Direita fecha a Usaid, agência do imperialismo criticada pela esquerda

Fechamento da Usaid não significa fim das intervenções dos EUA; no Brasil, a agência influenciou a política de educação da ditadura

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Militares carregam caixas da Usaid
Militares carregam caixas da Usaid (foto reprodução Facebook Usaid)

Criticada pela esquerda, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) foi fechada pela direita. Não pelos mesmos motivos, claro. Por trás da justificativa de reduzir custos, Donald Trump e Elon Musk querem assumir o controle de bilhões gastos para expandir o imperialismo econômico das empresas dos EUA.

Segundo o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio – que assumiu interinamente o controle da agência – o problema da Usaid não eram seus programas, que devem ser mantidos, mas sim o fato de ela agir independentemente do Departamento de Estado, cita a agência de notícias russa Sputnik.

Sob o disfarce de programas de direitos humanos e defesa da democracia, a Usaid financiou políticos, ONGs e meios de comunicação para garantir os interesses dos EUA. As “revoluções coloridas”, em grande parte, contaram com recursos da Agência. Vem daí a oposição da esquerda – e não se trata aqui da defesa de políticas identitárias, por mais que algumas possam ser justas, ou de ajuda humanitária, que auxiliou muitas populações.

A Usaid “realizou funções de organização propagandista que participou das revoluções coloridas e mudanças de regime em vários países, bem como de atos terroristas”, acusou o filósofo russo Alexander Dugin em entrevista à Sputnik.

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Até 2014, US$ 373 milhões do US$ 1,09 bilhão gasto na Ucrânia por Washington foram alocados através da Usaid. Entre 2014 e 2022, a Agência já foi responsável por US$ 1,2 bilhão dos US$ 2,8 bilhões alocados aos programas ucranianos pelos EUA, segundo a Sputnik.

O analista político norte-americano baseado em Moscou Andrew Korybko acredita que o fim da Usaid não representa o fim das intervenções dos Estados Unidos na política doméstica de outros países, uma vez que ela não está sozinha nesta tarefa. “Nem todo projeto da Usaid tem relação com a CIA”, mas a CIA muitas vezes se aproveitava dos agentes da Usaid. “Consequentemente, muitos programas que lidam com questões socioculturais provavelmente serão cortados, enquanto o financiamento da mídia estrangeira e o treinamento de quadros políticos provavelmente continuarão.”

No Brasil, a Usaid marcou presença apenas 2 meses após o golpe de 1964, por meio de acordos – mantidos em segredo por 2 anos – com o Ministério da Educação (MEC). “O conteúdo dos acordos MEC-Usaid foi a base de uma reforma do ensino voltada para as necessidades imediatas da economia e os interesses do mercado”, analisa o Memorial da Democracia. Houve redução de 1 ano de estudo e da carga horária de ciências humanas; matérias como filosofia e latim saíram; e houve a adoção obrigatória do estudo de inglês. Os acordos previam ainda a substituição da universidade pública por fundações e universidades particulares.

Segundo portal da Faculdade de Economia da Unicamp, “a ‘ajuda externa’ para a educação tinha por objetivo fornecer as diretrizes políticas e técnicas para uma reorientação do sistema educacional brasileiro, à luz das necessidades do desenvolvimento capitalista internacional” para “garantir a adequação de tal sistema de ensino aos desígnios da economia internacional, sobretudo aos interesses das grandes corporações norte-americanas”. Os acordos MEC–Usaid “tiveram influência decisiva nas formulações e orientações que, posteriormente, conduziram o processo de reforma da educação brasileira na Ditadura Militar”.

Como disse o ex-deputado Márcio Moreira Alves, na introdução do seu livro Beabá dos MEC–Usaid, os acordos são “um verdadeiro bê-á-bá do imperialismo, através do condicionamento das gerações. Os exemplos históricos, desde o Império Romano, demonstram ser esta a forma mais segura de manutenção imperial”.

Poderes privados

Para Karl Mannheim, citado por Luiz Gonzaga Belluzzo, deve-se temer menos os governos, que podemos controlar e substituir, e muito mais os poderes privados que exercem sua influência no “interior” das sociedades capitalistas.

Rápidas

Isabelita dos Patins
Isabelita dos Patins (foto de Bayard Boiteux)

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