Algumas vezes, ressaltamos aqui a importância que as escolas de samba têm para o Rio de Janeiro. Nelas, as relações intergeracionais são exacerbadas, com a capacidade de ouvirem uns aos outros chegando a ser surpreendente, nestes dias de pouca fluidez na comunicação, apesar da disponibilidade de meios hábeis.
Com a proximidade do Carnaval, a atenção das pessoas se volta para a “Avenida dos desfiles Darcy Ribeiro”, nome oficial da Passarela do Samba Marquês de Sapucaí, ou simplesmente Sambódromo (filho feio não tem pai; já filho bonito…) bem como para as quadras das escolas.
Em 2023, apesar da minha “mangueirisse”, minha aposta é na Viradouro, pela delicadeza, sem falsos moralismos, com que tratou o seu enredo, com ênfase na liberdade, sobretudo a de culto religioso, Rosa Maria Egipcíaca, que, já na infância, viveu como meretriz, em Minas Gerais e, quando completou 30 anos foi acometida por visões divinas que a levaram a abandonar o meretrício.
Como a Viradouro sempre faz, a participação no concurso para a escolha de samba é aberta a todos e todas as compositoras, mesmo sem vínculo com a ala. O samba-enredo escolhido é da autoria da seguinte comissão: Claudio Mattos, Dan Passos, Marco Moreno, Victor Rangel, Lucas Neves Deco e Thiago Meiners.
Segue a letra para poder acompanhar no dia do desfile.
“Rosa Maria, menina flor/Rainha do espelho mar/Na pele do tambor
Pranto das dores que resistiu/Deságua no imenso/Brasil sua luz incorporou/
Distante me encontro das origens/Caminho onde o corpo foi prisão/Ouro que deixou as cicatrizes/Esperança foi vertigem/Minha alma a libertação
É vento na saia da preta courá/Na ginga do Acotundá é ventania/Sete vozes guiaram minhas visões/Mistério, alucinações, feitiçaria
Me entrego a escrever a predição/Lágrima nas contas do rosário/Dádiva ao clamor do coração/Palavras de um preto relicário/A voz que cobre o cruzeiro/Reluz sobre nós no fim do calvário/Navega esperança à luz do encantado/Reflete o azul/Senti a alma daqueles, os mais oprimidos/Venci a heresia na fé dos divinos
A mais bela rosa aos pés do senhor/Candombes e batuques em cortejo/Eu sou a santa que o povo aclamou/Eis a flor do seu altar, sua fé em cada gesto/O amor em cada olhar dos filhos meus/No cantar da Viradouro, o meu samba é manifesto/Sou Rosa Maria, imagem de Deus/Eis a flor do seu altar, sua fé em cada gesto/O amor em cada olhar dos filhos meus/No cantar da Viradouro, o meu samba é manifesto/Imagem de Deus sou eu.
Martin Luther King Jr.
Martin Luther King Jr. (Atlanta, Estado da Geórgia-15 de janeiro de 1929, ano conhecido pelo início da Grande Depressão e da quebra da Bolsa de Valores de Nova York; MLK Jr. morreu assassinado em Menphis, Colorado).
Ativista político pelos direitos civis dos negros norte-americanos, viveu e morreu por esta causa, realizando marchas e passeatas, ditando discursos famosos, como o “I have a dream”. Formou-se em Sociologia, doutorou-se em Teologia, conquistou um Prêmio Nobel da Paz, aos 35 anos, e atuou sempre através de atos pacíficos, inclusive cooperando com Rose Parks no boicote aos ônibus de Montgomery/Alabama. Desde 1986, a 3ª segunda-feira de janeiro é considerada Dia de Martin Luther King Jr.
Neste ano, a comemoração veio temperada com uma polêmica, não fosse o Dia de MLK Jr. Tudo por causa de uma obra esculpida por cinco anos pelo artista Hank Willis Thomas, ao custo de US$ 10 milhões. Baseado em uma fotografia do abraço entre Coretta King e MLK Jr., foi interpretada por alguns críticos como se ele tivesse depositado o seu peso sobre os ombros dela, em uma metáfora depreciativa, de que teria cabido a ela carregar o peso do seu legado de lutas.
O monumento está depositado no 1965, Freedom Plaza, em Boston Common, onde MLK Jr. em pessoa fez um discurso histórico em 23 de abril de 1965, reunindo 22 mil seguidores.















