Diário matinal

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IPCA acumulou alta de 6,17% nos primeiros seis meses do ano
O IPCA registrou alta de 0,79% em junho, conforme divulgado ontem pelo IBGE. Assim, o indicador acelerou em relação à elevação de 0,74% observada em maio e acumulou avanço de 8,89% nos últimos 12 meses, acima do resultado do mês anterior (8,47%). No ano, o indicador já acumula alta de 6,17%, bastante próximo do teto da meta estabelecida para o ano. A surpresa em relação ao nosso número concentrou-se na desaceleração dos preços de alimentação e bebidas, que desaceleraram de 1,37% para 0,63% entre maio e o mês passado. Cinco dos nove grupos que compõem o IPCA apresentaram aceleração em junho. Nesse sentido, vale destacar, despesas pessoais que subiram de 1,63% contra 0,74% no mês anterior, refletindo o reajuste dos jogos lotéricos. As medidas de inflação subjacente continuaram pressionadas, com a média dos núcleos acelerando de 0,58% para 0,74% na passagem de maio para junho. Com isso, os núcleos acumulam alta de 7,36% em 12 meses. Em contrapartida, o índice de difusão caiu de 70,2% para 67,8% no período. Para os próximos meses, esperamos algum alívio adicional do grupo alimentação, mas que ainda deverá se manter no patamar positivo. Os preços administrados, por sua vez, devem ter novas elevações, com destaque para energia elétrica e água e esgoto. Adicionalmente, não vislumbramos descompressão importante dos núcleos neste mês, o que deverá manter o IPCA com variação mais elevada do que o observado para julho nos anos anteriores. Dessa forma, projetamos elevação de 9,0% do IPCA em 2015.
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ATIVIDADE

Indicadores coincidentes sugerem retração da produção industrial em junho
Na mesma direção dos dados conhecidos nos últimos dias, os indicadores divulgados ontem seguem 
apontando para retração da produção industrial em junho. As vendas de papelão ondulado totalizaram 266,7 toneladas em junho, conforme reportado ontem pela Associação Brasileira de Papelão Ondulado (ABPO). O resultado equivale a um aumento de 0,5% na margem, excetuados os efeitos sazonais, recuperando parcialmente as retrações observadas nos meses anteriores. No primeiro semestre, entretanto, houve recuo de 1,5%. A produção de motocicletas, por sua vez, somou 116,933 mil unidades no mês passado, segundo os dados divulgados ontem pela Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas (Abraciclo). O resultado representa recuo de 3,9% ante maio, na série livre de influências sazonais. No mesmo sentido, as vendas registraram retração de 2,0% na margem, somando 101,025 mil unidades em junho. Dessa forma, a produção e as vendas apresentaram variações negativas de 9,5% e 8,0%, respectivamente, no primeiro semestre deste ano.
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FGV: indicadores de mercado de trabalho sugerem elevação da taxa de desemprego em junho
O Indicador Antecedente de Emprego da FGV atingiu 65,7 pontos em junho, o equivalente a uma queda de 1,1% entre maio e o mês passado, conforme divulgado ontem. Cinco dos sete componentes do índice contribuíram negativamente com o resultado, com destaque para o recuo de 3,9% da contratação na indústria nos próximos três meses. Já o Indicador Coincidente de Desemprego alcançou 89,7 pontos em junho, chegando ao menor nível desde maio de 2009. O resultado corresponde a uma alta de 1,6%, marcando o sexto aumento consecutivo. Os dados apontam, assim, para elevação da taxa de desemprego no período, reforçando nossa visão de continuidade do enfraquecimento do mercado de trabalho neste ano.
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MCC: atividade da construção imobiliária registrou estabilidade em junho
O Índice de Atividade da Construção Civil, que mensura a área em construção de obras imobiliárias no país, ficou estável em junho, descontados os efeitos sazonais, conforme divulgado ontem no Monitor da Construção Civil (MCC) pelas consultorias Tendência e Criative. O resultado sucedeu queda de 1,7% em maio, de acordo com os dados não revisados. Na comparação interanual, o índice caiu 13,5%, acumulando declínio de 11,8% nos últimos 12 meses. A despeito da estabilidade na margem, o nível ainda baixo do indicador reforça nossa expectativa de manutenção de menor atividade no setor. Vale lembrar que o resultado está em linha com os dados divulgados pela Sondagem da Construção da FGV referente ao mesmo período.
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INFLAÇÃO

BC: preços das commodities apresentaram estabilidade em junho, mas acumulam alta de 5,91% no ano
O Índice de Commodities do Banco Central (IC-BR) ficou estável em junho, sucedendo alta de 0,8% observada no mês anterior, de acordo com os dados divulgados ontem. No ano, o índice acumula alta de 5,91%, refletindo principalmente a depreciação cambial no período, já que o preço das principais commodities internacionais tem se mantido em patamares baixos desde o início do ano. No mês passado, a estabilidade do indicador foi decorrente dos movimentos opostos de seus componentes: as metálicas e as commodities energéticas registraram deflação de 4,4% e 2,8%, nessa ordem, ao passo que a cotação dos produtos agrícolas avançou 1,5% na passagem de maio para junho. Para julho, esperamos elevação do índice, diante da continuidade da depreciação cambial e do aumento dos preços externos agrícolas na comparação com o mês passado.
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SETOR EXTERNO

BC: fluxo cambial foi negativo na última semana de junho e na primeira semana deste mês
O movimento cambial da última semana de junho, compreendida apenas entre os dias 29 e 30 do mês passado, registrou saída líquida de US$ 761 milhões, conforme divulgado ontem pelo Banco Central. Com isso, o saldo do fluxo cambial de junho ficou deficitário em US$ 4,694 bilhões. No mesmo sentido, na primeira semana de julho, os saldos dos fluxos cambiais totalizaram saídas líquidas de US$ 1,522 bilhão. Entre os dias 1º e 3 deste mês, a conta comercial foi negativa em US$ 9 milhões. Para isso, foi contratado US$ 1,808 bilhão para exportações e US$ 1,817 bilhão para importações. Em relação à conta financeira, as vendas de US$ 6,321 bilhões se sobrepuseram às compras, que somaram US$ 4,808 bilhões. Assim, o saldo ficou negativo em US$ 1,513 bilhão. Dessa forma, o saldo do fluxo cambial acumulado do ano foi reduzido, mas continua superavitário 
em US$ 9,577 bilhões.
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INTERNACIONAL

EUA: ata do Fomc mantém a perspectiva de que a normalização da política monetária está se 
aproximando
A ata do comitê de política monetária do Fed, divulgada ontem, continuou detalhando os preparativos para o aumento de juros. Vale dizer que as recentes surpresas negativas – o não acordo da Grécia, a rápida e expressiva queda da bolsa da China e a frustração com os dados do mercado de trabalho norte-americano de junho – ocorreram após a reunião do comitê. Assim, o destaque do documento ficou com as questões relacionadas ao aumento da taxa de juros, incluindo discussões de como divulgar um comunicado com questões operacionais após o primeiro aumento. Nossa leitura do documento é de que os membros do Fomc avaliam que o progresso da atividade econômica do país ainda não é suficiente, mas a economia está no caminho para o aumento.
Dessa forma, acreditamos que os juros subirão em setembro, mas aumentam as apostas de que o início da normalização da política monetária será postergado para dezembro. 
 
 
 
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China: inflação seguiu moderada em junho
Ainda que todas as atenções estejam voltadas à correção da bolsa da China – cujos impactos sobre a atividade econômica são limitados, na nossa visão, mesmo que tragam à tona diversas preocupações -, os dados de inflação, divulgados nesta madrugada, foram benignos. O índice de inflação ao consumidor mostrou alta de 1,4% em junho, acelerando em relação a maio (1,2%), puxada pela elevação dos preços de alimentos. O índice de preços ao produtor, por sua vez, registrou deflação de 4,8%, ainda refletindo a queda dos preços das commodities. Nesse cenário, diante da desaceleração da atividade e dos riscos vindos da queda do mercado acionário, há espaço para ampliação do alívio da política monetária. 
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TENDENCIAS DE MERCADO

As bolsas asiáticas encerraram em alta o pregão desta quinta-feira, revertendo parte da queda observada ontem. O movimento é explicado pelo anúncio de novas intervenções do governo chinês no mercado acionário. No mesmo sentido, a expectativa de um acordo entre Grécia e seus credores favorece os ganhos nas bolsas européias e nos índices futuros norte-americanos nesta manhã. Ontem, o governo grego solicitou um novo resgate de três anos do Mecanismo de Estabilidade Europeu, ao mesmo tempo em que se comprometeu em adotar novas medidas econômicas. 
O dólar perde valor frente às moedas de países emergentes, mas se fortalece em relação ao euro e ao iene. As principais commodities também revertem parte das perdas observadas ontem, com destaque para o petróleo e as agrícolas. Os mercados domésticos estarão fechados, por conta do feriado da chamada “Revolução” Constitucionalista no Estado de São Paulo.
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Octavio de Barros – Diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos – Bradesco
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