O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, determinou ontem a intimação do líder do PL na Câmara, o deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), para que explique em 48 horas declarações suas sobre a existência de um acordo para a distribuição de emendas de comissão.
Dino é relator das ações em que o Supremo, Congresso e governo concordaram com um plano de trabalho para dar mais transparência e rastreabilidade na indicação de bilhões de reais em emendas parlamentares ao Orçamento da União. Para o ministro, a eventual existência de um acordo político paralelo pode afetar a execução do plano, e por isso deve ser esclarecida pelo líder do PL.
“As declarações atribuídas ao líder do PL na Câmara, Deputado Sóstenes Cavalcante, se verdadeiras, poderiam indicar que emendas de comissão estariam novamente em dissonância com a Constituição Federal e com a Lei Complementar nº 210/2024”, afirmou o ministro, referindo-se à lei sancionada em novembro para disciplinar a distribuição de emendas.
Em entrevista ao jornal O Globo, Sóstenes disse haver um acordo com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para distribuição desse tipo de emenda parlamentar, mas que o pacto poderia ser quebrado se não for pautado o projeto sobre a anistia para presos e réus envolvidos com os atentados do 8 de janeiro de 2023.
Segundo o jornal, Sóstenes disse que o acordo com Motta prevê que 30% das emendas a que as comissões da Câmara têm direito fiquem com o partido que preside cada colegiado, e os outros 70% sejam distribuídos pelo presidente da Câmara aos demais partidos.
“Se for preciso uma medida extrema, vamos desrespeitar esse acordo e passar a gerenciar 100% do valor das emendas das comissões que presidimos, dividindo o montante entre os deputados que votaram pela urgência da anistia”, disse Sóstenes, conforme publicado na sexta-feira pelo jornal O Globo.
A fala foi reproduzida na decisão de Dino que mandou o líder do PL explicar tal acordo. “Esses esclarecimentos, ora requisitados, associam-se ao dever do Relator de assegurar o fiel cumprimento do Acórdão do Plenário do STF, no tocante ao fim de qualquer modalidade de ‘orçamento secreto'”, escreveu o ministro.
Dino afirmou que a eventual explicação permitirá “uma melhor análise quanto a estes fatos novos revelados pelo multicitado Líder Partidário”. Após a manifestação do parlamentar, o ministro disse que deverá fazer “a análise de novas medidas eventualmente necessárias”.
Em seu perfil na rede social X, Sóstenes disse ter sabido pela imprensa sobre a intimação para prestar esclarecimentos sobre “manifestações políticas realizadas no exercício do meu mandato”. O deputado disse que, ao ser notificado oficialmente, vai responder “com a firmeza, transparência e equilíbrio necessário!”.
O líder do PL acrescentou que “o Parlamento é livre. Deputado eleito pelo povo não se curva a ameaças de ministro do STF”.
Agência Brasil
Leia também:
-
Moraes reúne chefes do MP e presidente da Câmara para discutir operações policiais e crime organizado
Moraes reúne chefes do MP e Hugo Motta para discutir operações policiais e projeto sobre crime organizado.
-
Lula: ‘O mundo ainda está distante de atingir o objetivo do Acordo de Paris’
Presidente observou que América Latina, Ásia e África são as regiões que correm o maior risco de se tornarem inabitáveis nas próximas décadas
-
Por unanimidade, 1ª Turma do STF rejeita recursos e deixa Bolsonaro mais perto da Papuda
STF julga em plenário virtual recursos de Bolsonaro e aliados no caso do golpe; falta apenas o voto da ministra Cármen Lúcia.
-
Suprema Corte dos EUA libera regra de Trump que impede identificação de pessoas trans em passaportes
Suprema Corte dos EUA restabelece política de Trump que impede pessoas trans de usar identidade de gênero em passaportes.
-
STF adia avaliação médica de Bolsonaro até definir onde ele cumprirá pena
STF adia decisão sobre avaliação médica de Bolsonaro até definir onde ele cumprirá pena de 27 anos.
-
Isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil é aprovada
Senado aprova isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil; Lula e centrais sindicais celebram avanço da justiça tributária.





















