“A Espanha, nas eleições de domingo, está entre a direita e a direita. Por mais que o PSOE busque recuperar o discurso, seus porta-vozes de hoje estão afônicos. Mas a Espanha não é um caso isolado. A esquerda está nas ruas, com os indignados do mundo inteiro, mas sem líderes, sem projetos e sem programas.” A avaliação é do experiente jornalista Mauro Santayana, em artigo no portal da Carta Maior.
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Para Santayana, mesmo que quisessem, os indignados espanhóis não teriam em quem votar: “Em seu desconsolo, tanto faz sufragar Rubacalba (Alfredo, PSOE) quanto Rajoy (Mariano, do PP). Por isso mesmo espera-se a vitória do conservador, por ser uma alternativa ao que já se conhece”, destaca.
Comparável
Os patéticos apelos dos líderes dos partidos europeus, cujas siglas insistem em manter referências a idéias de esquerda, para que seus eleitores votem contra a direita, lembram os embates na Alemanha dos anos 70. Naquele período de forte efervescência política, depois de se submeter às diretrizes de Washington, a direção do Partido Social Democrata (SPD) alemão, sob fortes críticas da base do partido, reagia com indignação, perguntando que eles consideram o SPD igual ao conservador CDU: “Não é igual, mas é comparável”, respondiam intelectuais e estudantes em processo de descolamento do SPD.
Democracia suspensa
A deterioração da democracia na Europa – processo umbilicalmente ligado à decisão da sua plutocracia de, seja qual for o partido no poder, impor goela abaixo medidas que prejudicam 99% da população, produziu já sua primeira ironia, amarga por verdadeira. Apeado do poder por imposição da União Européia (UE), Silvio Berlusconi qualificou, com propriedade, de “suspensão da democracia” a nomeação, “sem apoio dos cidadãos”, do tecnocrata sem voto Mario Monti. A indicação de Monti, também nomeado senador biônico pelo presidente italiano Giorgio Napolitano, constitui, mais do que uma suspensão da democracia, uma tentativa de golpe, ao impedir que o novo governo seja submetido ao escrutínio dos italianos, para que estes se posicionem sobre as políticas recessivas do FMI impostas ao país.
Nanobesteira
O “especialista estrangeiro” que, segundo o relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), teria ajudado o Irã no programa nuclear não tem qualquer relação com essas atividades. O jornalista investigativo estadunidense Gareth Porter mostrou no Washington Post que a especialidade do cientista – identificado como Vyacheslav Danilenko – é a fabricação de nanodiamantes com explosivos, e suas viagens ao Irã, na década de 1990, estiveram relacionadas ao programa de pesquisas sobre nanotecnologia do país.