DIs disparam com instabilidade doméstica

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Os contratos futuros de juros dispararam nesta quinta-feira (7), deixando de lado a atuação conjunta do Banco Central e do Tesouro Nacional, em meio às preocupações com o quadro fiscal e a cena política que estão alimentando as apostas de alta da Selic em breve. A forte valorização do dólar, que chegou a ser negociado acima de R$ 3,95 nesta sessão, também ajudou no movimento das taxas dos DIs. O impacto da turbulência foi tamanho que alguns DIs curtos —entre eles os com vencimentos em janeiro de 2020 e janeiro 2021— atingiram o limite de negociação fixado pela B3, que acabou ampliando esse teto no meio dessa tarde.

“O mercado está muito nervoso, volátil”, comentou um operador da mesa de renda fixa de um banco nacional à Agência Reuters.

O mercado doméstico piorou após a greve dos caminhoneiros elevar as preocupações com a deterioração do quadro fiscal do Brasil, com a redução do preço do diesel gerando impacto bilionário sobre as contas do governo.

Além disso, pesquisas eleitorais têm mostrado dificuldade dos candidatos que o mercado considera como mais comprometidos com ajustes fiscais de ganhar tração na corrida presidencial.

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Em meio a esse nervosismo, a curva a termo de juros chegou a precificar apostas de alta de até 0,75 ponto percentual da Selic em junho, próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), segundo dados da Reuters. No final do dia, acomodou com apostas majoritárias de elevação de 0,50 ponto.

Na véspera, os DIs embutiam chances majoritárias de alta de 0,25 ponto apenas, sendo o restante de manutenção. Atualmente, a Selic está em 6,50% ao ano.

“Se o BC mudou de plano e manteve os juros na reunião passada por causa do (cenário) externo e do câmbio, é bem razoável supor que ele pode mudar de plano de novo e subir os juros em breve pelos mesmos motivos”, disse o sócio de uma gestora de recursos no Rio de Janeiro.

Os DIs mais longos, no início deste pregão, chegaram a ser negociados em baixa diante da forte ação do Tesouro e do BC no mercado, mas o movimento se inverteu diante do nervosismo dos investidores. O contrato vencimento em janeiro de 2027, por exemplo, chegou a subir 0,63 ponto percentual na máxima do dia e, na mínima, recuou 0,35 ponto.

No fim do pregão, fechou a 12,53%, com alta de 0,03 ponto. Nos dois pregões anteriores, havia acumulado alta de 0,77 ponto.

Incertezas eleitorais

“O mercado vê riscos fiscais e incertezas eleitorais agravadas pelo movimento dos caminhoneiros, que reduz as previsões de crescimento da economia e afeta a confiança”, trouxe a corretora CM Capital Markets, em relatório.

Na noite de quarta-feira, o BC anunciou operação compromissada com prazo de nove meses, colocada integral, enquanto o Tesouro fez leilão de compra e venda de Notas do Tesouro Federal série F (NTN-F), nos vencimentos de 2025, 2027 e 2029, além de 2023, uma novidade.

No leilão de recompra, o papel com vencimento em 2027 teve o maior lote, de 730 mil títulos, e saiu com taxa de 11,7299%, ante consenso de 11,76%. Já no de venda, o Tesouro não vendeu nenhum papel com o vencimento em 2023.

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