A diretoria da Petrobras culpa o endividamento pela venda ativos lucrativos e estratégicos, mas no terceiro trimestre deste ano a dívida líquida da companhia aumentou em US$ 13 bilhões, e todo o lucro foi distribuído a acionistas, quando o padrão mundial é de no máximo 25%.
A ponderação é do engenheiro PhD na área de petróleo pela Universidade de Cranfield (Inglaterra) Paulo César Ribeiro Lima. Ele argumenta que também a geração de caixa apresentou variação negativa de US$ 12,4 bilhões na comparação com o trimestre anterior. “E a empresa ainda emitiu títulos da dívida. Não há nenhuma justificativa plausível para tanto”, frisa Lima, acrescentando que, embora em menor ritmo, o endividamento bruto também cresceu, de US$ 53,6 bilhões para US$ 54,3 bilhões. Houve, também, geração de caixa US$ 12 bilhões a menos que no trimestre anterior.
O especialista observa que, neste ritmo, em 2022 a Petrobras terá distribuído R$ 180 bilhões em dividendos a acionistas, a maioria na Bolsa de Nova York, o que representa metade de seu valor de mercado.
Para Lima, a principal bandeira para defesa da empresa é a recompra das ADRs negociadas em Wall Street, para que se possa inverter a lógica especulativa e de curtíssimo prazo. “A distribuição de dividendos se dá em detrimento do investimento, comprometendo seriamente o futuro da companhia”, ressaltou.
A Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet) tem denunciado que a atual política de distribuição de dividendos é insustentável e se dá em detrimento dos investimentos, comprometendo inclusive a manutenção das reservas e a produção de petróleo. Além disso, a atual diretoria da estatal vende ativos lucrativos rentáveis e resilientes às oscilações do preço do petróleo, como afirma o vice-presidente Felipe Coutinho.