Disparidade de gênero nas empresas diminui, mas passa longe do ideal

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Carteira de trabalho (Foto: Wilson Dias/ABr)
Carteira de trabalho (Foto: Wilson Dias/ABr)

Estudo da Women in the Workplace 2022, feito com base em dados de mais de 333 empresas que empregam cerca de 12 milhões de pessoas, mostrou que, apesar dos desafios da Covid, as mulheres obtiveram ganhos importantes em representação no trabalho, especialmente em funções de liderança. O relatório reforça claramente que as mulheres querem mais oportunidades para progredir e uma cultura organizacional melhor para trabalharem.

As mulheres igualaram os homens em cargos de gestão, mas ainda ocupam menos posições na direção das empresas. É o que revela levantamento do portal Vagas.com, segundo o qual as mulheres alcançaram 50% de presença em funções de gerência, equilibrando a participação masculina. A representatividade feminina em posições de gestão saltou de 45%, de 1998 a 2018, para 50%, entre 2019 e 2022, enquanto a masculina apresentou queda de 55% para 50% nos mesmos períodos.

A pesquisa foi estruturada por meio da divisão de currículos cadastrados no portal de 1998 até 2022. Os CVs foram divididos em dois grupos: de currículos cadastrados de 1998 até 2018, totalizando 14,6 milhões de documentos e outro, de 2019 até 2022, totalizando 6,1 milhões. O intuito desta quebra foi entender duas gerações de cadastrados no site e seus movimentos em relação a nível hierárquico, estado civil e escolaridade.

Apesar do equilíbrio registrado em cargos de Gerência, as mulheres ainda preenchem menos vagas de Direção. Entre 2019 e 2022, elas ocuparam 47% das posições contra 53% pelos homens. A distância era maior de 1998 até 2018: 43% de participação feminina ante 57% masculina.

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Outro aspecto analisado pelo levantamento foi o nível de escolaridade. A presença feminina foi predominante em cursos de formação profissional, saltando de 56% para 60% no Ensino Superior e de 57% para 64% em Pós-graduação. Houve também um aumento na quantidade de mulheres em cursos de ensino profissionalizante, com uma alta de 46% para 56%.

Já segundo a pesquisa Women in Business da Grant Thornton, com avanço de apenas 1%, o índice de mulheres em cargos no alto escalão passou de 38%, em 2022, para 39%, em 2023, em postos executivos nas empresas brasileiras de médio porte. Houve, sem dúvida, um grande salto na comparação com os 25% registrados em 2019, mas a aparente estabilização dessa evolução não contribui significativamente para o alcance da meta de paridade das Nações Unidas para 2030.

No ranking global, elaborado pelo International Business Report da Grant Thornton, o Brasil se manteve em quarto lugar, atrás de Singapura e Filipinas (49%), África do Sul (41%), Malásia e Irlanda (40%), e a frente da média da América Latina (37%) e da global (32%).

Das mais de 250 empresas brasileiras pesquisadas, 8% afirmaram não manter nenhuma mulher em cargos de liderança, que indica um retrocesso de 2 p.p. acima do resultado anterior, de 6%. No entanto, o Brasil se encontra em posição muito mais avançada neste item do que a do Japão (40%), da Coreia do Sul (26%) e da Argentina (18%), por exemplo, e pouco abaixo também das médias global e da América Latina, ambas com 9%. No pico, em 2015, esse índice chegou a 57% aqui no país.

Com relação aos cargos, houve queda da participação das mulheres em cargos importantes no Brasil, na comparação com a pesquisa anterior: 31% dos postos de presidente-executivo (CEO), contra 35%; 42% em liderança financeira (CFO), contra 47%; 22% em liderança de Operações (COO), contra 28%; e 19% em Tecnologia da Informação (CIO), contra 22%.

Por outro lado, em todos os outros postos de alto escalão pesquisados foi registrada maior presença feminina, na comparação com 2022. Na diretoria de Recursos Humanos, o salto foi de 40% para 47%; na diretoria de Vendas, passou de 17% para 23%; na área de Marketing (CMO) foi de 36% para 39%; em Controladoria passou de 6% para 9%; e as mulheres que figuram como sócias das empresas passaram de 4% para 5%. Os postos de COO, CIO, Controladoria e de sócias ficaram abaixo das médias globais registradas, respectivamente, de 25%, 23%, 17% e 8%.

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