A presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), o Banco do Brics, Dilma Rousseff, criticou nesta segunda-feira o uso do dólar como “papel de reserva internacional” e expressou sua preocupação com o papel da moeda dos EUA como “moeda hegemônica” no sistema monetário internacional.
“Existe uma dicotomia, que é o fato de o dólar ser uma moeda doméstica, nacional, e cumprir o papel de reserva internacional”, disse a ex-presidente do Brasil durante a abertura do evento “Estados do Futuro”, que acontece este ano no Rio de Janeiro paralelamente à reunião do Grupo dos 20 (G20) que discute modelos de Estado para o desenvolvimento sustentável e socialmente justo.
Dilma Rousseff destacou que “o preconceito contra a atuação do Estado tem sido questionado pela atuação das economias desenvolvidas, que adotaram políticas industriais para enfrentar a sua própria desindustrialização, produzida tanto pelas políticas neoliberais quanto pela atuação do dólar como moeda hegemônica no sistema monetário internacional”.
Acrescentou que “isto cria contradições, por exemplo, como é possível praticar uma política de taxas de juro baixas para reindustrializar as economias desenvolvidas e, ao mesmo tempo, reindustrializar um país que precisa de um dólar fraco e de taxas de juro baixas para ser competitivo e reduzir a sua défice da balança corrente e também o seu excedente de capital”.
“Estas contradições criaram também o desafio de uma mudança na forma como a globalização é produzida e aumentaram tanto o protecionismo como as políticas de desequilíbrio e gestão de riscos praticadas pelos Estados Unidos e pela Europa, produzindo um protecionismo nunca antes visto”, afirmou a presidente do NBD.
“Portanto, nas economias desenvolvidas, a mão que deveria ser mais invisível está se tornando a mão mais visível do Estado, praticando uma política industrial ativa e uma intervenção clara, tanto na economia nacional como internacional”, frisou.
Com Agência Xinhua