Década de colaboração

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O dia 15 de janeiro marcará uma década da Wikipedia. Fundada por Jimmy Wales em 2001, a enciclopédia feita de forma colaborativa se tornou o quinto site mais popular do mundo, com 410 milhões de leitores por mês (comScore, novembro de 2010). São 17 milhões de artigos, em 270 idiomas, e em expansão. Centenas de milhares de pessoas contribuem com informações. Pessoas de todo o mundo estão se reunindo em eventos para celebrar os dez anos do site. Somente na Índia, 17 eventos planejados por voluntários irão acontecer. No mundo todo, serão 150 (número em expansão).

Mudança incômoda
Eugenio Bucci, jornalista experiente, professor da ECA-USP e da ESPM, demonstra, no mínimo, estar desatualizado, ao engrossar as críticas feitas pelos grandes grupos de comunicação à forma como o Governo Lula tratou a distribuição da publicidade no país. Em artigo no Estadão, que segue artigo e matéria publicados na Folha de S.Paulo (e já devidamente detonados nesta coluna), ataca a pulverização da verba publicitária federal (eram apenas 499 eleitos, ao final do Governo FH, e agora são 8.094 veículos em todo o país).
Critica Bucci quem defende que a democratização dos gastos “fortalece os veículos “alternativos” contra a “mídia conservadora””. Diz o jornalista que “o atual governo usou alguns trocados, não para tornar a sua comunicação mais eficiente, mas para fazer média com os jornais e as emissoras de menor porte”.
O professor parece desconhecer a progressiva queda da audiência e circulação da grande mídia e o aumento de meios alternativos, tanto tradicionais – jornais, revistas e até rádios – quanto mais recentes, como blogs e outras formas eletrônicas. Mudança, que não é somente tecnológica, mas acompanha uma transformação, ainda incipiente, da sociedade, que se torna mais participativa e busca alternativas ao discurso imposto de cima para baixo.
Bucci reconhece que “concentrada nos grandes ou “democratizada” nos pequenos, a publicidade oficial tem sido a moeda dos governos para relações promíscuas com a imprensa”. Mas escolheu para manifestar sua opinião um jornal marcado por décadas de ligação com os governos, relação que se traduziu também em polpudas verbas publicitárias.

Aliás
Quando as grandes empresas de comunicação vão passar das palavras aos atos e recusar a verba de publicidade estatal?

Crime
Na esteira do sucesso midiático da ocupação dos complexo do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, Luiz Godoy lança Crime organizado e seu tratamento jurídico penal (Campus-Elsevier). A obra traça um histórico da evolução da criminalidade organizada no Brasil e no mundo, mostrando como as organizações se formaram e como essas facções criminosas se enquadram no sistema penal atualmente. Além de demonstrar a deficiência do sistema penal brasileiro, o livro propõe soluções para a construção de um mecanismo eficiente de combate ao crime organizado no país.

Espaço Publicitáriocnseg

Síndrome de Estocolmo
Ao tentar fabricar a primeira “crise internacional” da presidente Dilma, já na primeira semana do novo governo, superdimensionando a histeria da extrema direita italiana contra a decisão do presidente Lula de não extraditar Cesare Battisti, as Organizações Globo sublimam a campanha de que foram vítima na Itália, por parte do grande democrata Silvio Berlusconi. Recorrendo a métodos de intimidação de corte claramente mafiosos, o clã Berlusconi, que controla a mídia na Itália, como a Globo, à época, o fazia no Brasil, não sossegou enquanto os Marinhos não passaram nos cobres a Tele Monte Carlo. Lá como cá, a lição restante é que liberdade de imprensa funciona muito melhor quando a empresa é amiga do Rei.

Bom começo
É alentador ouvir a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, anunciar que “gastos de custeio não podem ser satanizados”. Além de se mostrar mais conforme com a função de um titular do Planejamento – cujo papel no Brasil, nas últimas duas décadas, foi rebaixado a uma espécie de guarda-livro, restrito a controlar haveres e deveres – a declaração sinaliza a compreensão da ministra de que não basta fazer a obra. É preciso garantir que ela continue funcionando depois de pronta. Em outras palavras, não basta atender às empreiteiras, é indispensável garantir a prestação de serviços ao público.

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