Dilemas da privacidade no metaverso

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Metaverso (ilustração Gerd Altmann, Pixabay, CC)
Metaverso (ilustração Gerd Altmann, Pixabay, CC)

Diversos produtos fracassaram por serem considerados excessivamente invasivos

 

Antes de entrar no tema do metaverso, convém rememorar que um fator de tomada de decisão das pessoas é a privacidade e sua possível invasão evidentemente não o único, mas um fator relevante. Pode-se observar que certos produtos não tenham “dado certo” no mercado, alguns sequer foram lançados ao público, em razão da percepção dos indivíduos que o produto era excessivamente invasivo.

Com isso em mente, o que o metaverso tem a ver com tudo isso? De certo modo podemos afirmar que o metaverso é um produto bastante invasivo, dado que os óculos de realidade virtual (VR), necessários para acessar o metaverso, coletam um grande leque de informações do usuário.

Uma das funcionalidades do metaverso é que os óculos monitoram o movimento físico da pessoa, como das mãos, por exemplo, ou seja, é possível realizar atividades de perfilação, ou seja, com base nesses dados e cruzá-los com outros, como idade, estado de saúde etc. No entanto, um dos grandes desafios é o de transparência, como por exemplo, tornar claro quais dados são coletados por aplicativos e jogos? Como são usadas essas informações?

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Digamos que o usuário utilize um aplicativo de fitness/exercícios, o que é efetivamente monitorado, com quem e como esses dados são compartilhados, como esses dados são cruzados com outros? Esse potencial estado opaco será negativo à própria tecnologia. Como as pessoas vão utilizar óculos de realidade virtual e entrar no metaverso se não entendem esse ambiente e, ao mesmo tempo, possuem a com uma de estarem em um ambiente que as controla e monitora continuamente?

O metaverso se propõe a ser uma nova internet, não sabemos ainda o seu impacto, pois ainda é uma tecnologia disruptiva. Imagine viver em um mundo onde publicidade é transmitida diretamente para você e não é possível “desligar” essa publicidade? Você será impactado sem poder sequer contestar.

Nesse contexto, não se trata apenas de impedir um cenário como o descrito acima, mas dar segurança para os consumidores e motivos para engajarem em ferramentas de VR e no próprio metaverso. Afinal de contas, se os consumidores se sentem inseguros e vigiados constantemente, porque eles utilizarão essa tecnologia? O fracasso de diversos produtos, considerados excessivamente invasivos, pode ser creditado, entre outros motivos, a essa percepção dos usuários, e seguir esse caminho não se mostra adequado para ninguém, tanto para as empresas quanto para os consumidores.

 

Luciano Del Monaco é sócio da Daniel Advogados.

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