Dólar cai de maneira generalizada e commodities têm sessão positiva

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Dólar (Foto: Marcello Casal Jr./ABr)
Dólar (Foto: Marcello Casal Jr./ABr)

Apoiadas pela inflação alemã abaixo do consenso e guidances positivos nos resultados divulgados (Disney nos EUA, bancos e indústrias na Europa e automotivas e cassinos na Ásia), Bolsas operam com viés de alta, apesar das falas duras de membros do Fomc ontem, com o foco do dia nos dados de seguro-desemprego, que deve balizar as apostas de altas de juros do Fomc. Juros operam de lado, dólar cai de maneira generalizada e commodities têm sessão positiva, impulsionadas pelo otimismo com a reabertura chinesa, com petróleo na quarta alta seguida. Por aqui, o noticiário político segue não dando trégua, mas a saída de cena de Lula e o balanço de Itaú blindaram os ativos locais. Apesar da expectativa de uma certa cautela dos investidores com o balanço de Bradesco, que será divulgado após fim da sessão, a Bolsa e câmbio devem operar com viés mais de melhora, impulsionados pelo clima positivo nos ativos de risco globais, enquanto juros devem reagir aos números do IPCA e ao leilão de pré-fixados do TN.

Na Ásia, apoiadas pelos resultados das automotivas japonesas e dos cassinos em Hong Kong, Bolsas fecharam mistas. De acordo com a Reuters, o governo da Índia estuda estender a proibição da exportação do trigo, com fim programado para abril de 2023. Hoje, PPI do Japão (janeiro) às 20h50, ata de política monetária do RBA (o BC da Austrália) às 21h30 e China divulga CPI (janeiro) e PPI (janeiro) às 22h30.

Na Europa, apoiadas pela inflação abaixo das expectativas na Alemanha e balanços acima do consenso (ArcelorMittal, Credit Agricole, Siemens e Unilever), Bolsas sobem, com o FTSE 100 fazendo nova máxima histórica. Na Alemanha, o HICP (inflação) teve alta de 0,5% (exp 1,4%) em janeiro, com a taxa em 12 meses subindo para 8,7%. Klaas Knot (DNB) afirmou que o Banco Central Europeuainda há espaço para cobrir em termos de subir a taxa de juros e que os passos após a reunião de março são incertos. Hoje, relatório de projeções econômicas do BCE (fevereiro) às 7h. Joachim Nagel (do Bundesbank) fala às 14h; Luís de Guindos (BCE) às 15h.

Nos EUA, impulsionados pelos balanços de ontem (Disney, principalmente), futuros sobem, se recuperando das fortes quedas de ontem. Cook (FRB, votante) disse que a inflação está muito alta e que o trabalho do Fed não está acabado. Christopher J. Waller (FRB, votante) disse que a inflação elevada pode levar o Fomc a subir as taxas de juros acima do antecipado e que a postura restritiva da política monetária pode durar mais que o esperado. John C. Williams (Fed de Nova Iorque, votante) afirmou que o mercado de trabalho está forte, necessitando mais trabalho do Fed, que juros terminais entre 5,0% e 5,25% são razoáveis, mas que serão necessários anos de política monetária restritiva. Na agenda, pedidos de seguro-desemprego (do último dia 3) às 10h30. AbbVie, PepsiCo e Philip Morris divulgam resultados antes da abertura. Paypal, após fechamento. Leilão de T-Notes (30 anos) às 15h.

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Aqui no Brasil, alívio nos juros locais, após IPC-S abaixo do consenso e Alexandre Padilha negar mudanças na política monetária local, e o balanço positivo de Itaú levaram a descolamento dos índices em Nova Iorque, que fecharam no negativo, com o Ibovespa fechando aos 109.951 pontos (1,97%), com o setor financeiro liderando as altas. O alívio nos riscos políticos também levou a dia lateral no câmbio, em dia de alta da moeda americana subindo após falas hawkish de diretores do Fed, com o dólar terminando aos R$ 5,20 (-0,06%). O recuo no câmbio e o IPC-S abaixo do esperado, em dia lateral para os juros globais, levou à queda na curva de DI futuro, com o miolo da curva caindo cerca de 30 pontos.

Segundo o LSPA, a safra de grãos de 2023 deve atingir 302,0 mi toneladas (14,7% a/a), novo recorde, com 122,5 mi tons (11,2% a/a) no milho, 147,5 mi tons (23,4% a/a) na soja e 8,7 mi tons (-13,6%) no trigo. O recuo em vestuário e a desaceleração nos preços de saúde fizeram o IPC-S sair de 0,80% para 0,57% (ante expectativa de 0,70%) na primeira prévia de fevereiro de 2022, somando 4,92% em 12 meses (9,30% em fevereiro de 2022). O fluxo cambial positivo em R$ 1,0 bi na última semana, com entradas de R$ 0,6 bi no comercial e de R$ 0,4 bi no financeiro. Em janeiro, o fluxo foi positivo em R$ 4,2 bi (R$ 0,8 bi em 2022). Padilha afirmou que não há nenhuma discussão no Palácio do Planalto para alterar a lei de independência do BC e que as críticas de Lula são para “verbalizar as dores e preocupações dos empresários”. Rodrigues (Rede-AP) afirmou que o objetivo do governo é chegar até o fim do ano com uma taxa básica de juros em 8% ou 7%.

Bruno Serra, do BC, afirmou que os núcleos do IPCA estão cedendo na margem, e que o desafio das expectativas é similar no mundo todo e que a taxa de juros atual é tecnicamente adequada para trazer a inflação à meta, prometendo flexibilizar as condições monetárias quando as condições permitirem. Serra afirmou que quem define as metas de inflação é o CMN e que ao BC só cabe perseguir. Por fim, o diretor afirmou que está otimista com o mercado de câmbio e que um BC sem crebilidade é ruim para a sociedade. Na agenda, vendas no varejo (dezembro) e IPCA (janeiro) às 9h e leilão do TN (LTN e NTN-F) às 11h30. Alpargatas, BB Seguridade, Bradesco, BR Properties, Multiplan, Porto Seguro e TIM divulgam resultados.

Ótima quinta-feira!

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Nicolas Borsoi

Economista-chefe da Nova Futura Investimentos

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