Dívida de R$ 900 bi da Petrobras é fake news, mostra Dieese

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Plataforma P-74 no campo de Búzios no pré-sal da Bacia de Santos, fruto da cessão onerosa
Plataforma P-74 no campo de Búzios no pré-sal da Bacia de Santos (foto de André Ribeiro, Agência Petrobras)

A Petrobras nunca chegou a ter dívida de R$ 900 bilhões, embora a vistosa cifra seja amplamente divulgada por Jair Bolsonaro em sua campanha eleitoral. Levantamentos detalhados do Departamento Intersindical de Estatística de Estudos Socioeconômicos (Dieese, subseção Federação Única dos Petroleiros) desfazem essa história.

A dívida líquida da estatal chegou ao ápice em 2015, atingindo R$ 392 bilhões, após os efeitos da Operação Lava Jato, ainda durante o governo Dilma Rousseff. A dívida líquida leva em conta as disponibilidades e investimentos em títulos governamentais e aplicações financeiras no exterior, com vencimentos superiores a três meses, a partir da data de aplicação. A dívida bruta da empresa alcançou seu maior valor também em 2015, R$ 492,8 bilhões.

Dívida da Petrobras desde 2003 (gráfico elaborado pelo Dieese)
(gráfico elaborado pelo Dieese)

A dívida foi contratada a partir da necessidade de investimentos com a descoberta do pré-sal, área que hoje responde por cerca de 3 em cada 4 barris de óleo produzidos no Brasil.

A Petrobras sempre teve acesso a grandes volumes de recursos, em todas as vezes que foi aos mercados nacional e internacional buscar financiamento. Mesmo no período em que a dívida da empresa chegou ao seu topo, a empresa continuou conseguindo novos empréstimos.

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“É importante destacar que a taxa média de juros contratados pela Petrobrás (6,2% ao ano) não é alta se comparada à taxa Selic. Mesmo a partir de 2015, quando a dívida cresceu, e a empresa perdeu grau de investimento, a taxa cresceu pouco, e o aumento foi devido à avaliação de risco feita pelas agências de rating”, ressalta a pesquisa do Dieese. As agências de classificação de risco consideravam a Petrobras como grau de investimento, nota que caiu após 2014. Até hoje a empresa não conseguiu retomar o grau de investimento.

Como 89% do endividamento da companhia é em moeda estrangeira, sendo 80% em dólar, quando o real perde valor frente a estas moedas, a dívida da Petrobrás em moeda nacional sobe. Isso aconteceu entre 2014 e 2015, quando a taxa de câmbio cresceu 41%.

Nos governos Lula, a Petrobras puxava os investimentos no Brasil, destinando, em média, US$ 21,2 bilhões por ano, o que representava 8,3% dos investimentos do país. No governo Bolsonaro, a Petrobras tem investido somente US$ 9,2 bilhões por ano, apenas 3,5% dos investimentos no Brasil.

Nesta sexta-feira, a Petrobras alcançou o maior valor de mercado, em reais, da história: R$ 530 bilhões.

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