Empresas tradicionais da Bolsa de Valores (B3) pagaram um volume de proventos (dividendos e juros sobre capital próprio – JCP) que superou a Selic e o CDI, isso sem incluir os possíveis ganhos ou perdas com as cotações das ações.
“Em muitas empresas, o valor investido nas ações gerou um montante de renda passiva relevante e ultrapassou aquele 1% de ganho mensal, que está na cabeça dos investidores, principalmente de Renda Fixa, como resultado satisfatório”, observa Wendell Finotti, CEO e fundador da Meu Dividendo.
A plataforma fez um levantamento com as empresas que mais pagaram proventos aos investidores nos últimos 12 meses e apurou quanto o investidor deveria ter investido (cotação de 26/8/24) nas empresas que pagaram os maiores proventos por ação nos últimos 12 meses para ter recebido o equivalente a um salário mínimo (R$ 1.412,00) por mês durante 12 meses (R$ 16.944,00).
No topo vem a Mahle-Metal Leve. Para obter um salário mínimo mensal, o investidor precisaria ter comprado 1.961 ações, investindo R$ 62.050. Se o mesmo valor fosse aplicado em um CDB que pagasse 10% ao ano, por exemplo, o retorno seria de R$ 6.205, uma perda de mais de R$ 10 mil. Isso sem levar em conta o Imposto de Renda sobre o CDB (alíquota de 17,5%), enquanto os dividendos são isentos, e o JCP sofre alíquota de 15%.
A Petrobras se destaca no pagamento de dividendos. Seus dois papéis (PETR4 e PETR3) vêm em segundo e terceiro lugares na tabela elaborada pela Meu Dividendo.
Ativo | Empresa | Vlr. Total por ação | Cotação em 26/8/24 | DY | Qde. Ações | Total investido (R$) |
LEVE3 | MAHLE-METAL LEVE | 8,64 | 31,66 | 27,31% | 1.961 | 62.050 |
PETR4 | PETROBRAS | 7,38 | 39,43 | 18,81% | 2.295 | 90.091 |
PETR3 | PETROBRAS | 7,38 | 43,03 | 17,36% | 2.295 | 97.597 |
BRAP4 | BRADESPAR | 3,30 | 19,11 | 16,90% | 5.129 | 100.265 |
CGAS5 | COMGAS | 18,58 | 117,99 | 15,74% | 912 | 107.622 |
CGAS3 | COMGAS | 16,84 | 109,00 | 15,45% | 1.006 | 109.686 |
BBAS3 | BANCO DO BRASIL | 3,86 | 28,34 | 13,66% | 4.393 | 124.011 |
VALE3 | VALE | 6,99 | 58,19 | 12,01% | 2.424 | 141.081 |
CPFE3 | CPFL ENERGIA | 3,37 | 33,67 | 9,94% | 5.029 | 170.466 |
EGIE3 | ENGIE BRASIL ENERGIA | 4,12 | 45,21 | 9,11% | 4.112 | 186.044 |
Pagamento de JCP deve se elevar no 2º semestre
Os proventos pagos no formato de JCP tendem a se elevar no segundo semestre devido a dois fatores: no primeiro semestre, as empresas anunciam os resultados de encerramento do ano anterior e promovem o pagamento de dividendos seguindo suas políticas de distribuição de dividendos aprovada; dadas as alterações nas regras promovidas pelo Congresso Nacional em dezembro de 2023, onde não é permitido mais às empresas que realizem o planejamento tributário e distribua em anos fiscais posteriores JCP referente a exercícios anteriores, as empresas devem distribuir proventos no formato JCP e se beneficiar da redução do pagamento de impostos dentro do ano.
A Meu Dividendo avalia que, devido aos montantes expressivos de proventos pagos em 2024 (R$ 203 bilhões até agosto, 33% mais que no mesmo período de 2023), o momento é ideal para o reinvestimento, com a antecipação de dividendos e a compra de novos papéis, de empresas que ainda estão com cotação abaixo de mercado e com Dividend Yield (DY) elevado.
“Isso sem contar que um grande número de empresas, muitas delas boas pagadoras de dividendos, demora mais do que 180 dias entre a DataCom e o efetivo pagamento na conta de investimento dos acionistas sem qualquer tipo de correção do valor, o que significa prejuízo para o investidor. Com a manutenção da taxa Selic, decidida por unanimidade pelos membros do Copom no último dia 31 de julho, em 10,5% ao ano, o investidor amarga uma grande desvalorização dos seus proventos”, analisa a plataforma, que opera com antecipação de proventos.
Um acionista que possua R$ 1,5 mil em dividendos para receber em 327 dias, se descontarmos este valor pela Selic, ele receberá o equivalente a R$ 1.371,65, uma defasagem de R$ 128,35.