores da indústria, revela levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo a entidade, há oito trimestres seguidos as indústrias citam a dificuldade de acesso a matérias-primas como o principal problema. No segundo trimestre deste ano, o setor mais afetado foi o das indústrias de impressão e reprodução, com 71,7% das empresas citando o problema. Em seguida, vêm os setores de limpeza, perfumaria e higiene pessoal (70%) e indústrias de veículos automotores (69,8%).

Apenas três segmentos da indústria não mencionaram a falta ou os preços altos das matérias-primas como o principal problema. Entre as indústrias de couros e artefatos de couro o problema apareceu em terceiro lugar, citado por 37,2% das empresas entrevistadas. Nos segmentos de móveis (38,7%) e de manutenção e reparação (45,5%), o problema ficou em segundo lugar na lista.

Para a economista da CNI, Paula Verlangeiro, cerca de metade da produção industrial é consumida como insumo pela própria indústria. Dessa forma, a escassez ou os preços altos dos insumos não atingem apenas os fabricantes e se disseminam pela cadeia produtiva, atingindo o consumidor por meio de aumento de preços ou de queda na produção.

De acordo com a economista, os gargalos na cadeia logística e produtiva provocados pela pandemia de Covid-19, que persistiam desde o fim de 2020, foram agravados neste ano com a guerra entre Rússia e Ucrânia e os severos confinamentos na China. Esses dois últimos fatores atrasaram a normalização das cadeias globais de insumos, que ainda não tinham se recuperado da pandemia.

Espaço Publicitáriocnseg

A pesquisa revela, ainda, que os empresários acreditam que a situação se normalizará apenas em 2023. Além dos gargalos no acesso a matérias-primas, a pesquisa da CNI revelou que a alta dos juros preocupa a indústria brasileira. Segundo o levantamento, 16 dos 25 dos setores analisados consideram as recentes elevações da taxa Selic (juros básicos da economia brasileira) como um dos cinco principais problemas econômicos.

Para segurar a inflação, o Banco Central elevou a taxa Selic de 2% ao ano, em agosto de 2020, para 13,25% ao ano atualmente. Na avaliação da CNI, a alta é excessiva e prejudica a produção, o consumo e o emprego, ao encarecer o crédito. Segundo a entidade, a preocupação com a taxa de juros cresce há cinco semestres seguidos, sendo cada vez mais citada pelos empresários industriais. Na divisão por setores, os segmentos de produtos diversos e de veículos automotores mencionaram a Selic como o segundo maior problema atual. Nos setores de alimentos, madeira, máquinas e equipamentos, materiais elétricos, metalurgia, têxteis e vestuário e acessórios, o item ocupa o terceiro lugar.

O Índice de Confiança da Indústria (ICI), da Fundação Getulio Vargas (FGV), recuou 1,7 ponto na passagem de junho para julho deste ano, depois de três altas consecutivas. Com o resultado, o indicador chegou a 99,5 pontos, em uma escala de zero a 200 pontos. Na média móvel trimestral, o indicador ainda apresenta alta: 0,7 ponto. Em julho, 11 dos 19 segmentos industriais pesquisados pela FGV tiveram queda na confiança.

O principal recuo foi observado no Índice de Expectativas, que mede a confiança do empresariado da indústria brasileira em relação ao futuro e que perdeu 2,6 pontos, atingindo 97,6 pontos.

O Índice da Situação Atual, que mede a percepção sobre o presente, também recuou, mas de forma mais moderada, perdendo 0,9 ponto e chegando a 101,4 pontos.

O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) aumentou 0,9 ponto percentual em julho e atingiu 82,3%, o maior nível desde março de 2014.

 

Com informações da Agência Brasil

Leia também:

Aumento nos insumos é o maior problema da construção há 24 meses

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui