O impacto na exportação brasileira de carne de frango da detecção de um caso de doença de NewCastle em granja de aves no Rio Grande do Sul deve ser, no pior cenário possível, de 50 mil toneladas a 60 mil toneladas, apenas cerca de 15% de tudo o que o Brasil embarca ao mercado internacional. A projeção foi apresentada pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) em coletiva de imprensa realizada na última sexta-feira juntamente com a Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV).
Até o começo da tarde de sexta, os importadores não tinham embargado a carne de frango brasileira, mas o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) fez autoembargos de forma preventiva, conforme requisitos sanitários acordados pelo Brasil com cada mercado.
Segundo o presidente da ABPA, Ricardo Santin, o país produz 1,2 milhão de toneladas de carne de frango por mês, das quais 430 mil são exportadas. As compras de todos os países que estão na lista do autoembargo ou podem embargar significariam cerca de 15% da exportação. Os líderes do setor não acreditam no pior cenário, porém, pois o volume pode ser direcionado a outros países ou as compras serem retomadas rapidamente após os esclarecimentos prestados.
O autoembargo engloba as exportações do Brasil como um todo para Argentina, China e União Europeia. Também foi feito autoembargo da produção apenas do Rio Grande do Sul para África do Sul, Albânia, Arábia Saudita, Bolívia, Cazaquistão, Chile, Cuba, Egito, Filipinas, Geórgia, Hong Kong, Índia, Jordânia, Kosovo, Macedônia, México, Mianmar, Montenegro, Paraguai, Peru, Polinésia Francesa, Reino Unido, República Dominicana, Siri Lanka, Tailândia, Taiwan, Ucrânia, União Econômica Euroasiática, Uruguai, Vanuatu e Vietnã.
Outros mercados não receberão carne de frango e derivados no raio onde foi detectado a doença: África do Sul, Bolívia, Canadá, Coreia do Sul, Cuba, Filipinas, Israel, Japão, Marrocos, Maurício, Namíbia, Paquistão, Reino Unido, Tajiquistão e Timor Leste. Os autoembargos variam de produtos, entre carne de aves, ovos e derivados, por isso alguns países estão na lista estadual e do entorno da granja. O governo manteve a liberação para exportação de produtos avícolas termoprocessados para a Argentina, África do Sul e Chile.
O Ministério da Agricultura declarou emergência sanitária no Rio Grande do Sul por causa do fato, o que possibilita a vigilância epidemiológica de forma mais ágil. O plano de contingência da doença de Newcastle prevê ações de sacrifício ou abate de todas as aves onde o foco foi confirmado, o que já ocorreu, além de limpeza e desinfecção do local, entre outras medidas de biosseguridade, proteção e vigilância.
O diagnóstico positivo para doença de Newcastle ocorreu no município gaúcho de Anta Gorda. Ricardo Santin esclareceu para a imprensa que o achado foi técnico, laboratorial e que as aves não tinham sinais clínicos da doença, e que o procedimento regular preconizado pela Organização Mundial de Saúde Animal foi aplicado.
Para o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, a decisão do governo brasileiro em adotar o autoembargo após a confirmação de um caso no Rio Grande do Sul foi importante para garantir segurança ao mercado externo e evitar maiores riscos.
De acordo com o ele, essa estratégia foi melhor do que apenas restringir áreas pequenas e, depois ir ampliando, o que poderia dar a impressão ao mercado externo de que os casos identificados da doença poderiam estar crescendo. “Então, o que fizemos foi fechar o estado e mostrar que não tem mais outros casos, que esse foi um caso isolado. Nessa granja que teve o caso, somente foi constatado Newcastle em um animal. O protocolo foi cumprido, exterminando os animais, enterrando, isolando, tudo isso foi cumprido com transparência, o que permitirá que a gente rapidamente vá abrindo os mercados”, disse.
Carlos Fávaro não deu prazos, mas informou que o governo tem se reunido diariamente com os mercados compradores de carne de frango para diminuir as áreas de restrição desse autoembargo.
“É uma negociação país a país, bloco a bloco, mas a gente entende que, com as evidências vindo de não contaminação do restante do plantel, isso rapidamente vai ser liberado”, completou Roberto Perosa, secretário de Comércio e Relações Internacionais do ministério.
Com informações da Agência Brasil e da Agência de Notícias Brasil-Árabe
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