Os mercados fecharam sem direção na terça-feira. As expectativas em relação ao cheque de US$ 2 mil aos americanos e a aprovação do pacote de ajuda fiscal de US$ 900 bilhões nos EUA animaram o mercado. Contudo, houve perdas após o resultado informado pelo Senado americano.
Na Europa, os principais índices fecharam sem direção única após o entendimento entre os dois lados do Canal da Mancha, e também porque ainda não havia sido oficializado o resultado da votação no Senado americano quanto ao pagamento de US$ 2 mil. Outro fator positivo para o continente foi a solicitação da Comissão Europeia por mais de 100 milhões de doses de imunizantes contra a Covid-19 desenvolvidos pela Pfizer em conjunto com a BioNTech.
Londres ganhou 1,55%. Paris subiu 0,42%. Na península ibérica, o avanço foi de 0,24%, enquanto em Lisboa houve elevação de 0,05%. Paris e Frankfurt perderam 0,42% e 0,21%, respectivamente.
Os contratos futuros de petróleo fecharam em alta com o otimismo inicial em relação ao pacote de estímulos nos EUA e à possível aprovação do aumento no valor dos cheques saindo, de US$ 600 para US$ 2 mil.
O WTI teve alta de 0,80%, para US$ 48 o barril. O Brent teve avanço de 0,45%, com alta de US$ 51,09.
As Bolsas de Nova Iorque começaram o dia em alta, com os investidores animados com a aprovação do pacote de US$ 900 bilhões para dar mais tração à economia americana e aguardando por uma possível aprovação no Senado para mais um estímulo, mudando o cheque entregue aos americanos de US$ 600 para US$ 2 mil. O aumento não vingou com o líder republicano no Senado, Mitch McConnel, bloqueando a proposta e fazendo os mercados caírem.
O Dow Jones e o S&P 500 encerraram com queda 0,22%. Já o Nasdaq perdeu 0,38%.
No Brasil, apesar do humor em Nova Iorque, o principal indicador da B3 conseguiu permanecer no positivo, influenciado por ações do setor de commodities e bancos. Apesar de todos os riscos fiscais, o déficit do governo central foi menor que o esperado pelo mercado. Quanto aos outros dados de atividade econômica, o IGP-M acelerou menos que as expectativas, assim como os dados de emprego, apesar de mais fracos quando comparados ao mesmo período do ano anterior, superaram as expectativas do mercado.
O Ibovespa teve alta de 0,23%, a 119.409,15 pontos. O dólar teve queda de 1,06%, cotado em R$ 5,18, devido ao desmonte das posições de overhedge por parte dos bancos.
Para hoje, apesar de os cheques no valor de US$ 2 mil não terem sido aprovados, os mercados começam mistos, mas com a maioria operando em alta. O pagamento dos cheques de US$ 600 já se inicia nos EUA. Já a União Europeia confirmou o acordo comercial com o Reino Unido. Também houve a aprovação do uso emergencial da vacina produzida pela Universidade de Oxford em parceria com a AstraZeneca no Reino Unido.
No Brasil, devido ao aumento no número de casos de infectados pela Covid-19, o Governo Federal pediu ao TCU a possibilidade de estender a execução de despesas até 2021. O mercado ficará atento à disputa pela Presidência da Câmara e aos dados fiscais divulgados pelo BC.
Na Europa, mais uma vez a agenda estará vazia, somente com dados do Reino Unido.
A Associação Nacional da Construção publicou os números do índice de preços nacionais dos imóveis. O indicador é um importante antecedente da atividade econômica, tendo em vista que ele mostra como está a demanda pelos imóveis.
Os agentes esperavam que o indicador, ao mês, tivesse elevação de 0,4%, ante 0,9% em novembro. Ao ano, a expectativa era de avanço de 6,7%, ante 6,5% no mês anterior.
Os números divulgados superaram as expectativas, chegando a 0,8% ao mês e com elevação de 7,3% ao ano, evidenciando aumento nos preços dos imóveis em relação ao mês de novembro.
Após os números fiscais superarem as expectativas do mercado, devido à continuidade do auxílio econômico e à postergação de algumas decisões quanto às reformas, há expectativa de números piores em novembro, quando comparado ao mês anterior.
Os agentes esperam que a relação dívida/PIB em novembro saia de 61,2% para 62,1%. Quanto ao resultado do Orçamento, há expectativa de déficit de R$ 8,950 bilhões.
Nos EUA, o escritório de estatísticas econômicas publicará a balança comercial de bens durante o mês de novembro. O indicador é importante porque não está relacionado apenas à economia americana, mas também à economia global, tendo em vista que se trata da maior economia do mundo e um dos maiores importadores do planeta.
Quanto aos estoques do varejo, embora a vacinação já tenha iniciado nos EUA, algumas regiões têm mostrado avanço no número de infectados pela Covid-19. Os estoques no varejo devem se manter, saindo de 0,9% e indo para 0,8%, caso as expectativas do mercado se confirmem. O indicador é importante, pois, em certa medida, acaba por evidenciar a força do consumo, uma vez que a queda nos estoques indica que as vendas no varejo estão avançando.
A ISM Inc. disponibilizará o indicador que evidencia os pedidos dos gerentes de compras para a região de Chicago. Trata-se do PMI de Chicago para o mês de dezembro. O número acaba sendo um antecedente do PMI do país. A expectativa é de que o indicador tenha queda, saindo de 58,2 pontos em novembro para 57 pontos em dezembro.
Para o mercado imobiliário, a associação nacional de corretores divulgará as vendas pendentes de moradias, evidenciando a quantidade de contratos de imobiliárias assinados para casas unifamiliares, condomínios e cooperativas existentes, de modo que não inclui novas construções, evidenciando a compra de ativos já prontos. A expectativa para novembro, é de elevação de 0,2%, ante queda de 1,1% em outubro.
Por fim, a Administração de Informação Energética publicará o número de estoques de petróleo. A expectativa é de retração de 2,100 milhões de barris na semana, contra queda de 562 mil na semana anterior, enquanto os preços da commodity vêm caindo ao longo dos últimos pregões.
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Matheus Jaconeli
Economista da Nova Futura Investimentos
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