Economia crescerá mais, porém com os mesmos velhos problemas

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pobreza e desigualdade
Pobreza e desigualdade (foto de Francois Walschaerts/CE)

A injeção de US$ 1,9 trilhão pelo Governo dos Estados Unidos levou a novas projeções para a economia global, com um crescimento este ano mais forte do que o esperado. A produção mundial deve crescer 4,7% em 2021, segundo o mais recente relatório da Unctad, agência das Nações Unidas para comércio e desenvolvimento. Em setembro, a expectativa era de um avanço de 4,3%.

Mesmo que a nova projeção se confirme, a economia global ainda ficará mais de US$ 10 trilhões abaixo de onde poderia estar no final de 2021 se tivesse permanecido na tendência anterior à pandemia.

“Um retorno equivocado à austeridade após uma recessão profunda e destrutiva é o principal risco para nossa perspectiva global”, diz o relatório “Fora da frigideira… No fogo?”, publicado nesta quinta-feira como uma atualização do Trade and Development Report 2020 da Unctad.

O relatório afirma que dogmas econômicos desatualizados, cooperação multilateral fraca e uma relutância generalizada em lidar com os problemas de desigualdade, endividamento e investimento insuficiente pioram a saída da crise.

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“Isso sugere que, sem uma mudança de curso, o novo normal para muitos será uma recuperação desequilibrada, vulnerabilidade a novos choques e insegurança econômica persistente”, destaca a Unctad.

O impacto das ações dos governos tem sido desigual, com recuperações em forma de “K” surgindo dentro e entre os países. Os países em desenvolvimento experimentaram algumas das maiores quedas de renda per capita em relação ao PIB. O Banco Mundial estima que 250 milhões de pessoas cairão na pobreza (ganhos de menos de US$ 3,20 por dia) como resultado da pandemia.

O relatório vê sinais de que as estratégias de crescimento emergentes após a Covid-19 em todo o mundo estão voltando ao “velho normal”, com ênfase “indevida” nas exportações em partes do Leste Asiático e na Europa Ocidental, política monetária frouxa e consumo alimentado por ativos nos EUA e dependência de influxos de capital privado e exportações de commodities na África e na América Latina.

O relatório critica ainda a recusa dos países desenvolvidos em apoiar uma renúncia aos direitos de propriedade intelectual (Trips) na Organização Mundial do Comércio para ajudar a aumentar a disponibilidade da vacina, o que “sinalizou uma prioridade dos lucros sobre as pessoas na luta contra a pandemia.”

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