De dezembro de 2023 a abril deste ano, o setor online de saúde e farmácia alcançou 137,3 milhões de visitantes únicos, um crescimento de 16% em cinco meses. Foi o único segmento do varejo online que se manteve em crescimento dentre as 18 categorias de comércio eletrônico nacional, de acordo com o Relatório Setores do E-commerce no Brasil, da Conversion.
Segundo dados da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), no ano passado, o varejo farmacêutico (físico e digital) registrou R$ 91,3 bilhões em vendas, uma alta de 13,5% em relação a 2022. Apenas nas vendas virtuais, a receita das maiores redes do país foi de R$ 9,34 bilhões no mesmo período, conforme a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).
Impactado principalmente pela alta demanda por produtos de beleza e estética – um mercado no qual o Brasil lidera na América Latina -, o setor projeta que a demanda continuará positiva no restante do ano. Essa previsão é impulsionada devido a chegada do inverno, ao pico de infecções, às campanhas de vacinação contra gripe e outras doenças sazonais, que cresceram por conta das condições climáticas extremas.
Hoje, metade das compras gerais pela internet são realizadas via smartphones, de acordo com um levantamento feito pela Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) no ano passado. E não seria diferente no setor de saúde. Ainda conforme o Relatório dos Setores, 82% de todos os visitantes do segmento de saúde e farmácia acessam produtos ou serviços via dispositivo móvel, enquanto apenas 18% utilizam desktops.
A categoria é o quarto segmento mais acessado por mobile, ficando atrás do setor infantil, joias e relógios e calçados . Além disso, é um dos setores que mais oferece descontos, principalmente frete grátis, que é um dos maiores incentivos para a finalização de uma compra. A entrega sem custo adicional, a pesquisa de diferentes preços na palma da mão e a possibilidade de não precisar sair de casa são os principais motivos que parecem fomentar esse consumo virtual.
A fusão RD Saúde lidera o primeiro e segundo lugar em acessos desde fevereiro de 2023. Separadamente, nos últimos cinco meses, a Drogaria Raia cresceu 14% e sua parceira, Drogasil, 26% em visitas mensais únicas.
O maior grupo varejista farmacêutico do Brasil detém hoje 31,6% do share of traffic consolidado, ou seja, domina mais de um quarto de todo o tráfego da categoria.
Em vendas físicas e digitais, foram mais de R$ 200 milhões em lucro no primeiro trimestre de 2024, um crescimento de 4,8% em comparação ao mesmo período do ano anterior, conforme a própria rede de drogarias.
Por sua vez, apesar de se manterem entre as cinco primeiras posições, as três marcas que completam o ranking sofreram uma “dança das cadeiras” desde dezembro.
O maior crescimento nos últimos cinco meses foi da plataforma Consulta Remédios, com 46% de avanço no tráfego. Sua concorrente, Drogaria São Paulo, que faz parte da rede DPSP – fusão com a Drogaria Pacheco – alcançou 12 milhões de acessos em abril, com um crescimento de 24% em relação a dezembro.
O mercado de suplementos esportivos também entrou no pódio. Isso porque a empresa Growth Suplementos conquistou uma alta de 20% em relação ao último mês de 2023, com 11 milhões de usuários únicos visitando seu site. Cabe enfatizar, nesse sentido, que ela não é a única marca de complemento nutricional entre os e-commerces da categoria. Em conjunto com a Max Titanium, as duas empresas somam 9,1% das visitas de todo o segmento de saúde e farmácia.
O mercado de beleza brasileiro é o quarto maior do mundo, contribuindo para a geração de empregos, o empreendedorismo, as exportações, a inovação e, até mesmo, para o turismo. Mas as mudanças previstas pela reforma tributária estão preocupando as lideranças empresariais do segmento de serviços de beleza, que já vislumbram um aumento significativo da carga tributária.
Reunião de empreendedores do setor liderada pelo Beleza Patronal, sindicato que representa os estabelecimentos de beleza do Estado de São Paulo – em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Nacional) e a Associação Brasileira de Salões de Beleza -, debateu os possíveis impactos da mudança tributária para essas empresas e, de forma mais abrangente, para o empreendedorismo feminino, cuja participação nesse mercado é relevante.
A nova legislação pode representar uma alta da tributação na ordem de até 160% para esses negócios. Os dados, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), consideram a alíquota geral prevista pelo Governo Federal de 26,5%. Em números, isso significa deixar de despender pouco mais de R$ 8,2 mil e passar a pagar cerca de R$ 20,2 mil, considerando uma empresa com receita mensal de R$ 95 mil, tributada pelo lucro presumido, que representa um incremento de cerca de 146%, de acordo com cálculos da Fecomércio-SP.
Outra simulação realizada pela federação, com base em dados reais de empresas do setor, tributada pelo lucro real, indicam que uma empresa com receita mensal de R$ 315 mil, que atualmente paga R$ 39,9 mil, pagará R$ 69,3 mil, que corresponde a um aumento de cerca de 73%. Nos cálculos foram considerados créditos com despesas essenciais do setor, como aluguel, conta de consumo e produtos de consumo.
Atualmente, o setor de serviços está sujeito ao pagamento dos seguintes tributos sobre o consumo: o ISS, de 5%, e o PIS e a Cofins, de 3,65%: alíquota total de 8,65% no lucro presumido e no regime cumulativo (o mais adotado pela maioria dos prestadores de serviços) ou de 9,25% – se o regime for não cumulativo (lucro real). No entanto, a reforma praticamente extinguirá a cumulatividade, e, com isso, todos (excluindo as exceções no texto) passarão a pagar a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) a uma alíquota somada estimada em 26,5%. Como os novos tributos são não cumulativos, é possível utilizar créditos dos valores pagos ao longo da cadeia, mas a preocupação é que o setor de serviços, de maneira geral, tem pouco a creditar.
No mercado de trabalho, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), os estabelecimentos enquadrados na atividade de cabeleireiros e de estética, além de outros serviços de cuidados com a beleza, registraram um estoque de 86,8 mil vínculos celetistas no País, em março deste ano. No Estado de São Paulo, eram quase 24,5 mil empregos com carteira assinada. Essa é uma pequena amostra da importância do setor para a geração de emprego e renda, considerando que há milhares de empreendedores individuais (cabeleireiros, esteticistas, maquiadores e outros especialistas) atuando no próprio negócio ou como parceiro em um salão de beleza, não sendo captado pelo Caged. Em 2022, por exemplo, 47% dos estabelecimentos não tinham empregados, enquanto 34% abrigavam entre um e quatro trabalhadores, segundo informações da Relação Anual de Informações Sociais (Rais).
Em termos financeiros, em 2021, de acordo com a PAS, os serviços prestados às famílias registraram uma receita operacional líquida de R$ 216,2 bilhões. Dentro desse escopo, os serviços pessoais – categoria em que o segmento da beleza está enquadrado – somaram, aproximadamente, R$ 17 bilhões. O valor corresponde a cerca de 7,9% do total. Em relação aos cabeleireiros especificamente, a PAS traz apenas um recorte das empresas com 20 ou mais pessoas ocupadas, que atingiram uma receita de R$ 1,28 bilhão em 2021.
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