Donald ‘Saruman’ Trump, Sauron e Palantir

O crescente poder das Big Techs nos Estados Unidos, Trump e ‘Senhor dos Anéis’: Saruman, Sauron e Palantir

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Palantir, pedra usada por Sauron em O Senhor dos Anéis
Palantir (foto reprodução New Line Cinema)

Em cima da hora, o Governo do Canadá cancelou o imposto de 3% sobre serviços digitais que impactaria empresas com faturamento acima de US$ 20 milhões. Antes, o G7 anunciou no sábado (28) ter isentado as multinacionais estadunidenses do imposto mínimo global de 15%, estabelecido em 2021, após acordo entre 136 países, e que afetaria sobretudo as Big Techs, que muito se esmeram para fugir de taxações. Ambos os recuos se dão sobre pressão de Donald Trump e suas ameaças tarifárias, favorecendo especialmente as Big Techs. Nesse sentido, é fundamental ler o artigo que Robert Reich, ex-secretário de Trabalho dos EUA, publica nesta segunda-feira no jornal britânico The Guardian. Ele aborda a empresa Palantir Technologie, de Peter Thiel; interpretando de forma abrangente, fala do poder das empresas de tecnologia (Sauron) que têm em Donald “Saruman” Trump um guardião.

Palantir (vigiar de longe) é uma pedra da trilogia O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien, que permite visualizar locais distantes ou eventos passados. Um dos que tinham um palantir era Sauron, o grande vilão. Uma das características da pedra era que ela distorcia a realidade; “o que não era mostrado podia ser mais importante do que o que era seletivamente apresentado”.

Reich denuncia, em seu artigo, que a Palantir terá acesso, por ordem de Trump, a dados pessoais de todos os estadunidenses – incluídos Receita Federal, ministérios (departamentos) da Saúde e da Defesa, Seguro Social e outras. “Será que o regime Trump usará um superbanco de dados emergente para promover a agenda política de Trump, encontrar e deter imigrantes e punir críticos?”, questiona Reich.

Pior: a grande base de dados pode empoderar ainda mais os “tech bros”, interessados, digamos, em uma forma muito pessoal de democracia – em alguns casos conhecida como ditadura.

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Thiel é um entusiasta dos anos 1920 – a década que “marcou o último suspiro da Era Dourada, quando os barões ladrões da América roubaram grande parte da riqueza da nação”, sintetiza Reich. Em 1929, veio a Grande Depressão, seguida poucos anos depois pela 2ª Guerra Mundial.

Muitos ex-funcionários de Thiel compõem o entorno de Trump – inclusive o vice-presidente, JD Vance, que trabalhou para o dono da Palantir em um de seus fundos de risco, e é possível candidato a sucessão caso Trump não subverta a lei da reeleição.

“O palantir de Tolkien caiu sob o controle de Sauron. O Palantir de Thiel está caindo sob o controle de Trump. O desfecho desta história depende de todos nós”, finaliza Reich no artigo “Peter Thiel’s Palantir poses a grave threat to Americans” (Palantir de Peter Thiel representa uma grave ameaça aos estadunidenses, em tradução da coluna).

Mas a conclusão pode ser inversa. Donald Trump nesse caso estaria mais para Saruman, seguidor de Sauron.

Em O Senhor dos Anéis, a coalizão dos bons derrotou Sauron; Saruman foi desterrado e acabou sendo morto pelo seu braço-direito.

Rápidas

A Associação Brasileira de Bancos (ABBC) realizará nesta quarta-feira, no Banco Central em São Paulo, o evento “Duplicata Escritural” *** O médico Luiz Roberto Londres, ex-diretor da Clínica São Vicente e presidente do Instituto de Medicina e Cidadania (IMC), lançará o livro Além da Medicina, que retrata médicos que se destacaram em outras atividades, como Aldir Blanc, Guimarães Rosa e Bertold Brecht, em 11 de julho, 18h, na Livraria da Travessa, no Leblon.

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