Diário matinal

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Pnad contínua de maio reforçou o enfraquecimento em curso do mercado de trabalho , diante 
da queda da ocupação
A taxa de desemprego elevou-se no trimestre encerrado em maio, segundo os dados divulgados ontem pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE. A taxa de desocupação passou de 7,0% em maio de 2014 para 8,1% no mesmo período deste ano. Fazendo os ajustes sazonais, a taxa de desemprego subiu de 7,5% para 7,8%, entre abril e maio. Esse resultado, por sua vez, refletiu o crescimento de maior magnitude da população economicamente ativa (PEA) em relação à população ocupada, cujas altas interanuais chegaram a 1,6% e 0,3%, respectivamente. Já o rendimento habitual nominal avançou 7,8% na comparação com maio de 2014, o equivalente a uma queda de 0,4% em termos reais. O resultado está em linha com os dados apresentados pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME) e pelo Caged, reforçando nossa visão de continuidade do enfraquecimento do mercado de trabalho ao longo deste ano.
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ATIVIDADE

Conab: quarta revisão positiva das estimativas de produção de grãos sugere que preços devam se manter em patamares baixos nos próximos meses
Pela terceira vez seguida, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em relatório divulgado 
ontem, aumentou suas estimativas para a produção de grãos na safra 2014/2015, que deverá alcançar 206,3 milhões de toneladas ante a estimativa de 204,5 milhões de toneladas no levantamento passado. 
Isso equivale a uma ampliação de 6,6% ante a temporada anterior. A melhora da estimativa reflete a 
maior expectativa para a área plantada com soja e milho 2ª safra. A produção esperada para a sojafoi 
revisada para cima, passando de 95,04 milhões de toneladas na estimativa do mês passado para 96,04 milhões de toneladas no levantamento atual. A estimativa de produção de milho subiu de 80,2 milhões de toneladas para 81,8 milhões de toneladas. A principal revisão foi realizada na estimativa para a segunda safra, com avanço de 4,4% ante o mês passado. Com isso, a produção de soja e de milho será recorde, com crescimentos de 11,7% e 2,2%, nessa ordem em relação à safra passada. Por outro lado, a estimativa da produção de feijão foi revisada para baixo em 3,8% ante o mês anterior, refletindo a expectativa de menor produtividade da primeira safra e de menor área da segunda e terceira safras. Assim, a produção de feijão esperada para o ano é 8,8% menor, o que poderá trazer algum movimento de alta de preços. Ao mesmo tempo, a produção esperada de arroz foi reduzida em 0,4% ante o mês passado, como resultado da redução da área plantada. Ainda assim, em relação à safra passada, a produção de arroz deverá crescer 3,1%. Por fim, a produção esperada de trigo foi revisada para cima em 3,8% ante o mês anterior em razão da maior produtividade, de forma que a produção deverá crescer 17,4% em relação à safra passada. De modo 
geral, portanto, a atual estimativa para a safra brasileira de grãos deve contribuir para a acomodação 
da grande maioria dos preços agrícolas nos próximos meses.
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INTERNACIONAL

FMI: revisão baixista para a projeção do crescimento mundial foi motivada pelas expectativas mais moderadas com EUA e emergentes
Diante da frustração com o desempenho da economia norte-americana no primeiro trimestre e com a desaceleração dos países emergentes, o FMI revisou para baixo suas expectativas para o PIB global deste ano, segundo relatório divulgado ontem pela instituição. Assim, é esperado um crescimento de 3,3% em 2015, ante estimativa anterior de 3,5%, ao passo que a projeção de expansão de 3,8% para 2016 foi mantida. Para tanto, a expectativa para o PIB dos EUA foi ajustada de uma alta de 3,1% para outra de 2,5% e para a Área do Euro ainda se espera avanço de 1,5%. Para a China, projeta-se expansão de 6,8%, não havendo alteração em relação ao divulgado em abril. A economia brasileira, segundo o FMI, deverá recuar 1,5% neste ano, lembrando que esperamos uma retração de 1,8%. Reforçam as expectativas mais moderadas, os riscos baixistas que continuam relevantes, especialmente àqueles decorrentes do impasse da negociação da Grécia e do ajuste do 
mercado acionário chinês. As implicações, por sua vez, concentram-se na volatilidade dos mercados financeiros, na queda dos preços das commodities e na valorização da moeda norte-americana. Por fim, vale dizer que nossas expectativas estão alinhadas com essas apresentadas pelo FMI. Acreditamos que o PIB mundial crescerá 3,2% e 3,6%, neste e no próximo ano, respectivamente.
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FAO: preços mundiais de alimentos recuaram em junho, influenciados pela retração da cotação do açúcar
O índice de preços de alimentos da FAO registrou queda de 0,9%, na passagem de maio para junho, e de 21% em relação ao mesmo período do ano passado, conforme divulgado ontem. Entre os principais produtos, destacam-se as quedas mensais dos preços de açúcar e derivados lácteos, de 6,6% e 6,9%, respondendo às melhores perspectivas para a oferta e a retração da demanda, nessa ordem. Por outro lado, as cotações de óleo de palma e de soja e trigo mostraram elevação nesse período. Por fim, o índice de carnes não apresentou alteração de preços, em decorrência da elevação de suínos, queda de bovinos e estabilidade de frango. Esse cenário, por sua vez, sustenta nossa expectativa de que os preços das principais commodities agrícolas seguirão em patamares baixos no restante deste ano. 
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TENDÊNCIAS DE MERCADO

As Bolsas asiáticas fecharam o pregão de hoje em alta, com exceção do mercado japonês, diante das intervenções do governo chinês no mercado acionário do país, especialmente diante das medidas voltadas às empresas pequenas e do comprometimento do banco central do país, comprometendo-se em garantir liquidez ao sistema. De fato, a Bolsa de Xangai fechou com alta de 4,5%, mantendo uma sequência de dois dias de ganhos, trazendo alguma tranquilidade aos mercados globais. No mesmo sentido, as Bolsas europeias operam em alta, 
refletindo o otimismo com a entrega de novas propostas da Grécia aos seus credores. Assim, os juros futuros norte-americanos também registram ganhos nesta manhã. 
A moeda norte-americana perde força em relação às principais moedas, com destaque para o euro, o franco suíço e a libra esterlina. O iene e o renmimbi chinês, por sua vez, registram desvalorização ante o dólar. As cotações das principais commodities operam no campo positivo nesta manhã, com destaque para os ganhos do minério de ferro, do petróleo e da soja, que reverteu o movimento de queda nos últimos dois dias (diante do excesso de chuvas no centro-oeste dos EUA, podendo prejudicar a colheita do grão). Em relação ao petróleo, importante comentar o relatório da Agência Internacional de Energia, divulgado há pouco, que ajustou suas projeções: espera-se uma desaceleração da demanda e destaca-se o aumento da produção da Opep, que poderia puxar os preços para baixo da commodity. No mercado doméstico, a agenda fraca de indicadores faz 
com que as atenções se voltem ao exterior. Isso sugere que o real deverá mostrar apreciação, a Bolsa deverá subir e os juros futuros deverão mostrar certa estabilidade, neste último dia da semana.
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Octavio de Barros – Diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos – Bradesco
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